Medicina / Ciências Médicas e da Saúde Dissertações de Mestrado
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Estenose Aórtica em Idosos com e sem Doença Coronária
Autor:
João Miguel Costa Rodrigues Português
Mestrado Integrado em Medicina - Cardiologia Faculdade de Medicina
Universidade do Porto
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Resumo A Estenose Aórtica (EA) é actualmente a doença valvular mais frequente no Mundo Ocidental, onde é, na maioria das vezes, causada por doença calcificante “degenerativa”. Embora o mecanismo de acumulação de cálcio nas cúspides aórticas fosse durante muito tempo visto como um processo degenerativo, ele é agora encarado como um processo semelhante à aterosclerose. Para além das semelhanças histológicas entre lesão precursora de EA e a placa de ateroma, sabe-se que os factores de risco da aterosclerose estão também associados ao desenvolvimento de EA e que o espessamento da válvula constitui por si só um marcador de aumento do risco cardiovascular. A relação entre doença coronária (DC) e EA é conhecida, mas não está completamente esclarecida. A incidência de DC está aumentada nos doentes com EA com cerca de metade dos indivíduos com EA grave a apresentarem DC. Este trabalho teve como objectivo tentar compreender os factores que poderão estar na base da presença de DC nos doentes com EA grave, submetidos a cirurgia de substituição da válvula aórtica (SVA). Foram consultados os processos clínicos de 141 doentes submetidos a SVA por EA. Para a análise comparativa dos doentes com e sem DC, foi seleccionada uma subpopulação de 120 indivíduos, incluindo apenas os indivíduos com estenose de etiologia calcificante “degenerativa”. Foram analisados os factores de risco ateroscleróticos, bem como dados referentes ao estudo pré-operatório, ao acto cirúrgico e pós-operatório imediato. O grupo com DC apenas apresentou uma maior prevalência de dislipidemia e doença cerebrovascular sem outras diferenças nos outros factores de risco. Os gradientes transvalvulares e a prevalência de insuficiência cardíaca eram significativamente mais baixos nos doentes com DC. A presença de DC associou-se a um internamento pós-operatório mais prolongado e com tendência para uma maior taxa de mortalidade. Apesar de possuírem perfis de risco cardiovascular quase sobreponíveis, apenas um dos grupos apresenta um processo aterosclerótico mais generalizado, com repercussão coronária e cerebrovascular. Os preditores clássicos da DC mostraram-se incapazes de os destrinçar, o que reafirma a sua semelhança epidemiológica. O facto de apenas metade dos doentes desenvolver DC apesar do mesmo risco cardiovascular sugere que poderá haver uma diferente predisposição genética entre os dois grupos.
Palavras chave: Estenose Valvular
Aórtica; Doença Coronária; Aterosclerose.
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