Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Ruídos e interferências na comunicação Médico-Doente
Uma revisão bibliográfica

 

Autor: Nuno Miguel Gonçalves da Silva
Orientador: Sara Mendes Moreira

 

Mestrado Integrado em Medicina

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

Universidade do Porto
 

 

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Ruídos e interferências na comunicação Médico-Doente

Resumo

Introdução | Nos últimos anos, vem surgindo cada vez mais evidência da importância de inúmeros factores que influenciam a recepção e a transmissão das mensagens partilhadas entre o médico e o doente, factores estes diferenciados em dois grandes grupos: ruídos e interferências. Defende-se que o treino e a análise apurada destes aspectos da comunicação contribuem para a optimização da relação médico-doente.
Objectivos | Efectuar uma revisão bibliográfica onde seja abordada a influência de ruídos e de interferências (associadas a preconceitos quanto a aspectos sócio-demográficos e à aparência física) na relação médico-doente. Analisar os efeitos do treino e da formação específicos de comunicação.

Desenvolvimento | Os doentes manifestam uma tendência alargada para a preferência de profissionais do sexo feminino. Os estudos demonstram que as diferenças entre o padrão comunicacional de médicos e médicas estão em sinergia com as atitudes diferenciais dos doentes. Sobre o impacto da idade do médico na competência atribuída pelo paciente, observou-se que os médicos entre os 30 e os 50 anos reúnem maior consenso. A etnia/raça demonstra exercer influência, constatando-se que relações entre médicos e doentes de etnias ou raças não concordantes culminam, mais frequentemente, na insatisfação do paciente. A imagem ideal do médico é um tema controverso, havendo dados sugestivos de que a conduta do médico pode alterar a percepção do doente, independentemente da indumentária. Quanto às interrupções, observa-se que estas podem contribuir para o desenvolvimento de emoções negativas do doente ou do próprio clínico. O uso do computador durante a consulta não parece ter alterado o padrão de satisfação dos doentes, destacando-se a perícia do médico e a capacidade de gerir a relação como os factores-chave desta questão. O treino comunicacional demonstra, na literatura recolhida, dados concordantes com a optimização das aptidões comunicacionais.
Conclusões | As interferências condicionam o comportamento e o grau de satisfação dos doentes, provocando, igualmente, alterações na conduta dos clínicos. Os ruídos, do mesmo modo, podem ser prejudiciais tanto para o médico como para o doente. A formação e o treino da comunicação devem ser explorados, no sentido de optimizar as competências comunicacionais dos profissionais e dos estudantes das áreas da saúde.

 

Palavras chave: Comunicação; preconceitos; sexo do médico; idade do médico; etnia/raça; especialidade; aparência física; interrupções; computador; treino da comunicação
 

 

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