Ciências Sociais e Humanas

Antropologia

 

História da Antropologia

 

Autor: Alzira Simões (Professora Universitária)

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Data de criação: 06/09/2009

Resumo: O que significa o vocábulo antropologia; apresentação da história da antropologia...  ver artigo completo

Palavras chave:  antropologia, história

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Antropologia, História da

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HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA

POR: Alzira Simões

  

No processo dos Descobrimentos europeus, o ocidental vai tomando consciência da variabilidade do Homem no tempo e no espaço, vai aceitando o "Outro" como semelhante e diferente de si. Este facto estimulou a recolha, por embaixadores, comerciantes, missionários, etc, de docu-mentação etnográfica cada vez mais rica e abundante até ao final do século XVIII. Apesar de tudo, a herança etnográfica do período Renascentista é heterogénea: "ela mistura documentos recolhidos em boas condições e outros recheados de preconceitos e ideias religiosas"[2], os quais se podem englobar em 3 grandes temas:

- "o tema teratológico (referente à Teratologia, monstruoso) (...) põe em cena o bestiário humano";

- "o tema do Bom Selvagem, nascido em Itália e em França no princípio do século XVI, começa a sua longa carreira até chegar a ser exaltado por Rousseau; Muitos missionários, especialmente os  Jesuítas,  estão  ligados a este tema. Os Jesuítas são de uma grande importância neste período na medida em que empreenderam um trabalho relevante na defesa dos direitos dos povos não europeus e de recolha dos seus usos e costumes.

- Ligado ao precedente estão os temas mitológicos da Fonte da Juventude, do Eldorado e da Idade do Ouro "(...) os quais (...) desenhavam sob cores idealizadas um estado de natureza"[3].

A par do processo dos Descobrimentos deu-se uma revolução cosmogónica: "Copérnico substituiu o centro do universo e remeteu a Terra para o seu verdadeiro lugar"[4]. Instalou-se, assim, a dúvida sobre o pensamento autorizado da altura - a escolástica - e abriu-se caminho ao pensamento lógico e ao recurso da experiência como forma de obter conhecimento.

A "bancarrota intelectual da Igreja"[5] originou entre o final do século XVI e o princípio do séc. XVII, um debate filosófico do qual sairam os fundamentos filosóficos das ciências que hoje se encontram formadas. Este processo será iniciado  por Descartes (1596 - 1650), que ao contrário do que se possa imaginar, tentou reabilitar a tradição dualista com o objectivo de tentar salvar as bases da teologia da Igreja[6]

O sistema cartesiano é baseado em pressupostos dualistas. A sua filosofia baseia-se numa série de dicotomias: a verdade versus falsidade, "a alma imaterial e Deus  perfeito versus corpo físico e mundo material", etc.

Descartes, era racionalista, na medida em que pressupunha que pensar sobre as coisas era condição necessária e suficiente para constatar a sua existência. Então, "se a existência de entidades mentais pode ser inferida do facto isolado de se pensar e (...) se os objectos materiais são radicalmente diferentes dos factos do pensamento, então, por definição não existiria nenhuma garantia necessária da existência de objectos materiais dentro do sistema cartesiano"[7].

Dentro dos autores que seguiram os pressupostos cartesianos operou-se uma divisão: entre aqueles que tentaram derivar a matéria do pensamento (Idealismo) ou o pensamento da matéria (Empirismo). Portanto, como se pode constatar:

Dualismo ou Racionalismo

Idealismo

Empirismo

[Só pressupondo a separação entre os dois mundos, espiritual e material, é que se pode pensar em fazer derivar um do outro. Se se pensar estes dois mundos como um só, ou pelo menos, como diferentes mas não opostos, buscaremos a sua origem comum].


 

[2] Jean Poirier - Ethnologie Générale. p. 14.

[3] Jean Poirier – idem, p. 15.

[4] Idem, p. 12.

[5] Murray Leaf - p. 26.

[6] Tradição Dualista é uma corrente de ideias que preconiza a separação, a oposição entre o mundo material e o mundo espiritual, entre as percepções e as ideias.

[7] Murray Leaf - Uma História da Antropologia . p. 30.

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Excerto do artigo científico: História da Antropologia