Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Processo de Transição do Adolescente Hospitalizado numa Unidade de Adolescentes

 

Autor: Ana Isabel Martins de Azevedo
Orientador: Margarida Abreu

 

Mestrado em Ciências da Enfermagem

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

Universidade do Porto
 

 

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Processo de Transição do Adolescente Hospitalizado numa Unidade de Adolescentes

Resumo

A adolescência, apesar de nem sempre ter sido reconhecida como uma etapa da vida com características próprias, é hoje um tema de crescente interesse científico. Caracterizada por ser uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, a adolescência, envolve profundas mudanças a nível físico e, não menos importantes, mudanças a nível cognitivo, psicossocial e cultural, procurando construir a sua identidade. Os adolescentes constituem o grupo etário mais saudável (Ministério da Saúde (MS), 2004), pelo que, quando adoecem, é sempre uma situação difícil de aceitar para o adolescente e para a sua família. Este problema agrava-se quando a situação de doença obriga à hospitalização. Segundo o Departamento de Psiquiatria da Criança e do Adolescente da Universidade de Glasgow (Gillies e Parry-Jones, 1992), a Academia Americana de Pediatria (cit. por Fisher, 1994; Viner, 2007) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) (2009), os adolescentes devem ser hospitalizados idealmente numa Unidade de Internamento para Adolescentes. Assim sendo, surge o interesse nesta investigação, de modo a descobrir “Como vivencia o adolescente a sua hospitalização numa Unidade de Adolescentes?”, tendo como objectivos identificar os sentimentos experienciados pelos adolescentes durante a hospitalização; conhecer a representação que os adolescentes possuem de uma unidade de Adolescentes e identificar as necessidades sentidas durante a hospitalização. Apoiando-nos nos referenciais teóricos de Meleis e de Bronfenbrenner, desenvolvemos esta investigação de carácter qualitativo, utilizando como técnica de recolha de dados a entrevista semi-estruturada, sendo os participantes do nosso estudo, adolescentes, de ambos os sexos, orientados no tempo e no espaço, sem atrasos de desenvolvimento e hospitalizados há mais de 48 horas na Unidade de Adolescentes de um Hospital da Administração Regional de Saúde do Norte, I. P.. Destacam-se como resultados desta investigação o facto dos adolescentes se sentirem bem quando hospitalizados numa Unidade de Adolescentes, mas também de sentirem dificuldade em ocupar o tempo e referirem sentirem-se presos dentro da Unidade. Aliado a isto, é de salientar a reacção negativa dos amigos face à hospitalização. São apontados como aspectos mais positivos da Unidade, a equipa de saúde, o espaço/conforto e “tudo”, sendo a transição saúde-doença e transição situacional apontados como aspectos mais negativos. A transição saúde-doença é também referida como uma situação mais complicada durante a hospitalização, nomeadamente as manifestações da patologia e as atitudes terapêuticas, assim como os aspectos relacionados com a transição situacional, mais especificamente o regulamento de visitas. As visitas são, por sua vez, também apontadas como a principal necessidade. No que diz respeito às estratégias para ultrapassar os momentos menos bons, foram referidos o recurso a actividades de lazer, a pessoas significativas, aos profissionais de enfermagem e ao auto-controlo. A relação adolescente-profissionais de saúde é qualificada como uma boa relação, sendo os profissionais referidos como qualificados e sensíveis. Por último, concluiu-se que a Unidade em que se desenvolveu a recolha de dados, corresponde, aos que os adolescentes esperam de uma unidade preparada para os receber, uma vez que referem o espaço/conforto da unidade como um dos aspectos mais positivos, preferem ser hospitalizados nesta Unidade do que numa Unidade de Adultos, consideram importante a presença contínua dos pais e por terem desenvolvido uma boa relação com os profissionais de saúde, qualificando-os como sensíveis e capacitados. Conscientes de que os resultados alcançados não são generalizáveis, já que os participantes foram apenas vinte e um, sugerem-se a criação de espaços de lazer nas Unidades de Adolescentes e a realização de mais actividades lúdicas; a realização de acções de sensibilização e de promoção da saúde junto dos adolescentes saudáveis; a reformulação do regulamento de visitas; a formação do pessoal de saúde que exerce funções nestas Unidades e a manutenção da norma que permite a presença contínua dos pais.

 

Índice

Introdução
I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. Adolescência: das mudanças às teorias explicativas

1.1. Adolescência: conceitos
1.2. Uma abordagem bioecológica da adolescência
1.3. Os processos de mudança na adolescência

2. Transições: um conceito central de enfermagem

2.1. Conceito de transição
2.2. A teoria de médio alcance de Meleis
2.3. As transições como foco de atenção em enfermagem

3. Saúde, doença e hospitalização

3.1. Saúde do adolescente
3.2. Vulnerabilidades na adolescência
3.3. O adolescente hospitalizado numa Unidade de Adolescentes

II – ESTUDO EMPÍRICO

1. Metodologia do estudo

1.1. Objectivos e questões de investigação
1.2. Tipo de estudo
1.3. Participantes e Contexto
1.4. Técnica de recolha de dados
1.5. Questões éticas
1.6. Estratégias de análise e tratamento de dados

2. Hospitalização do adolescente em Unidade de Adolescentes

2.1. Caracterização sócio-demográfica dos participantes
2.2. Caracterização do grupo de pares
2.3. Recurso a Instituições de Saúde
2.4. Processo de hospitalização
2.5. Compreender o processo de hospitalização: as condições de transição
2.6. Unidade de Internamento de Adolescentes: cuidados de enfermagem e transição

3. Considerações finais

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

Anexo I – Cronograma de Actividades
Anexo II – Pedido de autorização do estudo
Anexo III – Autorização fornecida pelo Conselho de Administração
Anexo IV – Instrumento de colheita de dados – entrevista semi-estruturada
Anexo V – Consentimento livre e esclarecido
 

 

Trabalho completo