Em tempos antigos, a povoação
denominava-se Alcoentrinho e fazia parte da freguesia de São Pedro da
Arrifana juntamente com o Passal de São Pedro e Arrifana. Contudo, em 11
de Julho de 1791, a Rainha D. Maria I concedeu-a ao Intendente Geral da
Polícia Diogo Inácio de Pina Manique "pelos bons serviços prestados
por este ao Reino (...) ordeno que a dita povoação se passe a denominar
Manique do Intendente, que seja senhorio e senhor do solar para ele e
todos os seus descendentes sucessores da sua casa intitulando-se
Senhores de Manique. Que sejam limites do solar e senhorio a Freguesia
em que está a dita povoação. Que esta seja criada Vila, servindo-lhe de
termo Freguesia… logo que nela houver 120 vizinhos …”.
Pelo mesmo decreto, o território passa a constituir a cabeça do
senhorio, paróquia e concelho. Foi então que Pina Manique senhor de
Manique, se propôs fundar aí uma povoação, planeada e projectada segundo
a tradição do neoclassicismo, com igreja paroquial, pelourinho, casas
para vereadores e juízes, e um grandioso palácio para si e para os seus.
Entre 1791 e 1800 foram construídas a Casa da Câmara, o Pelourinho, a
residência para os magistrados (Praça dos Imperadores), o Palácio Pina
Manique que incorpora no corpo central a Igreja Paroquial, o qual nunca
foi acabado, por não haver a partir de 1800 quem lhe seguisse a obra.
São numerosos os locais de interesse da
freguesia e vasto o seu património arquitectónico, atestando a
antiguidade da povoação e a sua importância histórica. Apresentam-se de
seguida os principais destaques:
Palácio Pina Manique: Foi mandado
construir por Pina Manique no largo principal da povoação, não tendo
chegado a ser acabado. Actualmente o seu corpo central forma a Igreja,
cujo pórtico abre sobre uma graciosa arcada, que sustêm uma ampla
varanda abalaustrada ao nível do andar superior, e dois corpos laterais
simétricos de cada lado (inacabados), no corpo central um frontão
curvilíneo, onde se ergue uma pirâmide em forma de obelisco, com alguns
metros de altura, que sustenta uma esfera, que por sua vez suporta uma
cruz de Cristo. No corpo central tem três portas no rés-do-chão e no
primeiro andar. No rés do chão as entradas dão para um átrio
rectangular, e este dá acesso às três portas da igreja, coroadas com
pequenos frontões, na porta central o tímpano da verga tem o brasão dos
Pina Manique, com uma cruz de Cristo na feição a fechar o circulo da
nobreza. Este era o sonho de Pina Manique para o seu solar, que
infelizmente, não chegou a ser concretizado, porque não houve quem
continuasse a sua obra, depois da morte deste. Em 1870 por diligências
de um padre, foi construído um campanário, onde foram colocados dois
sinos e um relógio, o qual veio desfeitear o edifício inacabado. Há
alguns anos atrás foi colocado um telhado e forro novo na Igreja,
interiormente foram reparados os frescos, e os altares. Apesar destes
factos o edifício continua a ser a nossa sala de visitas, tanto pela sua
beleza como pela sua imponência, encontra-se ladeado por num jardim,
muito bem cuidado, ali ao lado existe um parque infantil, para as nossas
crianças se divertirem. Existe a funcionar no Palácio Pina Manique, um
balcão da Segurança Social, Casa mortuária, Sede da Comissão de Festas
de Manique do Intendente, sala polivalente que serve de espaço para
ginástica, e ensaio do rancho. E outras salas sem aproveitamento.
