Conceito de Hemostasia
Hemostasia
é a existência de um conjunto de mecanismos através dos quais é feita a
prevenção de perda de sangue. Não são exclusivos e a importância varia
consoante o tipo de vaso afetado, deve ser uma resposta rápida,
localizada e controlada. Uma hemostasia bem-sucedida impede uma
hemorragia, perda de sangue, no entanto hemorragias extensas de vasos
maiores requerem intervenção médica. Pode-se considerar três mecanismos:
o espasmo muscular no vaso, a formação de uma tampão plaquetário e a
formação de um coágulo sanguíneo.
O espasmo muscular é a
contração da parede de um vaso sanguíneo, quando há uma lesão nesta
origina-se uma contração do músculo do vaso, bloqueando a circulação e
reduzindo a perda de sangue. Reduz a perda de sangue
enquanto
outros mecanismos hemostáticos começam a operar, é um mecanismo de
grande importância e de rápida atuação que, no entanto, se se tratar de
um grande corte numa artéria de grande calibre é insuficiente. A técnica
de garrote nos tratamentos de primeiros socorros funciona como um
espasmo artificial, bloqueando a circulação e evitando uma maior perda
de sangue.
A formação do tampão plaquetário
faz-se através da aderência das plaquetas ao colagénio da superfície
endotelial,
o epitélio de revestimento interno do vaso sanguíneo, seguida da
libertação de fatores ativos que atraem mais plaquetas ao local,
libertando ADP e ácido aracnidónico que tornam a superfície das
plaquetas pegajosas e consequentemente a aderência de mais plaquetas
levando à formação de um tampão plaquetário, um grande número de
plaquetas que forma uma massa. As plaquetas e o ácido aracnidónico têm
ainda um efeito de vasoconstrição.
A formação de coágulo é feita
15-20 segundos após um trauma grave e 1-2min após um ligeiro, e é o
mecanismo de hemostasia
por excelência. O coágulo é uma rede tridimensional de filamentos de
proteína, fibrina, na qual são aprisionadas os elementos figurados do
sangue, a sua formação dá-se através de uma série de reações químicas em
cadeia, através de fatores de coagulação, que são substâncias químicas
que se ativam umas às outras num processo complexo que culmina com a
formação de uma rede de fibrina.
A
fibrina é
formada através da ação da trombina ao nível do fibrinogénio presente no
plasma, que originará fibras de fibrina que com o envolvimento de
plaquetas, hemácias e plasma formará o coágulo. Existem duas vias para a
ativação desta cascata de reações que levará à formação do coágulo, a
via intrínseca mais complexa e mais lenta que apenas necessita que
elementos do próprio sangue entre em contato com uma superfície
estranha, e a via extrínseca que ocorre mais rapidamente e
necessita de fatores exteriores ao sangue para ser desencadeada,
necessita existir uma lesão nos tecidos. Existe um mecanismo de
retroalimentação positivo que promove o crescimento do coágulo, através
da estimulação da formação de mais trombina por parte da trombina já
formada.
Pouco
depois da formação do coágulo ocorre a sua retração, as plaquetas
ativadas promovem-no, ocorrendo a libertação de grande parte do seu
líquido, o soro, que é basicamente o plasma sem proteínas de coagulação.
Por último ocorre o crescimento de tecido fibroso, através da
invasão na parede do vaso de fibroblastos que provocam o crescimento de
tecido fibroso responsável pela cicatrização, levando à regeneração do
tecido lesionado. Após o crescimento do tecido fibroso dá-se a lise do
coágulo devido à conversão do plasminogénio, presente no coágulo, em
plasmina que dissolve o coágulo, digerindo a rede de fibrina.
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