Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Determinantes socio-demográficos e de estilos de vida do consumo de hortofrutícolas em adultos
Um estudo de base populacional

 

Autor: Bruno dos Santos Maia
Orientador: Carla Lopes, Andreia Oliveira

 

Mestrado em Saúde Pública

Faculdade de Medicina

Universidade do Porto
 

 

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Determinantes socio-demográficos e de estilos de vida do consumo de hortofrutícolas em adultos

Resumo

Introdução: O consumo inadequado de hortofrutícolas é considerado um dos principais factores de risco para o desenvolvimento das doenças crónicas, principalmente doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro. A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo diário de pelo menos 400g de hortofrutícolas, o equivalente a aproximadamente 5 porções destes alimentos. O conhecimento dos determinantes do consumo de hortofrutícolas é essencial para o planeamento de políticas alimentares, para o desenvolvimento de medidas de educação alimentar e para o planeamento futuro de investigação científica.
Objectivos: Descrever o consumo de hortofrutícolas e avaliar os determinantes sociodemográficos e de estilos de vida do consumo de <5 porções/dia de hortofrutícolas em adultos Portugueses, recorrendo a informações de um estudo de base populacional
(EPIPorto). Métodos: Foram incluídos 2362 indivíduos, 1455 (61,6%) mulheres e 907 (38,4%) homens, com idades compreendidas entre os 18 e os 92 anos, residentes no Porto e recrutados por aleatorização de dígitos telefónicos. As informações foram obtidas através de um questionário estruturado. O consumo de hortofrutícolas foi estimado através de um questionário semi-quantitativo de frequência alimentar, referente aos 12 meses anteriores à avaliação, previamente validado. Foram calculados os odds ratio (OR) e os respectivos intervalos de confiança a 95% (IC 95%), através de regressão logística não condicional, separadamente para homens e mulheres.
Resultados: Em ambos os sexos, os itens sopa de legumes, alface/agrião e tomate fresco contribuíram para cerca de 50% do consumo médio semanal de hortícolas. Em relação à fruta, e em ambos os sexos, os itens maça/pêra e laranja/tangerina representaram cerca de 50% do consumo médio semanal. O consumo médio diário de hortícolas foi significativamente superior em relação ao de fruta tanto para as mulheres [3,4 (1,8) vs 2,3 (1,3) porções/dia, p<0,001] como para os homens [3,2 (1,6) vs 2,1 (1,2) porções/dia, p<0,001]. As mulheres reportaram consumos médios diários de hortofrutícolas significativamente superiores aos dos homens [5,8 (2,4) vs 5,3 (2,2) porções/dia de hortofrutícolas, p<0,001]. A proporção de consumidores de <5 porções/dia de hortofrutícolas foi significativamente superior nos homens em relação às mulheres (49,2 vs 42,2%, p=0,001). Após ajuste para a idade, a escolaridade, o estado civil, os hábitos tabágicos, a actividade física regular e a ingestão energética total, para ambos os sexos, o consumo de <5 porções/dia de hortofrutícolas associou-se inversamente com a idade (≥65 vs 18-39 anos: OR=0,63 IC 95% 0,42-0,94 para as mulheres e OR=0,33 IC 95% 0,20-0,56 para os 2 homens), a escolaridade (>12 vs <5 anos: OR=0,57 IC 95% 0,40-0,80 para as mulheres e OR=0,51 IC 95% 0,34-0,78 para os homens), a prática de actividade física regular (sim vs não: OR=0,51 IC 95% 0,40-0,66 para as mulheres e OR=0,56 IC 95% 0,42-0,75 para os homens) e a ingestão energética total (3º vs 1º tercil: OR=0,23 IC 95% 0,18-0,31 para as mulheres e OR=0,24 IC 95% 0,17-0,35 para os homens), e directamente com os hábitos tabágicos (fumadores vs não fumadores: OR=1,86 IC 95% 1,35-2,56 para as mulheres e OR=2,05 IC 95% 1,43-2,94 para os homens) e a ingestão de etanol (≥15,0g/dia vs não bebedores: OR=1,95 IC 95% 1,38-2,77 para as mulheres e ≥30,0g/dia vs não bebedores: OR=4,40 IC 95% 2,70-7,18 para os homens). Segundo o mesmo modelo, o consumo inadequado de hortofrutícolas associou-se directamente com a profissão nas mulheres (manual vs não manual: OR=1,56 IC 95% 1,20-2,02) e com o estado civil nos homens (não casado vs casado: OR=1,60, IC 95% 1,08-2,38).

Conclusões: Na população adulta da cidade do Porto, o consumo médio diário de hortícolas foi superior em relação à fruta e as mulheres reportaram consumos médios diários de hortofrutícolas superiores em comparação com os homens. Em ambos os sexos, ser mais novo, menos escolarizado, fumador, não praticante de actividade física regular e bebedor de etanol foram os principiais determinantes do consumo inadequado de hortofrutícolas. Ter profissões não manuais, no caso das mulheres, e não ser casado, no caso dos homens, mostrou-se igualmente determinante de um consumo inadequado destes alimentos. As estratégias para aumentar o consumo de hortofrutícolas, para além de incluir grupos de indivíduos com consumos inadequados destes alimentos, devem promover a adopção de estilos de vida saudáveis de forma integrada.

 

Índice

Resumo

Abstract

Introdução

Definição de hortofrutícolas

Consumo de hortofrutícolas

Determinantes do consumo de hortofrutícolas

Objectivos

Métodos

Selecção da amostra

Recolha de informação

Consumo alimentar

Características socio-demográficas e de estilos de vida

Avaliação antropométrica

Ética

Análise estatística

Resultados

Discussão

Conclusões

Referências bibliográficas

Anexos

 

 

Trabalho completo