Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Direcção aguda da aorta do tipo A
Resultados e factores de risco de mortalidade a longo prazo

 

Autor: Tiago Chaves Pinheiro Torres
Orientador: Pedro Teixeira Bastos

 

Mestrado Integrado em Medicina - Cirurgia Cardiotorácica

Faculdade de Medicina

Universidade do Porto
 

 

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Direcção aguda da aorta do tipo A

Resumo

Introdução: A dissecção aguda da aorta do tipo A representa uma situação clínica catastrófica que requer imediata intervenção cirúrgica. Este estudo visa determinar os resultados operatórios e pesquisa de factores preditores de mortalidade intra-hospitalar, assim como avaliar o prognóstico a longo prazo dos doentes operados.
Métodos: Estudo retrospectivo de 126 doentes com idade média de 57,5 ± 12,9 anos, operados consecutivamente entre Janeiro de 1995 e Dezembro de 2007 por dissecção aguda da aorta tipo A no CCTHSJ. Foram avaliadas variáveis demográficas e clínicas pré-operatórias, variáveis de técnica operatória, complicações pós-operatórias e resultados clínicos. Foi realizada uma análise univariada seguida de regressão logística multivariada no sentido de determinar factores preditores independentes de mortalidade hospitalar. O follow-up foi realizado entre Novembro de 2009 e Fevereiro de 2010, tendo sido completado em 97% dos doentes.
Resultados: Em 57,2% (n= 72) foi possível apurar história prévia de hipertensão arterial, dos quais 68% apresentavam hipertensão não controlada na admissão. A mortalidade intra-operatória foi de 9,5% (n=12). A mortalidade hospitalar foi de 30,9% (n= 39). A análise univariada revelou que a valvulopatia prévia (p=0,011), a disfunção ventricular esquerda à apresentação (p=0,01), a cirurgia cardíaca anterior (p=0,05), a idade superior a 70 anos (p=0,048), a necessidade de uso de paragem circulatória (p=0,013), as alterações da consciência pré-cirúrgicas (p<0,001), o desenvolvimento de insuficiência renal aguda (p<0,001), de hemorragia cirúrgica (p=0,004) e de isquemia periférica (p=0,029) se encontram significativamente associados com a mortalidade. A análise multivariada final dos resultados revelou que os factores de risco independentes preditivos de mortalidade hospitalar foram a valvulopatia prévia (p=0,004), a existência de disfunção ventricular esquerda à apresentação (p=0,006), o tempo de clampagem da artéria aorta (p=0,001), e a insuficiência renal aguda (p=0,002) e hemorragia (p=0,013) pós-cirúrgicas. A sobrevivência global foi de 67,1%, 62%, 59%, 50,3% e 50,3% aos 1, 3, 5, 10 e 14 anos respectivamente, sendo o tempo médio de sobrevivência de 8,29 ± 0,64 anos. Após reparação cirúrgica com sucesso e alta hospitalar, a sobrevivência ajustada foi de 98,8%, 90,2%, 88,6%, 76,9% e 73,2% aos 1, 3, 5, 10 e 14 anos. A análise de regressão de Cox revelou que a presença de valvulopatia prévia (p=0,003), a presença de disfunção ventricular esquerda (p=0,001) e o desenvolvimento de insuficiência renal aguda no pós-operatório (p<0,001) foram preditores independentes estatisticamente significativos da mortalidade global.

Conclusão: A dissecção aguda da aorta é um evento trágico associado a uma elevada taxa de mortalidade. O prognóstico após alta hospitalar é razoável. A medida de prevenção mais importante é o controlo da HTA.

 

Palavras chave: aorta; cirurgia; factores de risco; mortalidade

 

 

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