Conceito de Replicação do DNA
O processo de replicação do DNA genómico é
bastante complexo, permitindo assegurar ao organismo a passagem das suas
características específicas à descendência, através da replicação do seu
material genético. É um processo intimamente ligado ao ciclo celular e
é, tanto em eucariotas como em procariotas, um mecanismo bidirecional
com uma única origem de replicação em genomas circulares de procariotas,
e com centenas de origens de replicação em genomas lineares de
eucariotas, variando consoante a espécie.
De um modo geral, consiste na duplicação
de moléculas de DNA através de um modelo semiconservativo baseado
na complementaridade das duas cadeias de DNA constituintes da dupla
hélice, na qual cada cadeia parental serve de molde para a cadeia filha
que lhe é complementar, culminando na obtenção de duas moléculas filhas
idênticas ao duplex inicial – modelo sugerido por Watson e Crick,
em 1953. Neste mecanismo, intervém um conjunto de entidades proteicas
que constituem a maquinaria de replicação, que vai atuar ao longo
das várias fases deste processo: Iniciação, Elongação e Terminação.
Figure 1- Modelo de Replicação semiconservativo do DNA
Fonte: B10 – Biologia 10.ª Classe (2008), Texto Editores
O processo de replicação inicia-se então a
partir de uma origem de replicação ao qual vão ligar dois complexos
enzimáticos hexaméricos – helicases, responsáveis pelo
desenrolamento da dupla hélice, quebrando as ligações hidrogénio
estabelecidas entre as bases azotadas complementares de cada cadeia. Às
duas cadeias simples resultantes associar-se-ão novas proteínas
específicas responsáveis por manter a estrutura estável e adequada ao
posterior reconhecimento pela DNA polimerase, permitindo que
possam servir de modelo às duas cadeias filhas que lhe serão
complementares. Este conjunto de proteínas e DNA formando uma estrutura
funcional na zona da origem de replicação, vai dar origem a uma
dupla forquilha de replicação que se estenderá em direções
opostas nas cadeias simples.
Para se dar início à síntese de cada
cadeia filha, é ainda necessária a intervenção de um novo complexo
enzimático – primase, que irá sintetizar um fragmento iniciador
de RNA – fragmento iniciador ou RNA iniciador, a partir da
extremidade 5’ de cada uma das novas cadeias a sintetizar. Este
fragmento iniciador tem como função permitir a ligação da DNA
polimerase, responsável pela síntese das novas cadeias filhas
através da catalisação das reações de condensação dos nucleóticos
percursores, de acordo com a sequência nucleotídica da cadeia simples de
DNA molde.
A polimerização das cadeias simples de DNA
ocorre em ambos os sentidos a partir da origem de replicação, em
que as duas forquilhas de replicação de deslocam em direções
opostas. No entanto, e devido ao antiparalelismo da cadeia de DNA
parental das duas cadeias filhas a sintetizar, só uma poderá ser feita
de forma continua no sentido 5´- 3’, a partir da região parental
adjacente à origem de replicação. Deste modo, enquanto que na
cadeia condutora – leading, a polimerização ocorre de forma
contínua (5’ – 3’), a outra cadeia – lagging, é sintetizada de
forma descontinua, através da formação de pequenos fragmentos
interrompidos a partir dos iniciadores de RNA - fragmentos de Okazaki.
O posterior processo de ligação dos fragmentos de Okazaki implica
a remoção do RNA iniciador existente no fragmento na extremidade
5’, ao mesmo tempo que são adicionados novos nucleótidos na extremidade
3’ do fragmento de DNA adjacente, pelas DNA polimerases. Os dois
fragmentos de DNA são então ligados pela DNA ligase, que
estabelece a ligação fosfodiéster entre o grupo 3’ do último nucleótido
do primeiro fragmento de Okazaki e a extremidade 5’ do fragmento
adjacente acabado de sintetizar.

Figure 2- Mecanismo básico de Replicação
do DNA
Fonte: B10 – Biologia 10.ª Classe (2008), Texto Editores
Durante todo o processo de replicação e de
modo a aliviar a tensão de torção da abertura da dupla hélice pelas
helicases, estão presentes enzimas do tipo topoisomerase.
Estas enzimas encontram-se associadas à cadeia dupla a montante de cada
helicase e removem a tensão existente através de uma série de
cortes pontuais nas ligações fosfodiéster, reformadas posteriormente
pela ação da mesma enzima.
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