Conceito de Filosofia
Não é fácil, mesmo para os próprios
filósofos, encontrar uma definição para a filosofia. Há mesmo quem
defenda que a definição da filosofia constitui o primeiro grande
problema para a própria filosofia. Tal não significa, contudo, que não
exista uma resposta para a questão "o que é a filosofia?". O problema é
que existe muitas respostas e nenhuma delas é unânime: qualquer
tentativa de definição enfatiza determinados pontos e desvaloriza outros
considerados importantes por outros filósofos. Este facto está
intimamente relacionado com o objecto da própria filosofia, isto é, com
a realidade que a filosofia procura apreender e que se pode dizer
infinitamente variada. Assim, e tal como qualquer outra ciência ou
disciplina do conhecimento, a forma mais fácil de definir a filosofia
será então procurar identificar o seu objecto.
Objecto da Filosofia
O objecto de uma ciência representa o
domínio da realidade, a matéria ou o problema que essa mesma ciência
estuda. Relacionado com o objecto científico está o método de estudo
utilizado, o qual é definido em função do próprio objecto. Qual é então
o objecto da filosofia? Historicamente , esta questão nem sempre foi
colocada ou teve razão de existir. Inicialmente, tudo o que era
considerado conhecimento científico era considerado como filosofia.
Apenas a partir do século XVII, com o nascimento da ciência moderna,
começou a existir uma separação entre a ciência e a filosofia. Neste
movimento de separação, cada ciência vai-se autonomizando e definindo o
seu próprio objecto e método. A questão que se coloca então é a de que
se cada ciência vai abarcando uma parcela do "bolo", o que resta para a
filosofia? Continuará a procurar abarcar o todo, ou centrar-se apenas
nos "restos" que as restantes ciências não conseguem estudar?. Se o
objecto da filosofia são apenas os "restos", a filosofia será meramente
temporária pois à medida que a ciência avança, todos os problemas
acabarão por ser explicados do ponto de vista científico; se por outro
lado a filosofia é o todo, e este nunca poderá ser dado, o objecto da
filosofia estará condenado a ser continuamente procurado. Alguns
filósofos atribuem uma posição intermédia à filosofia: não é ciência,
não é religião e não é puro senso comum - situa-se algures entre a
ciência (racional e definido) e a teologia (baseada na fé e no dogma).
Face às dificuldades de identificação do
objecto da filosofia, uma das formas possíveis de o compreender, é
analisar o que é feito pelos filósofos ao longo da história e que pode
ser sintetizado como uma actividade de reflexão sobre:
. Questões metafísicas: problemas do ser e
da realidade - o Homem como fundamento e suporte de tudo o que existe.
. Questões lógicas: problemas do pensar.
. Questões gnoseológicas ou teoria do
conhecimento: problemas do conhecimento em geral.
. Questões epistemológicas, de teoria e
filosofia da ciência: problemas do conhecimento científico e da ciência
- enquanto as outras ciências conhecem, a filosofia estuda a
possibilidade do próprio conhecimento, os seus pressupostos e os limites
do conhecimento possível.
. Questões de axiologia, ética, filosofia
política, estética, etc.: problemas dos valores e da acção humana - ao
contrário das outras ciências que estudam o que é, a filosofia estuda o
que deve ser.
. Questões de filosofia da linguagem:
problemas da linguagem - a filosofia estuda a linguagem das outras
ciências na perspectiva da sua estrutura.
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