Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Hiperuricemia e a resistência à insulina

 

Autor: Estela Maria Ribeiro Gonçalves de Abreu
Orientador: Ana Cristina
Correia dos Santos

 

Mestrado em Saúde Pública

Faculdade de Medicina

Universidade do Porto
 

 

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Hiperuricemia e a resistência à insulina

Resumo

Actualmente, as doenças crónicas (DC) constituem um importante problema de saúde pública e são consideradas a maior causa de morte no mundo. As alterações ocorridas no estilo de vida das populações, alteração da longevidade e diminuição da natalidade e mortalidade geral contribuíram significativamente para a alteração do panorama geral das DC. Frequentemente tem sido descrita uma associação, entre a resistência à insulina (RI) e factores de risco cardiovasculares, como a obesidade central, o aumento da pressão arterial e a dislipidemia. Esta agregação de factores de risco é hoje em dia, denominada por síndrome metabólica (SM). Embora não existam dados populacionais sobre a frequência de RI em Portugal, espera-se que esta seja elevada por associação à elevada frequência de SM observada no nosso país. Um outro factor de risco cardiovascular, potencialmente associado à SM e à RI, é a hiperuricemia, e níveis séricos elevados de ácido úrico têm sido associados à maior incidência de doença cardiovascular (DCV). Em Portugal não é conhecida a prevalência de hiperuricemia, e não existem estudos sobre a sua associação à RI. Considerando, a elevada incidência e prevalência de DCV, obesidade, diabetes e SM em todo o mundo e a potencial ligação entre RI e hiperuricemia no desenvolvimento deste tipo de patologias, o presente estudo pretende descrever a frequência de hiperuricemia, assim como estudar a associação desta situação com a resistência à insulina (medida pelo índice HOMA), utilizando uma amostra de adultos representativa da cidade do Porto. Este trabalho foi realizado no âmbito do projecto EPIPORTO, desenvolvido no Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (SHEFMUP). Os participantes seleccionados tinham nacionalidade portuguesa e idades compreendidas entre os 18 e os 92 anos de idade. A recolha dos dados foi feita recorrendo ao preenchimento de um questionário estruturado aplicado por entrevistadores treinados numa entrevista presencial. A prevalência total de hiperuricemia na amostra estudada foi de 12,8%, sendo mais frequente nos homens (17,8% vs. 9,9%, p <0,001). Nos indivíduos com hiperuricemia foi observada uma maior prevalência de RI (OR=1,84 IC 95%: 1,25-2,73), mesmo após ajuste para a idade, consumo de álcool, tabaco, creatinina e IMC. Os indivíduos 2 pertencentes ao último quartil de distribuição de ácido úrico tiveram uma maior prevalência de RI, quando comparados com os indivíduos pertencentes ao primeiro quartil e esta tendência foi estatisticamente significativa. Quanto, à associação da hiperuricemia e a RI, por sexo, os homens hiperuricémicos foram os que apresentaram uma prevalência de RI significativamente mais elevada (OR=2,17 IC 95%: 1,24-3,31). Após ajuste para os confundidores identificados, foi observada uma associação entre os quartis de distribuição de ácido úrico e a presença de RI, nos homens e nas mulheres. Esta associação foi mais forte nos homens (OR=2,51 IC 95%: 1,22-5,16 vs. OR=1,88 IC 95%: 1,06-3,31) e em ambos os sexos foi observada uma tendência estatisticamente significativa de aumento da prevalência de RI com o aumento dos quartis de ácido úrico. Nesta população foi observada uma elevada prevalência de hiperuricemia e esta condição estava associada com a ocorrência de RI. Por estes motivos, consideramos que na população portuguesa a hiperuricemia, deverá ser encarada como um factor importante no desenvolvimento da patologia cardiovascular.

 

Índice

Lista de abreviaturas
Resumo 
Abstract
Introdução
Objectivo Geral

Capitulo 1

Associação entre a hiperuricemia e a resistência à insulina numa amostra comunitária portuguesa.

Conclusões

Referências Bibliográficas
 

 

Trabalho completo