Medicina / Ciências Médicas e da Saúde Dissertações de Mestrado
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Efectividade de um programa de reabilitação cardía
Autor: José Afonso Gago Martins da Rocha Orientador: Ana Azevedo
Mestrado em Epidemiologia Faculdade de Medicina
Universidade do Porto
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Resumo A reabilitação cardíaca, na sua perspectiva multifacetada e multiprofissional, é actualmente considerada como uma parte integrante do tratamento na doençacoronária, com benefícios demonstrados a nível da capacidade funcional, dos aspectos psico-emocionais, da reintegração socioprofissional, da qualidade de vida e da morbilidade e mortalidade cardiovascular. Apesar disso a disponibilidade, acessibilidade e participação neste tipo de programas permanecem deficitárias, sendo a idade frequentemente utilizada como um critério de exclusão no momento da referenciação. O objectivo da presente dissertação foi avaliar a efectividade de um programa de reabilitação cardíaca dirigido a doentes submetidos a revascularização coronária percutânea, após síndrome coronário agudo, e determinar o efeito da idade nessa resposta. Foi efectuado um estudo não experimental prospectivo de uma coorte de 105 doentes consecutivamente referenciados para um PRC, no período máximo de 3 meses após uma revascularização coronária percutânea bem sucedida, por síndrome coronário agudo. A informação foi recolhida por entrevista clínica e consulta do processo clínico. Foi realizada uma espirometria, análise de composição corporal por bioimpedância e medição do peso,altura e dos perímetros de cintura e anca. Utilizou-se o International Physical Activity Questionnaire para quantificar a actividade física habitual. Foi avaliada a sintomatologia depressiva com o Patient Health Questionnaire e a qualidade de vida com uma escala genérica, a Short-Form-36. A progressão funcional foi estimada através de equações metabólicas calculando os equivalentes metabólicos, para medir a intensidade do esforço, e as kilocalorias, para o dispêndio energético. O efeito da idade foi avaliado comparando a resposta ao programa em dois grupos, com idade menor e maior ou igual a 55 anos.Na avaliação basal, os indivíduos mais velhos apresentavam maior prevalência de doença coronária prévia, hipertensão arterial, diabetes mellitus, sobrecarga ponderal, baixos níveis de actividade física. A capacidade funcional foi, em termos absolutos, persistentemente inferior nos mais velhos, mas aumentou significativamente e de forma não diferente em ambos os grupos. Observaram-se melhorias significativas e similares nos dois grupos ao nível dos parâmetros antropométricos [perímetro abdominal (cm): -1,20 (3,82), p<0,05 versus -3,17 (3,49), p<0,01; proporção de massa gorda (%): -1,11 (2,29), p<0,05 versus -1,64 (3,20), p<0,01; nos mais jovens e mais velhos, respectivamente], no perfil lipídico, e nos domínios físico e mental da qualidade de vida [componente físico sumário: +3,65 (7,83), p<0.01 versus +3,23 (6,66), p<0,01; componente mental sumário: +3,60(10,01), p<0,05 versus +3,02 (11,92), p<0,05, nos mais jovens e mais velhos, respectivamente]. Apenas os mais velhos, mais sedentários no início, registaram um aumento significativo nos seus níveis de actividade física. A proporção de cumpridores dos objectivos de prevenção secundária evoluiu de forma similar em ambos os grupos, com melhoria no perfil lipídico, na cessação tabágica e nos hábitos de actividade física e ausência de efeito na pressão arterial e índices ponderais em ambos os grupos. Os benefícios do programa de reabilitação cardíaca foram independentes da idade, pelo que esta, por si só, não deve ser considerada uma justificação para não referenciar os doentes para programas de reabilitação cardíaca.
Índice 1. Introdução PREVENÇÃO SECUNDÁRIA NA DOENÇA CORONÁRIA: SITUAÇÃO ACTUAL OS PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO CARDÍACA Perspectiva histórica Definição e conceitos gerais A estrutura e organização dos PRC Componentes centrais e equipa multiprofissional A sequência temporal: as fases de um PRC O programa de exercício A eficácia dos programas de reabilitação: o impacto multidimensional Mortalidade e morbilidade cardiovascular Capacidade funcional e adaptações fisiológicas Perfil de risco cardiovascular Qualidade de vida e perfil psicossocial A efectividade dos programas de reabilitação: barreiras à participação A idade e os PRC 2. Objectivos
3. Manuscrito 5. Resumo
6. Abstract
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