Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Aspectos psicológicos da infertilidade e das técnicas de procriação medicamente assistida

 

Autor: Maria Salomé Reis da Silva

 

Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental

Faculdade de Medicina

Universidade do Porto
 

 

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Aspectos psicológicos da infertilidade e das técnicas de procriação medicamente assistida

Resumo

A Infertilidade foi reconhecida pela OMS como um problema de saúde pública e é definida como a incapacidade de engravidar após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares sem contracepção (WHO, 1992). A prevalência da infertilidade nos países industrializados é de 17-28% e, em média, 56% dos casais inférteis procura ajuda médica. Estudos recentes mostram que a experiência da infertilidade e dos tratamentos de PMA está relacionada com resposta emocionais como depressão, ansiedade, culpa e isolamento social em homens e mulheres. A vivência da infertilidade e dos tratamentos de PMA constitui uma situação geradora de stress e instabilidade emocional para muitos casais. Este stress e instabilidade podem comprometer, ainda que com diferente intensidade, diversas esferas da vida pessoal, conjugal e social dos indivíduos inférteis. O principal objectivo deste estudo é analisar o impacto psicológico (relativamente a níveis de ansiedade e depressão, estratégias de coping, ajustamento conjugal e suporte social) em casais que, uma vez confrontados com o diagnóstico de infertilidade, se propõem a realizar tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA), quer pela primeira vez, quer de forma repetida. A população deste estudo é constituída por 89 casais, divididos em dois grupos (casais que vão iniciar tratamentos de PMA pela 1ª vez; e casais que estão a realizar tratamentos de PMA de forma repetida). Os participantes preencheram o Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II), o Ways of Coping (WOC), o Inventário de Estado-Traço de Ansiedade – Forma Y (STAI-Y), a Dyadic Adjustment Scale (DAS) e a Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS). Os resultados encontrados sugerem que os casais que estão a realizar tratamentos de PMA pela 1ª vez evidenciam níveis mais elevados de ansiedade-estado e de satisfação com o suporte social, comparativamente ao grupo de casais que está a realizar tratamentos de forma repetida. Os níveis de sintomatologia depressiva e o recurso a estratégias de coping é superior no grupo de casais que está a realizar tratamentos de PMA de forma repetida. Relativamente aos níveis de ajustamento conjugal, não se verificaram diferenças entre os grupos. São discutidas as implicações para a intervenção psicológica com base nestes resultados, assim como sugeridas indicações para investigações futuras.

 

Palavras chave: Infertilidade, Tratamentos de Procriação Medicamente Assistida,
Impacto Psicológico
 

 

Abstract/Resumo