Casa da Câmara: Mandado também
construir por Pina Manique, a Casa da Câmara acabou por ser a única
grande obra projectada para a Praça dos imperadores pelo senhor de
Manique do Intendente a ser concretizada. Desenhada em estilo
neoclássico pelo arquitecto Joaquim Fortunato de Novais, o edifício
apresenta seis pilastras para suportar o grande frontão de linhas
clássicas gregas, com um tímpano, ornamentado ao centro com um escudo de
armas limitado pelos três lados do frontão, e suaves pináculos. Uma
Porta larga e duas mais estreitas e três janelas rasgadas tipo
guilhotina no primeiro andar, a do centro è a mais grandiosa, pois tem
uma cercadura de pedra trabalhada, em curvatura frontalizante. A
insígnia da nobreza dos Pina Manique domina todo o tímpano, num estilo
neoclássico. No interior é decorada com azulejos do séc. XVII, e tectos
de madeira pintados. Até meados do séc. XIX funcionou como sede da
Câmara Municipal, altura em que o concelho foi extinto por incorporação
no concelho de Alcoentre.
Pelourinho: O Pelourinho foi também
mandado construir por Pina Manique face à recém-adquirida autonomia
jurídica e estatuto municipal. Localizado no centro da Praça dos
Imperadores, o Pelourinho está assente em quatro degraus em placas
poligonais crescentes. No centro um pedestal com friso de cimalhete,
onde repousa uma coluna de fuste liso, mas anelado, junto ao capitel
vegetalista um obelisco umbélico, saem quatro braços de ferro forjado
trabalhado. Está classificado como Imóvel de Interesse Público pelo
IPPAR desde 1933.
Praça dos Imperadores: Assim
conhecida hoje em dia tem a forma hexagonal. Em voltadas faces
poligonais temos o casario disposto em talhões de seis casas cada, de
rés-do-chão e primeiro andar, com uma porta e três janelas, todas do
mesmo formato e cobertas de telha que serviriam de casa aos vereadores e
juízes. Porém este casario também não foi terminado, tendo faltado à
conclusão de um talhão, onde foi construída a sede da Junta de Freguesia
do lado Sul, e do lado Norte encontra-se a casa da Câmara. Desta Praça
partem seis ruas como o nome de Imperadores romanos, sendo Justiniano,
Augusto, Troiano, Sertório, César, e de uma outra da qual se perdeu o
nome. Estes nomes estão gravados em azulejo de boa cerâmica da real
fábrica do Rato em Lisboa, com cercadura geométrica e vegetalista da
época do século XVIII, com os nomes em letra maiúscula da escrita
romana. Todo o pavimento da Praça dos Imperadores, que anteriormente era
de terra, foi calcetado, encontrando-se concluído. Com o arranjo desta
Praça as suas seis ruas foram fechadas com marcos metálicos (alguns
removíveis), ao trânsito.
Fonte do Rossio: Construída em 1891
pela Câmara Municipal de Azambuja, onde anteriormente apenas existia uma
mina, que foi ampliada em 25 de Março de 1868, de acordo com acta da
Junta de Freguesia, para fornecimento de água á população devido á seca.
Esta Fonte foi restaurada em 2001 pela Junta de Freguesia, e actualmente
serve de local de lazer.
Ponte D. Maria I: Em frente ao
Palácio Pina Manique partia uma ampla avenida de centenas de metros,
sendo esta a entrada principal de vila. Contudo, ao longo dos anos foram
sendo construídos edifícios arbitrariamente, e sem obedecer a um plano,
pelo que actualmente apenas existem vestígios dessa avenida. A ponte
deverá ter sido construída entre os anos de 1791 e 1800 sobre a ribeira
de Manique, servindo de acesso ao lado sul da localidade, e também para
trazer água das minas para o Palácio.
Heráldica
Armas – Escudo de azul, uma aspa de
prata sobreposta a uma faixa do mesmo, tudo acompanhado em chefe de um
castelo de ouro aberto e iluminado de vermelho e dois leões de ouro,
lapassados de vermelho, o da dextra volvido em cortesia e em
contra-chefe de três castelos de ouro, abertos e iluminados de vermelho.
Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda a
negro, em maiúsculas: “MANIQUE DO INTENDENTE “.
Bandeira – Esquartelada de azul e
amarelo, cordões e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.