Conceito de Estratégias de
Sobrevivência
Estratégias
de
sobrevivência
– Estratégia r e estratégia K
Em
qualquer
habitat existe uma capacidade limite de recursos disponíveis para
a sobrevivência das espécies. Este limite designa-se por capacidade
de carga (K) ou capacidade limite de um meio. Os recursos
existentes têm de ser repartidos pelas espécies de toda a comunidade e
podem ser recursos como espaço disponível, alimento, território de caça
ou território de reprodução, para enumerar apenas alguns. Como as
diversas espécies se instalam num determinado habitat em
diferentes fases da colonização desse espaço (esta colonização de um
espaço efectuado de forma faseada por diferentes espécies, é designada
por sucessão ecológica) terão de ir preenchendo os nichos
ecológicos disponíveis que melhor se adequam à sua sobrevivência,
adaptando-se, assim, às espécies que se encontram previamente
instaladas.
Assim,
por exemplo, se um determinado animal tem poucos recursos para se
defender dum eventual tipo de predadores, é provável que se adapte a um
estilo de vida em que se tenha de confrontar o menos possível com eles.
É o caso dos animais noctívagos, por exemplo, animais que têm o
seu pico de actividade durante o período nocturno. Estes animais ocupam
o nicho ecológico disponível noite provavelmente porque no nicho
ecológico dia não garantiam a sua sobrevivência ou todo esse
nicho já estava ocupado por espécies melhor competidoras e melhor
adaptadas às condições ambientais do habitat.
É
natural
e comum que as espécies adoptem estratégias de sobrevivência através das
quais maximizem a sua capacidade de utilizar os recursos disponíveis no
meio ambiente em que se inserem. O que define aquilo que está disponível
para que uma espécie colonize um espaço são as condições abióticas
do meio (clima, tipo de solo, etc.) e as bióticas (número de
espécies já instaladas ou determinadas características dessas espécies,
tais como, a forma como utilizam os recursos, etc.).
Assim,
existem fundamentalmente dois tipos de estratégias de vida ou de
sobrevivência utilizadas pelas espécies: a estratégia r e
a estratégia K. De acordo com
o modelo de crescimento populacional logístico, K é a
capacidade de carga do meio, e r representa a taxa de crescimento
populacional. Segundo este modelo, uma população poderá crescer até um
limite determinado pela capacidade de carga do meio, ou seja, de acordo
com a quantidade de recursos ecológicos disponíveis. A partir desse
limite, o tamanho duma população tende a manter-se num valor estável.
Para as espécies da estratégia K, a capacidade de carga é um
factor limitante do crescimento populacional e, portanto, tendem a
manter um efectivo populacional estável ao longo do tempo. Para as
espécies da estratégia r, a capacidade de carga do meio não é um
factor limitante, sendo que, são espécies que muitas vezes aproveitam
‘janelas de oportunidade’ limitadas no tempo, durante as quais as
condições do meio envolvente são favoráveis à sua reprodução e
crescimento. Contrariamente às espécies da estratégia K, não são
boas competidoras e investem, por isso, num maior número de descendentes
em detrimento da longevidade dos mesmos.

Gráfico representativo das curvas de crescimento populacional de
espécies que adoptam a estratégia r e a estratégia K.
Pela análise do
gráfico, verifica-se que as espécies que adoptam a estratégia de vida
K são caracterizadas por um crescimento populacional crescente até
atingirem o valor máximo de capacidade de carga do meio (K).
Quando atingem esse valor, mantém-se com uma densidade populacional
estável ao longo do tempo. Já as espécies características da estratégia
r, aproveitam essencialmente as ‘janelas de oportunidade’ que
surgem, durante as quais as condições do meio são favoráveis à
reprodução e crescimento populacional. Assim, verifica-se no gráfico que
estas espécies têm picos periódicos de crescimento populacional
alternados por episódios de decréscimo populacional durante os quais as
condições do meio deixam de ser favoráveis.
Estratégia r
Este
tipo de estratégia é geralmente utilizado por espécies que ocupam níveis
tróficos mais basais e com ciclos de vida mais curtos. É também uma
estratégia utilizada pelas espécies designadas por espécies
oportunistas que são espécies capazes de colonizar um habitat
disponível de forma muito rápida.
