Conceito de Sistema do Complemento
O sistema do complemento foi descoberto
por Jules Bordet (1870 - 1961) como um componente do plasma normal que
causa a opsonização e a morte das bactérias. O sistema do complemento
envolve mais de 20 proteínas que circulam no sangue e nos tecidos. A
maioria das proteínas estão inativas, mas em resposta ao reconhecimento
de componentes moleculares de microrganismos, elas ficam sequencialmente
ativadas a partir de uma cascata enzimática. O sistema do complemento
pode ser ativado através de três vias diferentes (clássica, alternativa
e lectina), que levam à ativação do C3, clivando-o num fragmento, C3b,
que atua como uma opsonina, e num outro que promove a inflamação, C3a
(anafilatoxina). O C3 ativado pode despoletar a via lítica, que consegue
danificar as membranas plasmáticas das células e de algumas bactérias. O
C5a produzido neste processo atraí os macrófagos e os neutrófilos e
também ativa os mastócitos. Em baixo explica-se pormenorizadamente as
diferentes características das três vias de ativação do C3:
- Via clássica. Esta via envolve os
componentes C1, C2 e C4. A via clássica é despoletada por complexos
antigénio-anticorpo ligados ao C1, que possui três subcomponentes C1q,
C1r e C1s. Estes formam a convertase do C3, C4b2a, que divide o C3 em
dois fragmentos: o fragmento maior, C3b, que pode ligar covalentemente à
superfície dos agentes patogénicos e encadear a opsonização; o fragmento
pequeno, C3a, que ativa os mastócitos, induzindo a libertação de
mediadores vasoativos como a histamina.
- Via alternativa. Esta via envolve vários
fatores, B, D, H e I, que interagem uns com os outros e com o C3b para
formar a convertase do C3, C3bBb, que pode ativar mais C3. Devido a esta
contínua ativação do C3, por vezes, esta via é denominada de loop
amplificador. A ativação deste loop amplificador é promovida pela
presença de paredes celulares de fungos e de bactérias, mas é inibida
por moléculas da superfície de células mamíferas normais.
- Via da lectina. Esta via é ativada pela
ligação da lectina de ligação à manose (MBL, do inglês “mannose-binding
lectin”) a resíduos de manose da superfície do agente patogénico. Por
seu turno, este ativa a protéase de serina associada ao MBL, MASP-1 (do
inglês, “MBL associated serine proteases”) e MASP-2, que ativam o C4 e
C2 para formar a convertase do C3, C4b2a.
A via lítica ocorre após a ativação de
umas das 3 vias anteriormente referidas (clássica, alternativa ou
lectina). É iniciada pela divisão do C5 e pela ligação do C5b à
célula-alvo. As unidades C6, C7, C8 e C9 conjuntamente com o C5b formam
o complexo de ataque à membrana (MAC, do inglês “membrane-attack
complex”), que quando fixado à membrana extracelular da bactéria pode
contribuir para a sua morte, através da lise da sua membrana. Os
glóbulos vermelhos que têm anticorpos ligados à sua superfície celular
podem também ativar as vias clássica e lítica, ficando suscetíveis à
lise celular.
Outros assuntos relacionados:
- Mastócitos
- Neutrófilos
- Macrófagos
- Fagocitose
- Histamina
- Imunologia
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