Conceito de Histologia
Define-se como uma parte da anatomia que trata do estudo
dos tecidos orgânicos. A palavra Histologia deriva das palavras gregas
histós e lógos que significam “tecido” e “estudo”,
respetivamente. A Histologia estuda as células e o material extracelular
que constituem os tecidos do corpo. Inicialmente a Histologia estava
cerceada pela reduzida capacidade do microscópio ótico para revelar
pormenores dos tecidos. O microscópio eletrónico permitiu ampliar
consideravelmente o campo de estudo da Histologia, devido a ser,
aproximadamente, 1000 vezes mais poderoso do que o microscópio ótico.
Além disso, muitos outros instrumentos e técnicas de estudo contribuíram
para ampliar ainda mais o campo da Histologia, como a cultura de
células, as técnicas de radioautografia e de
imuno-histoquímica, que possibilitam a localização precisa, nos
tecidos, de macromoléculas específicas de proteínas, ácidos nucleicos,
glicosaminoglicanos e de sítios de atividade enzimática. Além disso, os
progressos obtidos pela bioquímica, fisiologia,
imunologia e patologia possibilitaram o entrelaçamento destes
campos com a histologia que, atualmente é estudada no contexto da
histofisiologia, histoquímica, imuno-histoquímica e histopatologia.
Um dos elementos imprescindíveis para a Histologia
denomina-se de preparado histológico permanente, ou simplesmente,
lâmina histológica. Neste, os tecidos são previamente cortados no
micrótomo e examinados por transparência no microscópio. Para que se
tenha uma lâmina histológica com um tecido perfeitamente
preservado, apresenta-se, de seguida, as etapas necessárias à sua
construção:
1)
Fixação:
tratamento que evita a destruição das células pelas suas próprias
enzimas (autólise) ou por bactérias. A principal função dos fixadores é
insolubilizar as proteínas dos tecidos. Um dos melhores fixadores para
trabalhos de rotina com o microscópio ótico é o formaldeído a 4% em
solução tamponada.
2)
Desidratação:
a água é extraída dos tecidos pela passagem dos mesmos em banhos
concentrados crescentes de etanol, geralmente de 70%, até etanol puro
(100%).
3)
Clareamento ou diafanização:
os tecidos são embebidos em xilol ou benzol com o objetivo de efetuar,
posteriormente, a inclusão em parafina. Os tecidos embebidos nessas
substâncias tornam-se translúcidos.
4)
Impregnação:
os tecidos são mergulhados em resina plástica à temperatura ambiente ou
em parafina fundida numa estufa geralmente a 60ºC. Devido ao calor, o
xilol ou benzol, evaporam, e os espaços anteriormente ocupados por eles
são ocupados pela parafina. Este processo torna mais fácil a obtenção
dos cortes no micrótomo.
5)
Inclusão:
o tecido é colocado num recipiente de forma retangular contendo um pouco
de parafina fundida e deixa-se solidificar à temperatura ambiente,
formando-se um bloco de parafina com o tecido no seu interior. Além da
inclusão em parafina, de uso generalizado, mais recentemente tem-se
utilizado a inclusão em resinas sintéticas para possibilitar a confeção
de cortes mais finos (1 a 2µm)
6)
Corte no micrótomo:
os blocos de parafina, contendo os tecidos incluídos, vão ao micrótomo
(geralmente com navalha de aço), obtendo-se cortes de 6 a 8 µm de
espessura. Para microscopia eletrónica são necessários cortes mais finos
(cerca de 0.02 a 0.1µm), em que os tecidos são embebidos em resinas mais
duras, e para cortá-los usam-se navalhas de vidro ou diamante.
A imersão dos tecidos em etanol, xilol ou benzol dissolve
os lípidos neles presentes. Quando se pretende estudar os lípidos
leva-se o tecido ao micrótomo de congelação, no qual é endurecido
através da congelação, permitindo assim o seu corte.
Como a maioria dos tecidos é incolor, foram introduzidos
métodos para a sua coloração, de modo a tornar os seus
componentes visíveis e diferenciados uns dos outros. Assim, após as 6
etapas referenciadas anteriormente (Fixação, Desidratação,
Clareamento ou diafanização, Impregnação, Inclusão
e Corte no micrótomo), geralmente, procede-se à coloração do
tecido. Desta forma, enumeram-se, de seguida, algumas das técnicas de
coloração mais utilizadas em Histologia:
- HE: coloração dupla pela hematoxilina e eosina;
- Tricrómico de Masson: coloração com hematoxilina
férrica, fucsina ácida e ponceau de xilidina verde-luz;
- Fucsina-resorcina de Weigert: coloração com fucsina
resorcina.
A partir da Histoquímica e da Citoquímica
obtêm-se outros tipos de colorações. Estes têm por base reações químicas
específicas, ou a interação macromolecular de alta afinidade. Nos dois
casos, o resultado final é, usualmente, a produção de compostos
insolúveis, corados, ou electro densos, que possibilitam a localização
de substâncias específicas nos cortes de tecidos através do uso do
microscópio ótico ou eletrónico. Por estes métodos consegue-se
diferenciar lípidos, ácidos nucleicos, polissacarídeos,
enzimas, etc. Outra técnica utilizada é a Imunocitoquímica
que utiliza a possibilidade de acoplar substâncias marcadoras a
anticorpos sem que estes percam a capacidade de se combinar com o
antigénio. Com esta técnica pode-se identificar diversas proteínas
específicas.
Por último e após a coloração, procede-se à montagem da
lâmina e à sua leitura no microscópio apropriado.
Evolução da Histologia ao longo da História
Embora não tivesse sido totalmente desconhecida na
Antiguidade, só adquire importância como ciência anatómica no século
XVIII, nas mãos de investigadores como Antoine Leeuwenhoek (1632 -
1723), Jan Swammerdam (1637 - 1680) e sobretudo Marie François Bichat
(1771 - 1802), a quem muitos consideram o verdadeiro fundador da
histologia moderna. Posteriormente, Theodor Schwann (1810 - 1882) e
Matthias Schleiden (1804 - 1881) expuseram a “teoria celular” e
demonstraram que as células vegetais e animais procedem exclusivamente
de outras células do respetivo reino. Em histologia patológica (anatomia
patológica) destacam-se os nomes de Rudolf Virchow (1821 - 1902) e
Eduard Rindfleisch (1836 - 1908). Na última parte do século XIX Santiago
Ramón e Cajal (1852 - 1934) formula as leis que regem a morfologia e
conexões das células nervosas no cérebro. O aparecimento, nos nossos
dias, do microscópio eletrónico, contribuiu decisivamente para um grande
avanço da Histologia.
Outras personalidades que contribuíram para o
desenvolvimento da Histologia:
- Dominique Lereboullet (1804 - 1865)
- Camillo Golgi (1843 - 1926)
- Mathias Duval (1844-1907)
- Arthur Gehuchten (1861 – 1914)
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