Conceito de Imunologia
Define-se como a
ciência que estuda a imunidade, desde a sua patologia até aos meios
artificiais de a provocar ou reforçar.
Etimologicamente, a palavra Imunologia deriva do latim “immunis”.
A Imunologia é um ramo das ciências biomédicas que aborda o estudo de
todos os aspetos da imunidade dos organismos,
lidando
com:
- a
função fisiológica do sistema imunitário tanto na saúde como na
doença;
-
alterações funcionais do sistema imunitário em doenças
imunitárias (doenças autoimunes, hipersensibilidades, rejeição do
transplante, entre outras);
- as
características
físicas, químicas e fisiológicas dos componentes do sistema imunitário.
Um dos conceitos mais importantes da Imunologia é a
imunidade. A imunidade é uma propriedade biológica em virtude
da qual os organismos animais se encontram invulneráveis ao ataque de
certos micróbios. É, assim, um mecanismo de defesa altamente complexo
que resultou de 400 milhões de anos de evolução. A imunidade divide-se
em imunidade inata e imunidade adaptativa. Entende-se por
imunidade inata ao conjunto de estratégias de reconhecimento de
estruturas moléculas típicas, comuns a diferentes agentes patogénicos. É
a linha mais antiga de defesa dos organismos, altamente conservada nas
diferentes espécies. A resposta ao agente patogénico é igual,
independentemente, do número de vezes que o agente já entrou em contacto
com o hospedeiro, portanto não há memória. A resposta por parte dos
agentes da imunidade adaptativa é mais lenta e altamente
específica. A exposição inicial a um antigénio gera células de memória,
induzindo uma resposta mais rápida e eficiente à exposição subsequente
desse mesmo antigénio.
Evolução da Imunologia ao longo da História
A primeira menção à Imunologia acontece no ano 430 antes
de Cristo. Em Atenas, e perante a praga, Tucídides (460 - 395 antes de
Cristo) notou que somente aqueles que tinham recuperado da praga
conseguiam contactar com pacientes com praga, uma vez que não ficariam
doentes com a doença. Na antiga China e Ásia Ocidental,
praticava-se a variolação, que pressuponha a inoculação de material
purulento resultante das pústulas de doentes com varíola em pessoas
potencialmente expostas. Na Constantinopla, em 1717, Mary Montagu (1689
- 1762) praticou esta técnica nos seus próprios filhos, após observar os
efeitos positivos na população nativa. No final do século XVIII, Edward
Jenner (1749 - 1823), médico rural inglês verificou que a varíola bovina
(não fatal para os humanos) protegia as pessoas contra a varíola humana.
Nesta altura, Louis Pasteur (1822 - 1895), em estudos sobre a cólera das
galinhas, concluiu que a administração do patogénico atenuado era um
excelente protocolo de proteção contra a doença. Desta forma, começou a
empregar-se o termo vacina (da palavra latina “vacca”), em
homenagem ao trabalho de Jenner realizado um século antes com a varíola
bovina. Pasteur conseguiu ainda obter vacinas contra a erisipela, o
carbúnculo e a raiva. A partir dos estudos de Louis Pasteur, firmou-se
um passo fundamental no estudo da Imunologia, uma vez que se conseguiu
perceber que o nosso organismo, quando devidamente estimulado, pode
defender-se das infeções. No final do século XIX começou-se a desvendar
a complexidade do sistema imunitário. Charles Richet (1850 - 1935) e
Jules Hericourt (1850 - 1938) constataram que o sangue de um animal
imunizado conferia proteção contra uma posterior inoculação. O termo
toxina foi primeiramente utilizado por Alexandre Yersin (1863 - 1943) e
Emile Roux (1853 - 1933), que descobriram que o microrganismo causador
de difteria produzia uma substância tóxica solúvel. Emil von Behring
(1854 - 1917) e Kitasato Shibasaburō (1853 - 1931), injetando soro de
coelhos resistentes à difteria em animais saudáveis, constataram que os
coelhos não resistentes adquiriam resistência através da injeção do soro
de coelhos resistentes à difteria. Estes estudos conduziram à descoberta
do anticorpo. Élie Metchnikoff (1845 - 1916), em estudos
sobre o papel que as células poderiam ter na imunidade, descobriu que
existiam umas células que poderiam ingerir (fagocitar) partículas
estranhas, incluindo eventuais invasores. Essas partículas são
atualmente denominadas de fagócitos. Em 1900, Paul Ehrlich
(1854 - 1815) postulou a Teoria da Cadeia lateral, onde teoriza
que as células formadoras de anticorpos tinham à superfície membranar
recetores que ligam especificamente a antigénios. No ano seguinte, Karl
Landsteiner (1868 - 1943) descreveu os antigénios dos grupos sanguíneos
do sistema ABO e a existência de anticorpos naturais aglutinantes
específicos para esses antigénios. Usou pela primeira vez a palavra
anticorpo que é a tradução da palavra alemã antikörper. Novas
investigações têm conduzido a diversas descobertas na área da
transplantação, nos complexos de histocompatibilidade, entre outras,
contribuindo para que a Imunologia seja o ramo da Medicina que mais
vezes foi premiada nos Nobéis da Medicina e Fisiologia. O primeiro dos
quais foi atribuído a Emil von Behring (1901) pelos seus estudos em
terapia sérica, principalmente pela sua aplicação na difteria.
Outras personalidades que contribuíram para o
desenvolvimento da Imunologia:
- Jules
Bordet (1870 - 1961)
-
Florence Sabin (1871 - 1953)
- Niels
Jerne (1911 - 1994)
- Peter Medawar (1915
- 1987)
- Baruj Benacerraf
(1920 - 2011)
- César Milstein (1927
- 2002)
- Gerald Edelman (1929
-
)
- Marvin Steinman
(1943 - 2011)
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