Medicina / Ciências Médicas e da Saúde Dissertações de Mestrado
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A boa morte: ética no fim da vida
Autor:
José António Saraiva Ferraz Gonçalves
Mestrado em Bioética Faculdade de Medicina
Universidade do Porto
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Resumo A morte ocorre inexoravelmente e é comum a todos os seres vivos. Os seres humanos que se crê terem dela uma consciência particular, em geral, não a desejam. Porém, o sofrimento provocado por certas doenças físicas e psicológicas leva algumas pessoas a desejar e a procurar a morte. O suicídio é uma das formas que algumas pessoas encontram para acabar com o seu sofrimento. Quando muito debilitadas para o poderem fazer pelos seus próprios meios, por vezes, procuram que profissionais de saúde, geralmente médicos, as ajudem a morrer. É hoje consensual que as pessoas podem, quando na posse das suas faculdades mentais, recusar quaisquer tratamentos ainda que estes lhe pudessem salvar a vida. Mesmo quando estão cognitivamente incompetentes, podem ainda manifestar-se se tiverem deixado instruções sobre a sua vontade. No entanto, quando a vontade do doente não é conhecida, outros problemas de decisão se colocam, devendo pugnar-se sempre por o que for entendido como os melhores interesses do doente. Uma resposta positiva ao sofrimento são os cuidados paliativos, cujo desenvolvimento é imperioso mas que se tem arrastado demais. O que os médicos portugueses pensam sobre este assunto não é conhecido. Por isso, foi feito um inquérito por via postal a oncologistas portugueses, incritos na Sociedade Portuguesa de Oncologia e outros. Observou-se que a maioria dos oncologistas é contra a prática da eutanásia e do suicídio assistido, mas mais de 30% são a favor da sua legalização. Só um médico admitiu ter praticado eutanásia num caso, mas nenhum prestou assistência ao suicídio de um doente. O factor mais importante associado a ser-se a favor ou contra as práticas da morte assistida foi o ser-se católico praticante ou não praticante, sendo estes últimos favoráveis a essas práticas numa percentagem maior. A maioria dos oncologistas é a favor da suspensão de medidas de suporte da vida a pedido do doente, embora só 41% estivesse disposto a suspender a alimentação e a hidratação. Mais de 95% dos médicos administraria um fármaco para aliviar o sofrimento de um doente, ainda que com isso pudesse encurtar-lhe a vida. Cerca de 80% considera que os cuidados paliativos poderiam evitar pelo menos muitos dos pedidos de morte assistida. Os resultados obtidos devem ser considerados com cautela, visto que só cerca de 33% dos médicos inquiridos responderam. A ideia de que os cuidados paliativos poderiam ser a resposta mais apropriada para os problemas dos doentes, na parte final da sua vida, reflecte um grande consenso e é uma das mais importantes conclusões do estudo.
Índice 1. Introdução, 1
1.1. A Morte e a Sociedade, 2
1.5.1. A Morte Cárdio-Respiratória, 17 2. Abstenção ou Suspensão de Tratamentos, 29
2.1. Cuidar e Tratar: os Objectivos da
Medicina, 29
2.5.1. Autonomia, 40 2.6. Matar e Deixar Morrer, 52 2.7. Alimentação e Hidratação Artificiais, 53 2.7.1. Alimentação e Hidratação Artificiais no Estado Vegetativo Persistente, 56 2.8. Conclusão, 58 3. Suicídio, 63 3.1. Epidemiologia, 64 3.1.1. Factores de Risco e Factores Protectores, 65 3.2. Suicídio nos Doentes com Cancro, 68 3.2.1. Ideação Suicida, 71
3.3. Suicídio nos Doentes com SIDA, 72 4. Cessação Voluntária da Alimentação e da Hidratação, 88
4.1. Autonomia, 88 5. A Morte Assistida, 95
5.1. Definições, 97 5.6. Relação entre a Eutanásia e o Suicídio Assistido, 108 5.7. Argumentos a Favor e Contra a Morte Assistida, 111
5.7.1. Respeito pela Autonomia, 111 5.8. O que se Passa em Alguns Países, 124
5.8.1. Holanda, 124 5.9. Perspectiva das religiões, 129 5.10. Conclusão, 131 6. Sedação, 139
6.1. Uso da Sedação em Medicina, 139 6.5.1. A Sedação como Terapêutica, 147
6.6. Efeito da Sedação na Sobrevivência,
147 6.8.1. O Processo de Decisão, 149 6.8.2. A Eutanásia Lenta, 150
6.9. Princípio do Duplo Efeito, 153 7. Cuidados Paliativos, 161
7.1. Conceitos Actuais sobre Cuidados
Paliativos, 162 8. Estudo sobre as Decisões em Situações de Fim de Vida Tomadas pelos Oncologistas Portugueses na Prática Clínica, 182 8.1. Métodos, 183 8.2. Resultados, 185
8.2.1. Eutanásia, 186 8.3. Discussão dos Resultados, 196
8.3.1. Eutanásia e Suicídio Assistido, 197
8.4. Conclusão, 207 9. Conclusão, 211 10. Anexos, 216
10.1. Anexo 1 – Questionário, 218
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