Conceito de Reino
A taxonomia tem por objetivo classificar
os organismos e colocá-los em grupos. Desde a Antiguidade que o Homem
sente necessidade de estabelecer uma ordem na Natureza, ou seja, de
classificar. Desenvolveram-se, por isso, sistemas de identificação e
classificação dos organismos segundo certas normas, atendendo ao
extraordinário número de espécies diferentes que existem na biosfera.
Os sistemas de classificação foram
evoluindo ao longo dos séculos, e passaram de sistemas rudimentares e
práticos a sistemas bastante complexos. Esta evolução resultou do
desenvolvimento de técnicas de biologia molecular, as quais permitiram
analisar o DNA dos organismos e estabelecer relações filogenéticas entre
eles.
O sistema hierárquico, atualmente, usado é
o de Lineu, que ao elaborar a classificação dos seres vivos, formou
grupos que mostram o grau de parentesco entre eles, já que as
semelhanças que apresentavam resultavam desse parentesco. Os grupos que
Lineu estabeleceu foram, do menos restrito para o mais restrito: Reino;
Filo; Classe; Ordem; Família; Género e Espécie. Foram, no entanto,
incluídas categorias intermédias (ex: subfilo, infraordem, etc.).
O Reino representa a categoria
taxonómica de maior amplitude.
Lineu, no século XVIII, distribuiu os
seres vivos por apenas dois reinos: Reino Animal e Reino das Plantas.
Pertenciam ao Reino Animal todos os seres com locomoção (pelo menos
durante alguma fase do seu ciclo de vida), desprovidos de clorofila e
que se alimentavam de outros animais ou plantas. As células dos animais
não apresentavam parede celular. No Reino das Plantas incluía todos os
seres sésseis, isto é, sem movimento, providos de clorofila e de parede
celular. Neste grupo estavam incluídas as bactérias e os fungos, uma vez
que, apresentavam parede celular.
No século XIX, Haeckel apresentou um
sistema de classificação baseado em três reinos. Formou-se o Reino
Protista. Neste novo grupo juntou-se organismos unicelulares que
pertencia ao Reino das Plantas e os protozoários que, anteriormente,
estavam no Reino Animal. Este novo grupo estabeleceu-se para resolver
várias questões que apareceram com a evolução da microscopia e de
técnicas de bioquímica, que detetaram a existência de uma grande
diversidade de formas incluídas no mesmo Reino.
Posteriormente, verificou-se que os
organismos incluídos no Reino Protista apresentavam uma organização
celular bastante variada. Havia seres que apresentavam células com
membrana nuclear e outros que não possuíam membranas internas. Copeland
propôs assim uma classificação baseada em quatro Reinos. Surgiu-se,
assim, o Reino Monera onde foram incluídos todos os organismos
unicelulares desprovidos de núcleo, os procariontes. No Reino Protista
passaram a ser apenas incluídos os seres com membranas nucleares, os
eucariontes.
Em 1969, Robert Whittaker desenvolveu um
sistema de classificação que teve por base cinco Reinos. Este novo
sistema baseia-se em dois critérios fundamentais: a organização celular
(células procarióticas ou eucarióticas) e o tipo de nutrição
(autotróficos, heterotróficos por ingestão ou absorção). Neste sistema
os seres vivos mais simples e primitivos, os procariontes, foram todos
incluídos no Reino Monera, como já acontecia no sistema anterior. E os
seres eucariontes foram divididos em quatro Reinos. No Reino Protista
foram incluídos apenas seres unicelulares, fotossintéticos ou não. No
Reino dos Fungos figuravam seres unicelulares e pluricelulares que
apresentavam como tipo de nutrição a absorção após digestão
extracelular. Nas Plantas foram colocados apenas organismos
pluricelulares fotossintéticos. E no Reino Animal seres multicelulares
que apresentavam como forma de nutrição a digestão intracelular ou
extracelular.
A formação do novo Reino dos Fungos
deveu-se a que todos estes organismos apresentavam características que
impediam a sua inclusão nos outros grupos: nenhum fungo é
fotossintético, o tipo de nutrição é a absorção depois da digestão
extracorporal e a suas paredes celulares não são de origem celulósica.
Inicialmente, as algas unicelulares
estavam incluídas no Reino Protista e as pluricelulares no Reino das
Plantas. Em 1979, Whittaker atendendo à simplicidade das algas
multicelulares colocou-as no Reino Protista. Este reino passou a incluir
todas as algas e deixou de ter como característica diagnosticante a
unicelularidade e passou a incluir seres multicelulares relativamente
simples.
É esta a classificação que é a mais usada
nos dias de hoje. Porém, a classificação dos seres vivos nunca está
completa, nem aperfeiçoada, e por isso continua em constante alteração,
conforme novas técnicas se desenvolvam e permitam novos conhecimentos
dos organismos. Nesta linha, em 1970, Carl Woese, propôs que dentro dos
procariontes havia dois grupos distintos: as arqueobactérias e as
eubactérias. Baseando em estudos moleculares ao nível do RNA ribossómico
surgiu, assim, uma nova classificação baseada em seis reinos, amplamente
aceite pela comunidade científica. Outras propostas de classificação
admitam a existência de outros reinos.
Um nível de classificação superior ao
Reino, o Domínio, surgiu nos dias de hoje, e agrupa os organismos em
três Domínios, tendo em conta as diferenças moleculares entre as
eubactérias, as arqueobactérias e os eucariontes.
O Domínio Bacteria inclui o Reino
Eubacteria; o Domínio Archaea inclui o Reino
Archaebacteria e o Domínio Eucarya inclui os Reinos
Animalia, Fungi, Plantae e Protista.
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