Ciências da Educação

Dissertações de Mestrado

 

Políticas de educação de adultos e o ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras

 

Autor: Béatrice Perez Lages Ribas
Orientador:
Licínio C. Lima

 

Mestrado em Educação

Área de especialização em Educação de Adultos

Universidade do Minho
 

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Políticas de educação de adultos e o ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras

Resumo

Este trabalho constitui-se num estudo desenvolvido na área da Educação de Adultos, tendo como preocupação central saber como e onde se situam o ensino e a aprendizagem das línguas estrangeiras nas políticas de Educação de Adultos. Procurámos dar resposta a esta questão reflectindo sobre os conceitos relativos à Educação e Aprendizagem ao Longo da Vida e traçando uma retrospectiva das políticas educativas que nortearam este sector da Educação. Percebemos que as solicitações políticas e sociais que envolvem os adultos e os orientam para a aprendizagem de línguas estrangeiras reflectem uma instrumentalização das mesmas ao pretender tornar os indivíduos mais empregáveis no seio de um sistema mundial altamente competitivo. Tendo desenvolvido esta análise no enquadramento das políticas de Educação de Adultos que, em Portugal e na Europa, marcaram os últimos 30 anos, procurámos ainda entender o lugar que as línguas estrangeiras ocupam no processo de instrumentalização da Educação de Adultos para a mudança social e para o desenvolvimento, e concluímos que elas constituem um elemento fundamental para qualificar os indivíduos, mas também para torná-los menos vulneráveis aos riscos decorrentes dos imperativos da competitividade económica. Tendo, igualmente, considerado os factores económicos, políticos e sociais que orientam o processo de ensino das línguas em Portugal, confirmámos a existência de um mercado linguístico no qual o sector privado, representado pelos institutos privados, assume um lugar de destaque, favorecendo a procura privada e individual de formação, e distanciando-se cada vez mais do ideário educativo segundo o qual as línguas estrangeiras contribuem para o exercício de uma cidadania democrática. Neste sentido, a aprendizagem de qualquer língua estrangeira é definida enquanto vantagem competitiva individual – ao valorizar a vertente formativa e as motivações dos adultos – e dificilmente consegue assumir-se como base para uma globalização contra-hegemónica apoiada nos conceitos de cidadania crítica e diálogo inter/multicultural. É, finalmente, de acordo com estes pressupostos que apontámos para uma crescente mercadorização do ensino das línguas e, consequentemente, para um aumento das clivagens sociais associadas à desigualdade de oportunidades educativas já que, perante a ausência de definição de estratégias por parte da entidade pública interveniente no sector, o ensino e a aprendizagem das línguas estrangeiras em Portugal continuam a estar apenas ao alcance de uma parte da população adulta com meios suficientes para pagar a sua formação.

 

Índice

Agradecimentos

INTRODUÇÃO

I PARTE

As políticas educativas e as políticas educativas de adultos: construção de uma rede de conceitos.

CAPÍTULO I

Noções, conceitos e princípios de Educação e Aprendizagem

1. Da Educação Permanente à Aprendizagem ao Longo da Vida

1.1. Educação / Aprendizagem ou política / estratégia
1.2. O princípio de subsidariedade

2. A sociedade de Aprendizagem

2.1. Uma esfera pseudo-pública constituída a partir de um processo muito
privado

2.2. A despolitização da educação e a aprendizagem como processo de consumo de produtos

2.3. Os mercados e os quase-mercados de aprendizagem

3. Mundialização / globalização

3.1. Globalização vs localização

3.2. Da modernidade à pós-modernidade passando pela modernidade tardia ou a perda da fé nas grandes narrativas

CAPÍTULO II

Estratégias de Educação de Adultos ou Políticas Educativas de Adultos?

1. A Educação de Adultos em Portugal enquanto prioridade retórica no domínio
das políticas de inspiração neoliberal

2. A dimensão europeia na Educação de Adultos
3. A questão da aprendizagem das línguas estrangeiras no âmbito da Educação de Adultos em Portugal
4. Portugal no quadro europeu de ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras

CAPÍTULO III

Proposta de um quadro teórico-conceptual: das perspectivas e concepções do ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras enquanto Educação de Adultos

1. (De)limitações
2. O modelo social-democrata, a racionalidade regulatória e a educação progressiva
3. O modelo racional-crítico, a racionalidade emancipatória e a educação progressista
4. O modelo reformista-neoliberal, a racionalidade económica e a “educação contábil"

II PARTE

A aprendizagem das línguas estrangeiras e a Educação de Adultos: “Burro velho não aprende línguas”?

CAPÍTULO IV

Os adultos e a aprendizagem das línguas estrangeiras como objecto de estudo: reflexões

1.A aprendizagem das línguas estrangeiras como objecto de estudo políticosocial em contexto de mercado linguístico
2.A aprendizagem das línguas estrangeiras enquanto exercício de violência

simbólica

2.1 A questão do Inglês

2.2. A língua inglesa: trunfo ou ameaça?

3.De uma reflexão ontológica e epistemológica aos aspectos metodológicos da
investigação realizada

3.1.Técnicas de recolha de dados
3.2. Dificuldades encontradas
3.3.Caracterização da população estudada

CAPÍTULO V

Os adultos e a aprendizagem das línguas estrangeiras em Portugal: dos discursos às práticas

1.Os adultos e a aprendizagem das línguas estrangeiras em Portugal ou um discurso social-democrata para uma prática neoliberal
2.A oferta privada

2.1. O caso das escolas e institutos privados

2.2.O caso do ensino a distância
2.3. Aprender uma língua por fascículos

3.A oferta pública

3.1. Aprender uma língua estrangeira por unidades ou blocos capitalizáveis
3.2. A aprendizagem das línguas e a ANEFA
3.3. A questão das competências em línguas estrangeiras
3.4. O reconhecimento, a validação e a certificação nas línguas estrangeiras

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA GERAL

Livros, capítulos de livros e artigos citados
Legislação consultada e referenciada

ANEXOS

Anexo I – Guião das entrevistas
Anexo II – Índice de figuras, quadros e tabelas
Anexo III – Siglas utilizadas no texto

APÊNDICE

Transcrição das entrevistas
 

 

Trabalho completo