Ciências da Educação

Dissertações de Mestrado

 

Concepções e práticas pedagógicas sobre a leitura
Uma análise de provas de avaliação

 

Autor: Paulo Jorge da Cunha Alves
Orientador:
José António Brandão Carvalho

 

Mestrado em Educação
Área de Especialização em Supervisão Pedagógica em Ensino de Português

Universidade do Minho
 

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Concepções e práticas pedagógicas sobre a leitura

Resumo

A sociedade actual é caracterizada pelo desenvolvimento rápido da tecnologia, o qual produz mudanças contínuas na vida dos cidadãos, exigindo-lhes um esforço permanente de adaptação a novas situações e exigências. Nesta perspectiva, a formação educativa de cada pessoa deve assentar na aquisição de competências que lhe permitam enfrentar novos desafios e adaptar-se a diferentes contextos. Embora a sociedade, em geral, e a família, em particular, tenham responsabilidades específicas na formação de cada indivíduo, cabe à escola a tarefa principal de preparar os alunos para a vida em sociedade. A disciplina de Português tem um papel muito importante no sucesso escolar dos alunos e na sua formação académica, uma vez que procura dotá-los de competências que são transversais ao currículo. Aprendendo a interagir verbalmente em diferentes contextos, sendo leitores fluentes e críticos, usando a escrita multifuncionalmente, os alunos tornam-se competentes para realizar muitas das tarefas que a escola e a sociedade lhes colocam. As competências de leitura são essenciais, pois a compreensão de múltiplas formas de textos é exigida na vida pessoal e profissional de cada pessoa, pelo que é importante saber que concepções de leitura e leitor possuem as entidades oficiais e os professores de Português, e que métodos de ensino da compreensão da leitura são usados na escola. As práticas avaliativas fazem parte do trabalho desenvolvido pelos docentes e as diversas modalidades são operacionalizadas de forma pertinente através de instrumentos de avaliação de entre os quais os testes sumativos assumem um destaque central, pelo que a sua análise permite obter um retrato aproximado das práticas pedagógicas que os antecedem. Neste trabalho, analisámos testes escritos elaborados na avaliação externa e interna e realizámos entrevistas a professores de Português, procurando caracterizar as concepções “oficial” e “real” de leitor e leitura, detectando as linhas de continuidade e de ruptura. Na nossa análise, procurámos saber que tipos de texto integram os testes, sobre que estruturas textuais incidem as questões, quais as operações de leitura realizadas pelos alunos e quais os formatos das questões utilizadas. Foi possível constatar que existe um contraste entre o que o currículo institui e o trabalho desenvolvido na escola. Com efeito, privilegiando questões de resposta a construir e servindo-se essencialmente de textos literários como pretexto para a abordagem de outras dimensões que não as da compreensão, os professores de Português valorizam a análise de textos pertencentes ao cânone literário, atribuem um valor significativo aos seus aspectos formais e parecem conceber o leitor como uma entidade passiva que se limita a descobrir os significados que a cultura escolar considera “aceitáveis”. Esta perspectiva contrasta com os traços detectáveis nas provas nacionais, em que são usados formatos de questões de correcção mais objectiva. Nestas provas, os textos literários não canónicos surgem ao lado de textos não literários, e privilegia-se a descoberta dos significados em detrimento dos aspectos formais ou não directamente associados aos textos analisados, concedendo-se algum espaço ao leitor na apreciação e recriação dos sentidos que deles emanam. Os dados obtidos apontam para a existência nas escolas de um modelo de ensino da compreensão da leitura do tipo “mencionar-dar exercícios-verificar as respostas”, em detrimento dos modelos de “ensino explícito” ou do tipo “intervenção antes-durante-depois da actividade de leitura”. Uma análise diacrónica dos dados permitiu-nos verificar que a avaliação externa exerce alguma influência sobre a forma como se desenvolve a avaliação interna, notando-se, a partir do momento em que se passaram a realizar os exames nacionais do 9º ano, mudanças em todas as áreas de incidência da nossa análise. As respostas dos professores confirmaram as percepções obtidas sobre as concepções de leitor e de leitura, bem como sobre as modalidades e instrumentos de avaliação que caracterizam as práticas avaliativas desenvolvidas na escola.

 

Índice

Introdução

Capítulo I - A importância da leitura na sociedade e na escola.

1 - Concepções sobre a leitura
2 - Leitura e sociedade.
3 - Leitura e Escola

3.1 - O papel da escola na aquisição de hábitos e competências de leitura.
3.2 – A importância da leitura no contexto escolar.

3.3 - A leitura na disciplina de Língua Portuguesa

3.3.1 – Objectivos
3.3.2 – Modalidades
3.3.3 - Objectos de leitura

4. O ensino da compreensão da leitura

4.1. Influência das concepções sobre o aluno/leitor nas práticas de ensino da compreensão da leitura.

4.2. Dois modelos de ensino da compreensão da leitura.

Capítulo II - Concepções sobre a avaliação.

1. Algumas considerações sobre a avaliação
2. A avaliação na disciplina de Língua Portuguesa.
3. Modalidades de avaliação.
4. Instrumentos de avaliação.

4.1. O teste escrito como elemento de informação sobre o currículo

Capítulo III - “Concepções e Práticas Pedagógicas sobre A Leitura – Uma análise de provas de avaliação ”: coordenadas do estudo.

1. Problemática

2. Objectivos.
3. Objecto de análise.
4. Corpus do estudo.
5. Áreas de incidência da análise.
6. Procedimentos de Análise.

6.1. Tipos de textos que integram os testes.
6.2. Incidência das questões nas estruturas textuais.
6.3. Operações de leitura realizadas pelos leitores.
6.4. Formato das perguntas.

7. Apresentação dos dados.

Capítulo IV – Apresentação e análise dos resultados

1. Tipos de textos que integram os testes.

1.1. Avaliação externa: provas de aferição e exames nacionais
1.2. Avaliação interna: exames de escola, provas globais e testes periódicos.
1.3. Análise comparativa global.

2. Incidência das questões nas estruturas textuais

2.1. Avaliação externa: provas de aferição e exames nacionais
2.2. Avaliação interna: provas globais, exames de escola e testes periódicos

2.3. Análise comparativa global.

3. Operações de leitura realizadas pelos leitores

3.1. Avaliação externa: provas de aferição e exames nacionais
3.2. Avaliação interna: provas globais, exames e testes periódicos.
3.3. Análise comparativa global.

4. Formato das perguntas.

Capítulo V – Concepções e práticas pedagógicas sobre a leitura dos professores de Língua Portuguesa.

Considerações finais

Bibliografia

Anexos

Anexo I – Exemplares de testes escritos.
Anexo II – Quadros
Anexo III – Guião da entrevista
 

 

Trabalho completo