Conceito de Patologia
Define-se como uma
disciplina da
medicina
que estuda as causas das doenças e das alterações por elas provocadas no
organismo. A palavra
Patologia, que etimologicamente deriva do grego, “pathos”
e “logía”,
significa a “ciência da doença”. A Patologia pode ser utilizada
no estudo da doença em geral, incorporando uma grande variedade de
biociências, como a Biologia Celular, Biologia Molecular,
Fisiologia, Histologia, entre outras. As áreas da
Patologia mais conhecidas são:
-
Patologia Cirúrgica ou externa, que
analisa
a evolução das doenças, lesões, etc., que podem ter solução cirúrgica;
-
Patologia Geral, que infere sobre as
características e elementos gerais de todas as doenças e sua repercussão
sobre os vários órgãos;
-
Patologia médica ou interna, que estuda as
doenças e da sua evolução no corpo humano, quando não é possível
tratá-las por abordagem cirúrgica;
-
Patologia Vegetal ou Fitopatologia, que
trata
do
conhecimento das doenças das plantas;
Para além das já
citadas,
existem outras áreas promissoras como a Patologia Forense ou a
Histopatologia.
Evolução da Patologia ao longo da História
A História da Patologia, que tem caminhos comuns com outras
especialidades médicas, surgiu na Antiguidade quando o Homem começou a
pensar nas doenças que o afetavam. Pensa-se que a descrição de doenças
em formato documental surgiu na Medicina Egípcia, em que os exemplares
mais importantes são o Papiro de Edwin Smith (século XVII antes de
Cristo) e o Papiro de Ebers (século XVI antes de Cristo). Estes
documentos contêm informações sobre diferentes tipos de danos ósseos,
tracoma, parasitas e outras doenças. Na Grécia Antiga, as ideias de
Hipócrates (460-370 antes de Cristo) e a sua escola tiveram um impacto
enorme na medicina Grega e Romana. Com a sua teoria humoral, Hipócrates
influenciou a medicina até ao Renascimento. Apesar de algumas falhas da
sua teoria, Hipócrates e os seus pupilos deixaram descrições claras de
muitas características patológicas, como a inflamação, tumores,
hemorroidas, malária e tuberculose. No século II, Galeno (129-201), a
partir de disseção de animais (porcos e macacos), constatou a
importância de certas estruturas como o sistema urinário e nervoso.
Descreveu o crescimento do cancro e introduziu a sangria. A Patologia no
período entre Galeno e os últimos anos da Idade Média foi principalmente
influenciada por fisiólogos Árabes e Bizantinos, no entanto não surgiram
alterações relevantes das práticas já anteriormente postuladas. No
século XV, a Patologia separou-se definitivamente, integrando-se como
uma especialidade, a partir do trabalho do Fisiólogo Antonio Benivieni
(1443 - 1502), que documentou diversos casos clínicos e que realizou
autópsias em alguns dos seus pacientes. Jean Fernel (1497 - 1558)
classificou as doenças como gerais e específicas, e distinguiu de
sintomas e sinais. Numa das suas autópsias, diagnosticou a apendicite
aguda e foi um dos primeiros a sugerir a origem sifilítica de alguns
aneurismas. Novas descobertas são protagonizadas por William Harvey
(1578 - 1657). Na sua publicação “De Motu Cordis et Sanguinis”, em
1628, revolucionou a medicina e os conceitos da causa da doença. A
consciência de fenómenos como a circulação sanguínea e o melhor
entendimento da função cardíaca contribuíram para a erradicação da
teoria humoral. Harvey também observou rutura ventricular e hipertrofia
num paciente com insuficiência da válvula aórtica. A partir do século
XVIII, a medicina tornou-se mais sofisticada. Surgiu Giovanni
Batista Morgagni (1682 - 1771), que conseguiu quebrar a influência de
1500 anos que Galeno teve na medicina. O trabalho de Morgagni foi o
ponto alto das investigações que começaram desde o século XVI e
contribui para a Patologia moderna. A partir do seu trabalho, foi aceite
que as doenças poderiam ser individualizadas a um órgão. Outros
importantes contributos surgiram de Marie Francois Bichat (1771 -
1802), que usou as suas ligações como cirurgião militar durante a
Revolução Francesa para obter permissão para investigar os corpos das
pessoas que eram guilhotinadas. A partir de simples métodos e sem o uso
de microscópio foi capaz de identificar 21 tipos de tecidos. No Reino
Unido, Thomas Hodgkin (1798 - 1866) foi o primeiro a seguir Bichat
descrevendo alterações patológicas em tecidos. A influência do
microscópio na Patologia tornou-se evidente numa aparente competição
entre Carl von Rokitansky (1804 - 1878) e o seu outrora pupilo Rudolf
Virchow (1821 - 1902). O último usava o microscópio rotineiramente nas
suas autópsias, enquanto o seu mentor, Von Rokitansky, fazia-o com menos
frequência, onde, por vezes, tinha algumas interpretações teóricas que
não eram de acordo com as novas evidências que surgiam na Patologia. O
microscópio alterou completamente os conceitos de doença, focando-se nas
células. Permitiu a prática da histopatologia e impulsionou numerosos
avanços em outras técnicas essenciais à medicina moderna. Na viragem do
século vinte, descobriram-se as células de Reed (1902) - Sternberg
(1898) e documentaram-se outras particularidades da histopatologia,
exemplificando a primazia do microscópio no diagnóstico e na
investigação
patológica.
A primeira metade do século vinte deram-nos, entre outros, Ludwig
Aschoff (1866 - 1942), que desenvolveu o conceito de sistema
reticuloendotelial, e Nikolai Anitschkov (1885 - 1964), que descreveu a
histopatologia do coração, na febre reumática por exemplo, e propôs a
influência do colesterol na aterosclerose. A partir do trabalho de Franz
Volhard (1872 - 1950) e de Theodor Fahr (1877 - 1945) conseguiu-se
perceber as doenças do rim, enquanto Paul Klemperer (1884 - 1964)
introduziu o conceito “doença do colagénio” (1942). A investigação do
patologista Karl Landsteiner (1868 - 1943), que realizou mais de 3600
autópsias, contribui para a diferenciação dos tipos sanguíneos (1901) e
para o aparecimento de novos campos na transfusão sanguínea e,
eventualmente, no transplante de tecidos. Atualmente, com a inclusão da
tecnologia na criação de novas técnicas podermos estar a contemplar o
nascimento de uma nova Patologia, a Nanopatologia.
Outras personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da
Patologia:
- Herman Boerhaave (1668 -
1738)
- Thomas Addison (1793 - 1860)
- Edwin Klebs (1834 - 1913)
- Camillo Golgi (1843 - 1926)
- Charles Sherrington (1857 - 1952)
- Fran Nissl (1860 - 1919)
-
Bernard Spilsbury (1877 - 1947)
- Arnold Rich (1893 - 1968)
- Harry Noland (1896 - 1975)
- Arthur Barret (1909 - 1961)
- Jack Kevorkian (1928 - 2011)
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