A região
Mediterrânica é caracterizada por Verões quentes e secos e Invernos
moderados, com uma temperatura média elevada e uma precipitação anual
baixa. Contudo dentro desta caracterização geral, existem inúmeras
variações regionais, que são determinadas principalmente pela situação
geográfica e pela geomorfologia das diversas regiões. É igualmente
possível definir, de acordo com a altitude e a latitude, várias
bioregiões Mediterrânicas.
A adaptação
de espécies a condições particulares, especialmente agrestes, é um
aspeto que se encontra com frequência nesta região, nomeadamente, a
resistência à secura (a vegetação xerófita é um exemplo típico).
Relacionados com esta adaptação surgem a riqueza em espécies e
variedades com uma área de distribuição restrita e numerosos endemismos.
A diversidade biológica da
Bacia Mediterrânica é notável, ocupando não mais de 1,5% da área total
dos continentes, a sua flora representa aproximadamente 10% das espécies
de plantas superiores conhecidas em toda
a Terra (estima-se que o número de espécies conhecidas se situe entre os
238 000 e os 260 000, encontrando-se no Mediterrâneo cerca de 25 000
espécies).
Na bacia Mediterrânica
verifica-se uma diferenciação da paisagem natural em numerosos mosaicos
(que é chamada de
efeito de mosaico) que refletem a heterogeneidade topográfica,
climática, geológica e edáfica desta região.
A diversidade
e a fisionomia da natureza que atualmente apresenta a Bacia
Mediterrânica relacionam-se com fatores tão variados como: a
biogeografia, a sucessão de fenómenos geológicos do Terciário e
Quaternário, a diversidade dos fatores abióticos e a intervenção humana.
Pela situação geográfica,
a Bacia é uma encruzilhada entre Oriente, Norte e Sul. A comunicação com
diferentes regiões permitiu a expansão de muitas espécies indígenas de
zonas fronteiriças. Os movimentos tectónicos que originaram a formação
do Mar Mediterrânico e a elevação de cadeias montanhosas, bem como a
alternância climática determinaram extinção, isolamento ou aproximação
de espécies biológicas.
Na flora mediterrânica
predominam hoje associações vegetais de espécies de folha persistente do
género Quercus (azinheira, sobreiro, carrasco). As matas de
zambujeiro e alfarrobeira são formações tipicamente mediterrânicas
características de zonas de temperaturas mais elevadas e de maior
secura. Entrosado com o extrato
arbóreo, surge um sub-bosque, rico em espécies arbustivas, entre as
quais se encontram o medronheiro, o folhado, a murta e as urzes. A
oliveira e a azinheira são espécies frequentemente apontadas como
bioindicadores para a delimitação da região Mediterrânica.
Os matos mediterrânicos
são formações vegetais características que correspondem a fases
degradativas da floresta. Grande parte destes matos resulta da
combinação da intervenção humana na paisagem com o
desenvolvimento de
vegetação espontânea. Distinguem-se normalmente dois tipos de formações:
o mato com porte arbustivo e a vegetação de porte mais reduzido,
subarbustivo, em que frequentemente predominam aromáticas. Existem
designações equivalentes para estas formações vegetais nas diferentes
línguas da Bacia Mediterrânica. Estão particularmente divulgadas as
denominações francesas de maquis e garrigue,
correspondentes a matos com diferentes estruturas. O maquis ou
matagal consiste numa densa, e muitas vezes impenetrável, massa de
pequenas árvores e arbustos com uma grande diversidade de plantas
rasteiras e trepadoras. Este coberto vegetal pode ter entre 3 e 5 metros
de altura. Maquis é um mato alto, que corresponde no nosso país a
uma floresta degradada onde predominou outrora o sobreiro, que ocupa
espontaneamente estes solos. A charneca é uma formação vegetal
mais aberta constituída por arbustos de pequeno porte, que chegam à
cintura ou apenas ao joelho, muitas vezes apresentando-se como pequenos
tufos dispersos entre as manchas de erva. Garrigue é a
denominação específica do mato baixo que se desenvolve em solos
calcários, alcalinos e pedregosos. A garrigue corresponde
normalmente à floresta degradada de azinheiras e nela predominam
espécies aromáticas como o rosmaninho, o alecrim, o tomilho e a salva.
As lagoas
temporárias Mediterrânicas constituem corpos de água em que a
alternância entre a fase seca e a inundada ocorre anualmente, nestes
ecossistemas existe um período de inundação consecutivo (quase sempre
após a precipitação, no período entre o Outono e a Primavera) e um
período seco obrigatório com duração variável nos restantes meses.
Ocorrem com mais frequência nos territórios mediterrânicos mais térmicos
e de fisiografia plana.
Estas lagoas são
geralmente pequenas depressões naturais em zonas onde os lençóis
freáticos afloram ou
em terrenos impermeáveis,
que acumulam as águas de escorrência. São habitats muito vulneráveis
devido à reduzida coluna de água (geralmente inferior a 2 metros) e por
vezes de pequena dimensão.

Devido à sua fragilidade,
singularidade e pela riqueza ecológica associada, os Charcos estão
inscritos no Anexo I da Diretiva Habitats e classificados como
prioritários em termos de conservação, pelo que
a sua preservação exige a designação de Zonas Especiais de Conservação
(ZEC). Estas lagoas albergam um elevado número de espécies, nomeadamente
de répteis e anfíbios.
Apesar das condições
biofísicas pouco propícias à atividad
e
agrícola de vastas áreas do Mediterrâneo, as comunidades
humanas conseguiram desenvolver sistemas agro-florestais ajustados às
limitações do meio
e sustentáveis do ponto de vista económico. As pastagens sob coberto de
montado, as culturas de sequeiro e os pousios, os regadios em várzeas,
etc. são exemplos do aproveitamento criterioso das condições do meio.
Os montados são usualmente
compostos por uma cobertura entre 40 a 60 árvores por hectare, um
sub-coberto arbustivo, e frequentemente e um estrato herbáceo muito rico
em diversidade de espécies; fornece
coberto ou abrigo
a
diferentes espécies de aves, nomeadamente algumas aves de Rapina
ameaçadas como por exemplo a Águia Imperial e a Águia de Bonelli ou
mamíferos, desde o Coelho-bravo, até ao felino mais ameaçado – o Lince
Ibérico.
Os montados são os
ecossistemas mais importantes no que diz respeito à conservação da
biodiversidade florística, podendo atingir uma densidade de 135 espécies
de plantas por cada 1 000 m2, sendo por isso, muitas
vezes, chamados de hotspots de biodiversidade.
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