Apresentação do Antigo Testamento
O Antigo Testamento é uma das grandes
secções da Bíblia Cristã (a outra secção
corresponde ao Novo Testamento) e apresenta a história da revelação de
Deus ao povo de Israel, narrada, interpretada e explicada por numerosos
autores que segundo a tradição judaica e cristã terão sido inspirados
directamente por Deus.
A formação do Antigo Testamento foi
extremamente e complicada. De facto, a revelação de Deus foi transmitida
aos homens ao longo de vários séculos através da tradição oral. A sua
passagem à forma escrita apenas começou a ganhar corpo a partir do rei
David. Antes de David já existiam alguns documentos escritos tais como o
código da aliança, o Decálogo ou o Poema de Débora, mas que, mais do que
livros, eram elementos da tradição oral.
A primeira pela literária do Antigo
Testamento data do séc. X a.C. e é uma pequena história do rei David. É
também deste período que se escreve uma das partes em que se divide o
Pentateuco, se inicia literatura sapiencial e se desenvolve o Saltério.
Após a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel (ou Reino do Norte)
e Judá (ou Reino do Sul); a história de ambos é escrita no Livro dos
Reis. Em Israel surgem os profetas Elias e Eliseu, defensores do culto a
Javé, e mais tarde, no tempo de Jerobão II, os profetas
Amós e Oseias e a
tradição Eloísta. Em Judá, pouco depois de Amós e Oseias, surgem os
profetas Isaías e
Miqueias. Em 721 a.C. o Reino do Norte é invadido pela Síria e
muitos religiosos fogem para sul e levando consigo as suas tradições e
livros sagrados, originando a fusão entre as duas tradições do
Pentateuco: a Javista e a Eloísta. Mais tarde, no tempo de Josias
(640-609 a.C.), é restaurado o Templo e procede-se à reforma religiosa.
É nesta altura que são publicados os livros dos Juízes, Samuel e Reis.
Em 587 a.C., Nabucodonosor conquista Jerusalém e leva os seus habitantes
para a Babilónia como reféns. É neste período que alguns religiosos,
longe do seu Templo, voltam às tradições antigas e dão ao Deuteronómio e
ao Pentateuco a sua forma definitiva. É também neste período que os
judeus que ficaram na Palestina vinham chorar sobre as ruínas do Templo
e assim nascem as lamentações. É já depois do regresso da Babilónia, no
séc. V a.C., que se conclui o Livro de Isaías e aparece Rute e os
profetas Ageu e Zacarias
e que se editam o Livro dos Provérbios e pouco depois o Livro de Job. Já
no séc. IV a.C. completa-se o Saltério, nasce o Cântico dos Cânticos,
escreve-se o Livro de Jonas e os quatro livros atribuídos ao autor
chamado Cronista (os livros 1 e 2 dos Paralipómenos ou Livro das
Crónicas, Livro de Esdras e Livro de Neemias). Em 333 a.C. dá-se a
conquista da Palestina pelos gregos, liderados por Alexandre Magno, e
inicia-se o período helénico, surgindo com ele um novo estilo literário:
o midrás bíblico. É neste período que são escritos o Eclesiastes e o
Eclesiástico. Em 175 a.C. Antíoco IV obriga à adopção dos costumes e
religião dos gregos, o que provoca a revolta dos Macabeus. É neste
cenário que Daniel publica o seu livro e mais tarde, por volta do ano
100 a.C. surgem o livro de Ester, os dois livros dos Macabeus e o livro
de Judite. Simultaneamente, alguns judeus de Alexandria procuram
assimilar o pensamento grego sem sacrificar os seus próprios valores,
nascendo assim o livro da Sabedoria,
a última obra do Antigo Testamento.
Livros que compõem o Antigo
Testamento
Os Livros quer do Antigo, quer do Novo
Testamento estão divididos em três categorias, de acordo com o género
literário que neles predomina: históricos, didácticos e proféticos. No
caso do Antigo Testamento, os livros que pertencem a cada uma das três
categorias são os seguintes:
Livros Históricos:
- Pentateuco (ou colecção dos cinco livros
de Moisés), que inclui o Génesis (conta a
origem do mundo e do homem e a história dos primeiros patriarcas), o
Êxodo (conta a história da saída dos hebreus do Egipto), o Levítico (que
procura organizar o culto entre os hebreus), os Números (que conta a
história dos hebreus desde a passagem pelo Sinai até à entrada na
Transjordânia), e o Deuteronómio (uma repetição da Lei que exorta à
fidelidade a Deus).
- Josué, que narra a entrada na Terra
Prometida, e inclui a história da sua conquista e a sua posterior
distribuição do território pelas 12 tribos.
- Juízes, que conta a história do povo
hebreu desde a morte de Josué até Samuel, e apresenta-se claramente com
uma finalidade mais religiosa do que histórica procurando sempre mostrar
a justiça incorruptível de Deus.
- Rute, uma espécie de apêndice do livros
dos Juízes e que conta uma pequena história de uma moabita que entra no
povo hebreu e se torna bisavó de David.
- Reis, conjunto de quatro livros também
designados por livro 1 e 2 de Samuel e livro 1 e 2 dos Reis, que contam
a história do governo de Israel pelos reis da casa de David.
- Paralipómenos (ou Crónicas), dois livros
que completam os livros dos Reis e contam a história de Israel centrada
em torno do Templo.
- Esdras e Neemias, dois livros que narram
os acontecimentos que levaram à restauração de Israel após o cativeiro
na Babilónia.
- Tobias, que conta uma bela história de
uma família israelita que procura mostrar os frutos da caridade e da
esperança em Deus.
- Judite, que narra a história de Judite,
a libertadora de Betúlia, cidade sitiada pelos assírios, e que procura
mostrar o valor da penitência e da oração.
- Ester, que narra a forma como Ester,
assistida por Deus, salva os judeus de um grande massacre ordenado por
Hanan, o favorito do rei Assuero.
- Macabeus, que conta a história da
revolta dos Macabeus contra as ordens de Antíoco IV que pretendiam
importor os costumes e religião grega.
Livros Didácticos
- Job, livro escrito em forma de poema,
que conta a história de Job, um homem paciente e justo que, segundo se
crê, terá vivido no tempo dos patriarcas embora não fosse da linhagem de
Abraão.
- Salmos,
livro que consiste numa colecção de hinos sagrados e que terão sido
escritos, pelo menos em grande parte, por David.
- Provérbios, Eclisiastes e Cântico dos
Cânticos, três livros atribuídos a Salomão, embora não lhe pertença a
forma actual.
- Sabedoria,
também atribuído a Salomão mas que na verdade terá sido escrito por um
judeu de Alexandria que convida para a sabedoria e para a defesa da
religião judaica.
- Eclesiástico, livro escrito por Jesus,
filho de Sirac, e que nele faz um resumo das suas leituras e da suas
experiências de vida.
Livros Proféticos
- Isaias,
Jeremias, Baruc, Ezequiel e Daniel, chamados
“profetas maiores” pela grande extensão das suas obras.
- Oseias, Joel,
Amós, Abdias, Jonas,
Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias,
Ageu, Zacarias e
Malaquias, chamados “profetas menores” pela menor dimensão das suas
obras.
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