Temos
de pensar no mundo vivo como uma luta pela sobrevivência e pelos
recursos vitais. Contrariamente ao mundo natural, o nosso mundo humano é
relativamente previsível do ponto de vista da sobrevivência. Sabemos que
desde que tenhamos dinheiro podemos entrar numa loja e comprar comida.
Podemos reproduzir-nos em qualquer altura do ano sem receio de que as
condições climáticas afectem a sobrevivência dos recém-nascidos porque
criámos condições artificiais para nos protegermos, por exemplo, das
variações da temperatura exterior. No meio natural esta previsibilidade
de condições de subsistência não ocorre. Os seres vivos têm de lutar
todos os dias pela sua subsistência e protegerem-se o melhor possível da
instabilidade do meio envolvente. Para algumas espécies, nomeadamente as
tais espécies que utilizam a estratégia de sobrevivência r, o
meio ambiente em que se inserem é tão instável ou tão repleto de
ameaças, que elas têm de aproveitar as chamadas ‘janelas de
oportunidade’ que surgem para garantir a sobrevivência da espécie, ou
acautelar-se num meio pouco hospitaleiro.
Vejamos,
por exemplo, uma espécie de peixe que utiliza uma zona do oceano onde se
depara frequentemente com predadores. A forma encontrada por este tipo
de organismos para se acautelarem dos efeitos da predação no seu
efectivo populacional é a adopção de uma estratégia reprodutiva baseada
na abundância. Já que a probabilidade das crias serem ingeridas por
predadores diversos é elevada, as espécies da estratégia r
investem a sua energia em gerar um número elevado de descendentes, neste
caso, em produzir um elevado número de ovos. Deste modo, é garantido que
alguns indivíduos irão sobreviver e dar continuidade à espécie.
Outra
variante da estratégia r pode ser a forma como o meio é
colonizado. Frequentemente, em habitats tropicais, existe uma densa
ocupação do território por um elevado número de espécies. Note-se que os
habitats tropicais são dos locais do planeta com maior biodiversidade.
Neste tipo de locais de elevada densidade de espécies, não existe
praticamente espaço disponível para a instalação de novos organismos ou
espécies. A queda de uma árvore no meio da floresta tropical é um
exemplo de uma ‘janela de oportunidade’ que surge para novas
colonizações. Esta abertura de uma clareira no solo da floresta será uma
oportunidade para que uma das tais ‘espécies oportunistas’ colonize de
forma rápida e imediata esse espaço que surge súbita e inesperadamente
disponível, antes que outra espécie o faça.
Entre
os organismos que fazem parte do grupo de espécies que adoptam a
estratégia r podemos encontrar os insectos, os ratos ou
determinados tipos de plantas com requisitos ecológicos pouco
especializados e que sobrevivem numa alargada gama de condições
ambientais, podendo ser boas colonizadoras de ambientes nos quais
espécies de plantas mais especializadas não sobreviveriam.
Estratégia K
As espécies da
estratégia K são,
contrariamente às da estratégia r, espécies que se caracterizam
por encontrarem no seu meio ambiente condições mais estáveis e
favoráveis à sua sobrevivência, ocupando geralmente níveis tróficos mais
elevados e tendo ciclos de vida mais longos. Provavelmente, por não
estarem tão ocupadas com a sobrevivência, estas espécies investem mais
energia nos cuidados parentais do que na produção de um elevado número
de crias. Assim, animais como o elefante, um exemplo característico
deste tipo de estratégia, têm períodos de gestação longos e apenas uma
cria por parto. A arara azul e amarela, por exemplo, é outra espécie que
adopta esta estratégia, produzindo poucos ovos e descendentes com maior
longevidade.
As
espécies
da estratégia K são normalmente espécies competidoras em nichos
já bem ocupados, que investem mais na qualidade da prole do que na
quantidade de descendentes. Desta forma, garantem a sobrevivência e a
longevidade dos indivíduos. Encontram-se normalmente neste grupo
espécies os grandes mamíferos, os ursos ou os lobos, para mencionar
alguns exemplos.
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