Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Artemisinias no tratamento da Malária
Perspectivas futuras

 

Autor: Maria João Leite Vilaça
Orientador: Cândida Abreu

 

Mestrado Integrado em Medicina - Doenças Infecciosas

Faculdade de Medicina

Universidade do Porto
 

 

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Artemisinias no tratamento da Malária

Resumo

A malária é considerada a doença parasitária mais importante do mundo, sendo responsável por cerca de 0,9 milhão de mortes em 2008, sobretudo de crianças com menos de 5 anos. Campanhas de erradicação abrangentes foram previamente tentadas e são novamente tidas como objectivo. No entanto, as resistências, em especial por parte do Plasmodium falciparum, desenvolveram&se à medida que a intensidade do uso dos diversos fármacos aumentou, pelo que é preocupação crescente que resistências às artemisininas, usadas em terapêutica de combinação (ACT) como primeira linha terapêutica recomendada pela OMS, também se desenvolvam ou tenham já desenvolvido. As artemisininas, fármacos cujo mecanismo de acção permanece por esclarecer apesar dos vários anos de uso, apenas recentemente foram introduzidas no tratamento da malária na maior parte do mundo, enquanto que no Sudeste asiático são usados há muito tempo. Diversos estudos apontam para uma diminuição da susceptibilidade do parasita Plasmodium falciparum às artemisininas na fronteira entre o Cambodja e a Tailândia, sendo o principal fenómeno documentado um atraso na depuração do parasita no sangue de alguns doentes. Contudo, a forma de monitorização da resistência terapêutica às artemisininas tem&se revelado difícil de definir: é frequente verificar&se a dissociação entre as observações in vivo e a susceptibilidade in vitro aos fármacos, valor cut-off IC50 definidor de resistência in vitro ainda não foi estabelecido e apesar de diversos marcadores genéticos associados em diferentes estudos à resistência, ainda não foi encontrado um marcador genético preciso com resultados reprodutíveis que possa ser usado como indicador de resistência. Não obstante os vários pontos susceptíveis de discussão e a falta de uniformidade dos estudos existentes, tornando&se difícil comparar resultados, a OMS assume que a resistência às artemisininas efectivamente surgiu nesta zona do planeta sendo uma ameaça potencial ao sucesso obtido nos últimos anos no combate a esta doença. Esta resistência aparenta estar contida, e maioritariamente a eficácia terapêutica de ACT permanece alta. Assim é urgente que a comunidade internacional foque esforços na prevenção do uso de artemisininas em monoterapia, no acesso universal ao diagnóstico da doença e estreite a vigilância da eficácia terapêutica e monitorização de resistências, de modo a que estes fármacos possam continuar a ser usados com eficácia no arsenal terapêutico contra a malária.

 

Palavras chave: Artemisininas, Resistência às Artemisininas, Tratamento da Malária
 

 

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