Ciências Sociais e Humanas

Antropologia

 

História da Antropologia

 

Autor: Alzira Simões (Professora Universitária)

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Data de criação: 06/09/2009

Resumo: O que significa o vocábulo antropologia; apresentação da história da antropologia...  ver artigo completo

Palavras chave:  antropologia, história

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Antropologia, História da

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HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA

POR: Alzira Simões

 

O CEPTICISMO

A tradição céptica ressurgiu em força na segunda metade do século XVII através das críticas feitas aos racionalistas por Robert Boyle e Newton. Esta corrente não acreditava em nada como sendo absolutamente verdade e não aceitava a existência de algo que não pudesse passar pela prova da experiência.

A filosofia social monista remonta, pelo menos, a Montaigne (Michel Eyquem de)[1] cuja ironia e paradoxo dos seus Ensaios motivaram Voltaire.

O interesse em abordar Voltaire na História da Antropologia não será tanto devido à sua atitude céptica, mas mais devido à sua perspectiva evolucionista acerca da história da cultura. Este último movimento de ideias está ligado àquele na medida em que, pressupondo que a verdade não se dá aos indivíduos, ela será considerada como resultante de um processo histórico. (A verdade alcançar-se-á por tentativas e erros consecutivos). Ele resulta do desembaraçamento da carga mítica que envolvia a história e da sua aventura humana; Desenvolve-se verdadeiramente a partir do início do século XVIII e por toda a Europa.

Voltaire protagoniza, bastante bem, esta corrente  de ideias. Em "Cartas chinesas, indianas e tártaras a Madame de Pauwn por um beneditino" ele esboça uma hierarquia de culturas na qual coloca os chineses ao mesmo nível que as sociedades civilizadas da Europa e, no "Ensaio sobre os costumes" (1756), o qual se aproxima de um tratado de civilizações comparadas, ele expõe as culturas de acordo com uma hierarquia (que iria do inferior para o superior, do simples para o complexo, ou do "natural" para o "civilizado").

Além de Voltaire muitos outros espíritos iluminados se converteram a esta tendência "evolucionista" avant la lettre, como por exemplo Condorcet, cuja obra tem um título significativo  Quadro histórico dos progressos do espírito humano, ou Vico ou ainda Herder. Estes últimos escreveram sobre a filosofia da história, a qual, nesta altura era conceptualizada como uma caminhada ascendente, um progresso constante.

Montesquieu (1689-1755) foi também um céptico e ao mesmo tempo um "evolucionista" (entre aspas).

Enquanto céptico, Montesquieu viu o sistema das leis como um conjunto de convenções em evolução, e relacionado com tudo o que o envolve (isto é, relativo no tempo e no espaço); segundo o mesmo autor, as leis:

"devem ter relação com o clima de cada país, com a qualidade do seu solo, com a sua situação, sua extensão, com a principal ocupação do seu povo, lavradores, caçadores ou pastores; devem relacionar-se também ao grau de liberdade que a sua constituição pode tolerar; à religião dos seus habitantes, a suas inclinações, a suas riquezas, a seus costumes, a seu comércio, a suas maneiras. Enfim elas, relacionam-se umas com as outras (...) E é isto o que eu procurarei fazer nesta obra. Examinarei todas essas relações; elas formam um conjunto a que chamo Espírito das Leis", in: (Livro I, Cap. 3) Murray Leaf, op. cit. p. 45.

Vários factores condicionam as leis e em proporções diferentes, de tal modo que, cada sistema legislativo é específico, é uno. Por outro lado, este, entre outras instituições, como os usos e costumes, governam os homens, modelam-lhes o "espírito". Montesquieu, à semelhança dos seus contemporâneos, empreendeu uma crítica à sua sociedade. Filiou-se igualmente na visão "evolucionista" da história. Este facto levou-o a, nas Cartas Persas e no Espírito das Leis, introduzir a divisão entre povos selvagens, bárbaros e civilizados. Divisão esta que se tornará a base das sequências evolutivas do século XIX. No primeiro estádio de civilização os indivíduos, segundo este autor, regular-se-iam apenas pelas leis da natureza, obedeciam apenas às suas necessidades. O Espírito  das Leis encontra muitos paralelos nos escritos dos moralistas escoceses repres-cutados, fundamentalmente, por David Hume (1711-1776), Adam Smith (1723-1790) e Adam Ferguson (1723 - 1816).

 


[1]  Escritor françês - (1533 - 1592).

 

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Excerto do artigo científico: História da Antropologia