Apresentação do Pentateuco
O Pentateuco (do grego que
significa 'cinco livros') é o conjunto dos cinco primeiros livros
que fazem parte do Antigo Testamento da
Bíblia Cristã: Génesis
(conta
a origem do mundo e do povo hebreu); Êxodo
(conta a história da saída do povo hebreu do Egipto);
Levítico (apresenta a organização do culto entre os hebreus);
Números (conta a história dos hebreus
desde a legislação do Sinai até à entrada na Transjordânia);
Deuteronómio
(apresenta uma repetição da
Lei com exortações à fidelidade). Os judeus, designam o Pentateuco por
Tora, que significa Lei. É, portanto, um conjunto de livros muito
especial quer para os Judeus, quer para os Cristãos, na medida em que
narram as origens do Povo de Deus e a sua relação singular com Deus. O
Pentateuco apresenta a ideia de um Deus único que é responsável pela
criação na sua totalidade e que os Israelitas foram escolhidos para ter
uma relação especial com Ele. Um dos elementos centrais desta relação
que se encontra descrita no Pentateuco é a Aliança do Sinai, na Moisés é
o mediador entre Deus e os Israelitas.
Os biblistas falam de quatro fontes
primárias para as histórias e tradições contidas no Pentateuco. Cada uma
destas fontes representa uma escola diferente de pensamento acerca da
relação de Israel com Deus:
. Tradição Javista: refere-se a Deus como
Javé (JHWH). Este autor focou toda a sua narrativa no reino do Sul de
Israel - O Reino de Judá. Serviu-se de muitas histórias, sublinhou a
proximidade de Deus com a humanidade e apresentou Deus como se fosse um
ser humano.
. Tradição Eloísta: refere-se a Deus como
Eloim ou Senhor. Este autor tratou do Reino do Norte - o Reino de Israel
- e revela preocupação com a idolatria e a moralidade. Os seus escritos
apresentam Deus a falar através de símbolos, como por exemplo, a sarça
ardente.
. Tradição Deuteronomista: realça o
estatuto da Lei como base do reino de Judá. Este escrito terá surgido
por volta do fim da monarquia (a era dos reis de Israel), numa altura em
que a Lei da Aliança parecia ter caído no esquecimento.
. Tradição Sacerdotal: enfatizou os
rituais religiosos e o papel do sacerdócio. Este autor apresentou Deus
como um ser mais afastado e utilizou um estilo mais formal. Terá sido
escrita depois do exílio da Babilónia.
Tendo em conta estas diferentes fontes, é
provável que os livros do Pentateuco não terão sido escritos de uma só
vez nem por uma única pessoa. Por outro lado, conclui-se que não são
meros registos de acontecimentos tais como realmente aconteceram, mas
que se trata de narrativas de fé contadas a partir de perspectivas
diferentes. Uma tradição muito antiga chegou a considerar Moisés como
único autor do Pentateuco - esta ideia deveu-se à importância que Moisés
teve em toda essa obra. Contudo, com o passar do tempo e através do
diversos estudos realizados, foi-se tornando evidente que a maior parte
do Pentateuco foi escrita centenas de anos após a sua morte.
Existem dois tipos de escritos no
Pentateuco: histórias e leis. O Génesis é constituído por histórias; o
Levítico e o Deuterónimo são constituídos essencialmente por leis; o
Êxodo e os Números contém quer histórias, quer leis. As histórias aí
contidas, na sua grande maioria nasceram no seio do povo e,
inicialmente, eram histórias de famílias, de clãs e de tribos que
procuravam transmitir oralmente, de geração em geração, ensinamentos e
factos. Mais tarde essas histórias foram reunidas, modificadas e
interpretadas para que todo o povo de Israel pude-se rever-se nelas e
para que elas expressassem a fé em Deus. As leis, por seu lado,
pertencem a várias épocas e são directrizes para o povo nas diversas
épocas da sua História.
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