Conceito de Complexo Major de
Histocompatibilidade
O complexo major
de histocompatibilidade (MHC, do inglês “major
histocompatibility complex”) contém os genes mais diversificados dos
vertebrados, os loci classe I e classe II. Estes
genes altamente polimórficos codificam recetores da superfície
celular e têm uma função central no controlo do reconhecimento do “próprio”
e do “não próprio”, na rejeição de tecidos, na
autoimunidade e na resposta a doenças infeciosas. Os
polimorfismos dos genes MHC têm sido mantidos através da
seleção natural.
Para que o sistema
imunitário consiga atacar um invasor, este tem que ser capaz de
discriminar entre o tecido do corpo, que é do “próprio”, de um
tecido de um invasor, que faz parte do “não próprio”. O
reconhecimento do “próprio” e do “não próprio” é
parcialmente controlado por um conjunto de genes do MHC. O MHC
é uma região do ADN, com cerca de quatro milhões de pares de
bases, ou cerca de 0.1% do genoma humano, e contém mais de duzentos
loci. Estes genes MHC codificam proteínas da superfície
celular (moléculas do MHC de classe I e II) que
apresentam pequenos péptidos antigénicos às células T. Através da
apresentação de antigénios, as moléculas MHC controlam todas as
respostas imunológicas que sejam mediadas tanto pelas células
como pelos anticorpos. Uma vez que os genes do MHC têm um
papel central no sistema imunitário, eles influenciam a
resistência e a suscetibilidade a doenças infeciosas e
a doenças autoimunes. A região genética do MHC de
classe I e II, que controla todas respostas específicas do
sistema imunitário, também contém outros genes que influenciam o
crescimento, o desenvolvimento, o odor e o
olfato. Nos humanos existem seis loci de classe I
(por exemplo: A, B e C) e oito loci
de classe II (por exemplo: DP, DQ e DR).
As moléculas de MHC
de apresentação antigénica existem sob duas formas, moléculas de
classe I e de classe II. Cada célula nucleada do
corpo está coberta por cerca de 100 000 moléculas de MHC
de classe I. A sua função reside na apresentação de antigénios
originados do interior da célula (antigénios endógenos) aos
linfócitos T killer (citotóxicos, CD8+
ou CTLs). As moléculas de classe II são encontradas
principalmente nas células do sistema imunitário especializadas na
apresentação de antigénios, como por exemplo as células dendríticas,
os macrófagos e os linfócitos B. A sua função é
apresentarem antigénios, que entram na célula por
endocitose (antigénios exógenos), a linfócitos T helper
(auxiliares ou CD4+).
Moléculas da classe
I
As moléculas da
classe I apresentam pequenos péptidos aos CTLs, dando
informações importantes, ao sistema imunitário, sobre o conteúdo
de determinadas células. Estes péptidos são usualmente péptidos “do
próprio”; no entanto, se uma célula é infetada por um vírus ou por
outro tipo de parasita intracelular, esta célula infetada apresenta os
péptidos do parasita invasor. Os CTLs sondam a superfície das
células, procurando evidências de uma infeção. Cada CTL
possui recetores das células T (TCR) na sua superfície,
que é altamente específico e que se liga ao complexo
MHC-antigénio. Os CTLs também possuem, na sua superfície,
moléculas CD8 que estabilizam a interação entre as células T
e as células apresentadores, através da ligação às moléculas
do MHC de classe I. Se o antigénio for reconhecido
como do “não próprio” ou “estranho”, os CTLs
tornam-se ativos, proliferam-se e vão à procura de outras
células infetadas, que apresentem péptidos do “não próprio”,
com o objetivo de as eliminar.
Moléculas de classe
II
As moléculas do
MHC de classe II são expressas por células
apresentadoras de antigénios (APCs, do inglês
“antigen-presenting cells), como os macrófagos. A sua função é
apresentar péptidos às células T helper. Estas células têm
diversas funções, como a ativação dos macrófagos e dos
linfócitos B. Os macrófagos procuram e internacionalizam
vírus extracelulares, bactérias e fragmentos de outros parasitas. Eles
digerem os invasores e usam as moléculas do MHC de
classe II na apresentação de péptidos às células T
helper. Estas células possuem, na sua superfície, moléculas
CD4 que estabilizam esta interação durante a apresentação. Se
o péptido é reconhecido como do “não próprio” ou “estranho”,
as células T helper são ativadas com o objetivo de
procurar e ativar outros macrófagos. As
moléculas do MHC de classe II também são expressas nas
células B. Quando uma imunoglobulina da superfície do
linfócito B se liga a um antigénio estranho, as células B
iniciam a proliferação e os seus clones tornam-se células
secretoras de anticorpos. Os anticorpos detetam e
ligam-se aos invasores estranhos para que o sistema imunitário
possa eliminá-los de uma forma eficiente. No entanto, antes da célula
B se tornar ativa, esta tem que apresentar o antigénio
às células T helper para garantir que o antigénio é
do “não próprio” ou “estranho”.
Estrutura das
moléculas do MHC
A estrutura das
moléculas do MHC foram reveladas por cristalografia de
raios-X. As moléculas de classe I são compostas por
duas cadeias polipeptídeas separadas, a cadeia pesada α e
a cadeia leve β. A cadeia α é codificada por um gene de
classe I do MHC, mas a cadeia β é codificada por um
gene de outro cromossoma. A cadeia β tem um papel essencial na
estabilização da molécula. As moléculas de classe II
são bastante semelhantes às da classe I, excetuando no facto de
as cadeias α e β serem ambas codificadas no gene MHC.
A parte inferior da molécula do MHC está ligada à
membrana celular, enquanto a zona superior contém uma pequena
depressão, onde se encontra o local de ligação ao antigénio.
Nesta zona, os péptidos ligados são apresentados às células T.
Outros assuntos
relacionados:
- Imunologia
- Linfócito B
-
Linfócito T
-
Linfócito
T killer
-
Linfócito
T helper
- Mastócito
- Fagócito
- Célula dendrítica
- Citocina
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