Conceito de Fígado
O fígado é um órgão
extremamente complexo, presente nos vertebrados e nalguns invertebrados,
que participa na captação, transformação e acumulação de metabolitos e é
responsável pela neutralização e eliminação de substâncias tóxicas.
Anatomia e
estrutura
O fígado é a maior
glândula do corpo humano, pesando à volta de 1500g no adulto.
Localiza-se na cavidade abdominal, no quadrante superior
direito
logo abaixo do diafragma. Anatomicamente, o fígado encontra-se revestido
por uma cápsula fina de tecido conjuntivo denominada cápsula de Glisson
e encontra-se subdividido em quatro lobos: direito, esquerdo, quadrado e
caudado, separados por septos fibrosos e dos quais os dois primeiros
constituem a maior parte. A cápsula de Glisson é mais espessa na zona do
hilo (sulco transversal na sua face inferior) por onde a veia porta e a
artéria hepática penetram no fígado e por onde saem os ductos hepáticos
e linfáticos (Fig.1).

Fig.1.
Representação esquemática do fígado
O
componente
estrutural básico do fígado é a célula hepática ou hepatócito. Estas
células epiteliais encontram-se agrupadas em placas anastomosadas entre
si, formando unidades morfofuncionais – os lóbulos hepáticos (Fig.2).
Nos locais onde três lóbulos entram em contato, os elementos do tecido
conjuntivo são mais abundantes. Estas regiões são conhecidas como
espaços porta (3 a 6 espaços porta / lóbulo no Homem) e contêm, para
além dos vasos linfáticos, ductos biliares com um epitélio simples
cúbico característico, ramos da artéria hepática e ramos da veia porta
(o maior dos 3 componentes da tríade portal). O eixo longitudinal de
cada lóbulo clássico é ocupado pela veia centrolobular, ou veia central,
a partir da qual as placas de hepatócitos irradiam, estando separadas
umas das outras por capilares – os sinusoides hepáticos. Associados às
células de revestimento endotelial dos sinusoides existem células
fagocitárias – as células de Kupffer.

Fig.2.
Representação
esquemática de lóbulos hepáticos (à esquerda um lóbulo inteiro e à
direita um corte transversal)
Circulação
O
fígado
é um órgão extremamente vascularizado pelo qual passa 25% do sangue
bombeado pelo coração. O fluxo sanguíneo penetra através do hilo
hepático, pela veia porta que transporta sangue rico em nutrientes e
pobre em oxigénio vindo do trato digestivo, do pâncreas e do baço, e
pela artéria hepática que fornece o fígado em sangue oxigenado
proveniente do tronco celíaco da artéria abdominal.
O
sangue
proveniente dessas duas vias (artéria hepática e veia porta) é libertado
nos sinusoides, onde se mistura e é tratado pelos hepatócitos, saindo do
fígado pela veia cava inferior em direção à aurícula direita do coração.
Por outro lado, a bílis sintetizada pelos hepatócitos é transportada
através dos ductos hepáticos e lançada na vesícula biliar para a sua
concentração e armazenamento.
Funções
O
fígado
é uma glândula mista, sendo as funções exócrina e endócrina
desempenhadas pela mesma célula – o hepatócito.
Possui
funções
múltiplas e variadas e participa em processos como:
– A
digestão:
O fígado secreta bílis primária de forma contínua, modificada pelas
células do revestimento epitelial dos ductos e da vesícula biliar e
transformada em bílis, sendo armazenada na vesícula biliar e com ação na
digestão e absorção das gorduras;
– A biossíntese: O
fígado é responsável pela síntese ativa de aproximadamente 90% das
proteínas plasmáticas (todas,
exceto
as imunoglobulinas) e pela sua libertação gradual na corrente sanguínea;
– O metabolismo
energético: As células hepáticas degradam e acumulam metabolitos. É o
caso da glicose que é armazenada sob a forma de glicogénio e libertada
quando esta é necessária para o corpo. O fígado mantém deste modo a
glicose
dentro dos níveis normais. Também sintetiza glicose e lípidos. A glicose
pode ser sintetizada a partir de outros açúcares (como a frutose ou a
galactose) ou de fontes diferentes de carboidratos como os lípidos ou
aminoácidos, num processo conhecido como gliconeogénese. O fígado também
armazena vitaminas em grande quantidade, sendo as principais reservas as
de vitamina A, D e B12;
– A desintoxicação e
neutralização: A eliminação da amónia presente no organismo é uma das
funções mais essenciais
do fígado. Essa amónia que provém de duas fontes principais, a
desaminação de aminoácidos e a síntese pelas bactérias do trato
digestivo, é convertida em ureia que será posteriormente eliminada na
urina. O fígado também degrada hormonas e inativa drogas e toxinas.
– Outras funções: As
células de Kupffer reconhecem e endocitam os microrganismos. Esta função
é muito importante
tendo em conta que o
sangue proveniente da veia porta possui um número substancial de
microrganismos. Essas células fagocitárias também retiram do sangue
restos celulares e hemácias senescentes. O ferro das hemácias
envelhecidas é metabolizado pelo fígado.
Referências
Bibliográficas
Gartner,
L.P. and Hiatt, J.L. (2007). Color textbook of histology. 3rd ed.
Atlanta: Elsevier Saunders. p429-440.
Guénard,
H. (2001). Physiologie humaine. 3rd ed. Rueil-Malmaison: Éditions
Pradel. p421-428.
Junqueiro,
L. and Carneiro, J. (2004). Histologia Básica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan. P324-334
Stevens,
A. and Lowe, J. (1997). Human histology. 2nd ed. London: Times
Mirror International Publishers Limited. p215-223.
Outros temas
relacionados:
Bílis;
Hepatócito;
Vesícula biliar
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