Quem foi Abraão
Abraão, que em hebraico significa ab (pai)
+ raham (multidão) = "pai da multidão", é o primeiro patriarca da
Bíblia e
dele se reclamam filhos todos os crentes das três grandes religiões
monoteístas, nomeadamente o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Para
todas estas religiões, Abraão é considerado como o grande exemplo de fé
em Deus. No Antigo Testamento, quando um profeta ou mestre pretende um
exemplo de alguém com confiança e fé inabalável em Deus, é Abraão que
muitas vezes é apresentado.
Segundo o livro do
Génesis, Abraão (nascido Abrão) era natural da cidade de Ur na Caldeia, uma
localidade da Baixa Mesopotâmia e terá nascido no séc. XIX ou XVIII a.C.,
altura em que a Baixa Mesopotâmia e o Médio Eufrates eram dominados
pelos Amorreus e a Alta Mesopotâmia pelos Urritas. Descendente directo
de Sem, filho de Noé, Abraão era um homem abastado, e chefe de um clã
semi-nómada que se dedicava à criação de gado e à agricultura sazonal.
De Ur terá partido
com a sua mulher Sarai e restante família para norte, deslocando-se ao longo do vale do rio
Eufrates, tendo-se fixado em Haran (ou Harã), principal
cidade da Alta Mesopotâmia, a cerca de 800 km de distância. Os motivos
desta mudança para Haran são desconhecidos havendo que aponte uma
eventual invasão de Ur pelos Amorreus.
De Haran e já com 75 anos de idade, respondendo ao chamamento de Deus,
Abrão seguiu, juntamente com a sua mulher Sarai e o seu sobrinho Lot, para Canaã na Palestina, a
chamada "Terra Prometida", cerca de 650 km a sul de Haran.
Nesse chamamento, Deus promete-lhe que ele seria pai de uma grande nação
na condição de deixar a sua terra e partir para a Terra Prometida. Foi por essa altura
que se deu nele uma grande transformação religiosa, tendo deixado de
adorar o deus "Elohim" e passado a adorar "El-Chadai", que significa o
"Todo Poderoso".
Chegado a Canaã, e após uma longa e
perigosa viagem, Abrão e o seu clã ergue dois altares a Deus: um deles
em Siquém e um outro num monte próximo de Betel. Algum tempo depois,
quando uma violente fome assola a região, e vacilando na sua fé perante
a incapacidade para ter filhos e vendo-se cercado pelos pagãos cananeus,
Abraão decide abandonar a Terra Prometida e viajar para o rico e fértil
Egipto.
No Egipto, Abrão revela alguma da sua
personalidade controversa: com receio de ser morto por algum egípcio que
lhe tentasse roubar a sua mulher Sarai, apresenta-a com sua irmã
solteira e deixa-a ir quando esta é levada para a corte do faraó em
troca de diversos animais e escravos. Descoberto o logro pelo faraó,
este expulsa Abraão obrigando-o a voltar para a Terra Prometida, a
região de Canaã.
Já em Canaã, Abraão entra em conflito com
o seu sobrinho Lot pela posse de terras. Abrão terá então cedido a Lot,
cedendo-lhe as terras mais férteis do Vale do Jordão e ficando para si
com as terras mais áridas. Este episódio terá sido extremamente
relevante pois leva Deus a reafirmar a sua promessa de que toda a Terra
Prometida será dada a Abrão, alargando mesmo a promessa, dizendo-lhe que
este, na altura ainda sem filhos, seria pai de uma descendência
numerosa.
Após 10 anos na Terra Prometida, Abrão
continuava sem filhos. Impaciente, e por sugestão de sua esposa, Sarai,
Abrão toma a sua escrava egípcia Agar e concebe um filho que viria a
ser chamado Ismael.
Volvidos mais 13 anos, Deus volta a surgir
a Abrão repetindo-lhe as promessas de terra e de descendência. É então
que o seu nome é alterado para Abraão (alargando o significado do nome
de "pai engrandecido" para "pai da multidão") e o de sua mulher de Sarai
para Sara (que significa "princesa"). Nesse aparecimento, Deus promete a
Abraão que ele e Sara terão um filho e que o mesmo se chamará Isaac. Um
ano depois, quando Abraão contava já 100 anos e Sara mais de 90, nasce
Isaac.
Logo depois, os ciúmes de Sara levam-na a
exigir a Abraão que expulsasse a escrava Agar e o seu filho Ismael.
Apesar da repulsa por esta exigência, por ordem de Deus, Abraão acaba
por a acatar, expulsando Agar e Ismael para o deserto deixando-os a
vaguear próximo de Bercheba.
A prova de fé
A grande prova de fé de Abraão é dada
quando Deus lhe pede que sacrifique o seu filho Isaac. Inabalável na sua
fé, Abraão levanta-se cedo, prepara a lenha para o sacrifício e, montado
num burro, leva o seu filho e mais dois jovens criados para o local
designado nos montes de Moriá. Chegados próximo do local, deixa os dois
criados de guarda ao burro e continua com Isaac para um pouco mais além.
Isaac carregava a lenha e Abraão o fogo e o cutelo. Já no local, quando
Isaac questiona o pai sobre a razão pela qual não trouxeram um cordeiro
para o sacrifício, Abraão terá respondido: "Deus providenciará quanto à
rês para o holocausto, meu filho". De seguida Abraão ergue um altar
sobre o qual coloca a lenha. Depois atou as pernas e os braços do filho
e coloca-o em cima da pira. Apenas no último momento, quando, empunhando
o cutelo, se preparava para matar o próprio filho, Deus intervém e diz
"Não levantes a mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei
agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu
único filho".
Foi esta prova da sua fé
inabalável, colocada à prova com o pedido de Deus para que sacrificasse
o seu filho Isaac,
que fez dele o patriarca de todos os crentes das três grandes religiões
monoteístas.
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