Medicina / Ciências Médicas e da Saúde Dissertações de Mestrado
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Neurobiologia da Depressão
Autor:
Jorge Teixeira Lage
Mestrado Integrado em Medicina - Psiquiatria Faculdade de Medicina
Universidade do Porto
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Resumo A neurobiologia da depressão conheceu, nesta última década, avanços sem precedentes, que vão desde alterações macroscópicas até ao nível molecular. O objectivo central deste artigo de revisão literária é explicá-los de forma organizada e resumida, propondo-se adicionalmente expor o actual “estado da arte” dos mecanismos antidepressivos e da investigação básica na etiologia da depressão.Foi efectuada uma pesquisa bibliográfica de artigos publicados entre 2000 e 2009, utilizando a base de dados MEDLINE. As palavras-chave usadas foram depression e neurobiology, ambas termos MeSH. Manualmente, pesquisou-se também por referências cruzadas, e ainda se procedeu à consulta do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition e do UpToDate®. Macroscopicamente, são encontradas alterações nas diversas regiões encefálicas que poderão mediar a expressão da doença: o córtex pré-frontal, a amígdala, o córtex anterior do cíngulo e o hipocampo, entre ontros, apresentam alterações volumétricas e da actividade. O hipocampo apresenta também alterações segmentares ou da sua forma, indiciando um papel especial na fisiopatologia da depressão. O eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal encontra-se hiperactivo em cerca de metade dos doentes; a alteração associada será uma resistência do receptor glicocorticóide, e pensa-se que a etiopatogenia da depressão pode ser diferente consoante esteja ou não presente o stress. Sabe-se também da correlação entre citocinas inflamatórias e humor depressivo, e novos dados indiciam que a imunidade celular poderá ser manipulada no sentido de prevenir os efeitos deletérios do stress. A hipótese monoaminérgica é ainda hoje a base dos tratamentos recomendados. Contudo, o foco da investigação está agora não tanto nos níveis de monoaminas, mas nas alterações pós-sinápticas que estas podem desencadear. O atraso do efeito clínico dos antidepressivos poderá ser explicado pelo tempo que a neurogénese demora a ocorrer. A hipótese da neuroplasticidade, tendo emergido com grande aceitação, não está ainda formulada de maneira a explicar a maioria das alterações que ocorrem neste distúrbio. Uma melhor compreensão da etiopatogenia da depressão poderá permitir mais avanços não só na terapêutica, mas também no diagnóstico e na prevenção da perturbação depressiva major.
Palavras chave: depressão major, neurobiologia, stress, serotonina, noradrenalina, BDNF, genética.
Índice
Introdução
Agradecimentos
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