Conceito de Histoquímica e Citoquímica
São
termos comummente utilizados na Histologia
e são geralmente usados para indicar os métodos para a localização de
diferentes compostos nos cortes de tecidos. Estes métodos têm por base
reações químicas específicas, ou a interação macromolecular de alta
afinidade. Em ambos, o resultado final é, usualmente, a produção de
substâncias insolúveis, coradas, ou eletricamente densas, que permitem a
localização de compostos específicos nos cortes de tecidos através do
microscópio ótico ou eletrónico. Estes métodos têm uma elevada
especificidade, conseguindo até detetar compostos de tamanho reduzido
como iões de ferro e
fosfato.
De seguida apresentam-se alguns protocolos de deteção de diferentes
compostos em cortes de tecidos:
Ácidos nucleicos
O
ácido
desoxirribonucleico
(ADN)
é estudado principalmente pela reação de Feulgen. Este método baseia-se
na hidrólise do
ADN pelo ácido
clorídrico, que promove a retirada das bases púricas e a formação de
grupos aldeídos na desoxirribose. Este
ADN apresenta radicais livres que, quando em
presença do reagente de Schiff (fucsina básica descorada pelo dióxido de
enxofre), forma um composto insolúvel e vermelho. A reação de Feulgen
apresenta proporcionalidade entre a intensidade da cor produzida e o
teor de
ADN,
permitindo doseá-lo nos núcleos celulares. O
ácido ribonucleico (ARN)
apresenta uma acentuada afinidade pelos corantes básicos (basófilia), o
que faz com que se core fortemente com azul-de-toluidina ou
azul-de-metileno. Sabendo que o ARN
não é a única substância basófila dos tecidos, torna-se necessário
realizar, antes da sua coloração, uma lâmina de controlo com
ribonuclease para digerir o ARN
presente e, assim, despistar as outras substâncias basófilas.
Enzimas
Existe um
grande
número de protocolos histoquímicos descritos para a localização de
diversas enzimas. A maioria destes protocolos baseia-se na produção de
um precipitado fortemente corado ou eletricamente denso no local da
atividade enzimática. De seguida apresentam-se alguns exemplos para
identificação de certas enzimas:
-
Desidrogenases, a sua
demonstração
histoquímica é feita em cortes de tecido não fixado, em solução contendo
o substrato adequado e tetrazol, composto que recebe protões (H+)
e fracamente corado. Pela ação da enzima, o substrato cede o hidrogénio
que é transferido para o tetrazol, reduzindo-o a um composto
fortemente corado e insolúvel, formazana, que se precipita no
local da atividade enzimática.
-
Fosfatase ácida, para a
sua
deteção usa-se o método Gomori, que consiste na incubação de
cortes de tecidos fixados em formal numa solução contendo glicerofosfato
de sódio e nitrato de chumbo em tampão a pH 5. Pela ação da enzima
ocorre a hidrólise do glicerofosfato, com libertação de iões fosfato,
que reagem com o nitrato de chumbo, formando o fosfato de chumbo
insolúvel, que se precipita no local onde há atividade enzimática. De
seguida, processa-se à imersão dos cortes numa solução de sulfeto de
amónio, que transforma o precipitado incolor de fosfato de chumbo num
precipitado negro de sulfeto de chumbo.
-
Peroxidases, a sua
deteção pode ser efetuada incubando cortes de tecidos,
adequadamente fixados, em 3-3’diaminobenzidina (DAB) na presença
de peróxido de hidrogénio (comummente designado de água oxigenada).
Assim, a DAB é oxidada, produzindo um composto insolúvel e
corado. É possível, desta forma, localizar as estruturas que apresentam
atividade das peroxidases, tanto no microscópio ótico como no
microscópio eletrónico. Como se trata de uma enzima extremamente ativa,
produzem-se quantidades de precipitado insolúvel num curto espaço de
tempo, permitindo que este método seja de elevada sensibilidade.
Lípidos
São,
geralmente,
localizados por substâncias corantes que conseguem ser mais solúveis nos
lípidos do que no líquido em que essas substâncias estão dissolvidas. Os
tecidos contendo os lípidos são imersos em soluções alcoólicas saturadas
de corantes muito lipossolúveis e pouco solúveis em álcool. Assim, o
corante transfere-se do álcool para os lípidos do tecido, tornando-o
colorido. As substâncias corantes mais utilizadas para esta finalidade
são o Sudan IV e o Sudan negro que permitem a coloração
dos lípidos em vermelho e preto, respetivamente.
Polissacarídeos
Estes
compostos podem apresentar-se livres ou ligados a proteínas e lípidos. O
único polissacarídeo não ligado a uma proteína e presente no organismo
dos mamíferos é o glicogénio. A sua deteção pode ser realizada
pela reação do ácido periódico-Schiff, conhecida pela sua abreviação
PAS (Periodic Acid-Schiff). Como existem, nos tecidos, outras
moléculas, para além do glicogénio, que se coram pelo PAS, é
necessário uma lâmina de controlo tratada com a amílase, promovendo,
desta forma, a degradação do glicogénio. As estruturas que contêm
glicogénio aparecem coradas pelo PAS apenas nas lâminas não
submetidas à amílase. As glicoproteínas são proteínas que contêm
hidratos de carbono que formam cadeias ramificadas. Algumas
glicoproteínas não contêm grupos ácidos (glicoproteínas neutras),
outros têm grupos carboxílicos ou apresentam sulfatos na sua
constituição (glicoproteínas ácidas). As glicoproteínas
neutras podem ser identificadas nos tecidos porque se coram pelo
PAS, mesmo após sofrerem a digestão pela amílase. A parte glicídica
dos proteoglicanos e das glicoproteínas ácidas reage
intensamente com o corante azul-de-alcian.
Outros conteúdos
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- Histologia
- Imunocitoquímica
- Enzima
- Ácido Nucleico
- Lípido
- Polissacarídeo
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