Ciências da Terra e da Vida

Biologia

Célula Vegetal

Autor: Raquel Mesquita
Mestre em Biologia Aplicada

 

Data de criação: 14/03/2015

Resumo: Apresentação do conceito de Célula Vegetal...
A palavra “célula” provém do latim cellula – pequena cela, tendo sido descoberta pela primeira vez pelo inglês Robert Hooke, em (...)

Palavras chave:  biologia, zoologia

 

 

Conceito de Célula Vegetal

A palavra “célula” provém do latim cellula – pequena cela, tendo sido descoberta pela primeira vez pelo inglês Robert Hooke, em 1665.

Assim como os átomos são as unidades básicas da química, as células constituem os “tijolos” na formação da vida, sendo consideradas como a unidade básica capaz de realizar de maneira autónoma todas as funções da vida. Alguns organismos possuem apenas uma célula na sua constituição sendo, por isso, designados de seres unicelulares – como a maioria das bactérias, e outros organismos mais complexos - como os humanos, constituem-se como seres multicelulares. Existem dois tipos de células: procarióticas e eucarióticas. As células procarióticas - típica das bactérias e cianobactérias, apresentam pequena dimensão e são de estrutura muito simples. Já as células eucarióticas estão presentes em todos os organismos macroscópicos e na maioria dos microscópicos, e apresentam uma estrutura bastante mais complexa, dividindo-se entre células animais e células vegetais.

As células vegetais, à semelhança das células animais, caracterizam-se pela presença de diversos organelos intracelulares dispostos ao longo do citoplasma, como o núcleo, um retículo endoplasmático, mitocôndria, vesículas, lisossomas, citoesqueleto, dictiossomas, etc.

As principais diferenças entre células animais e vegetais não estão nos processos moleculares fundamentais – como a replicação do DNA, síntese proteica, fosforilação oxidativa ou arquitetura molecular das membranas plasmáticas, mas no facto das células vegetais possuírem uma parede celular rígida – conferindo características peculiares às células, e à capacidade de fixação de dióxido de carbono atmosférico durante a fotossíntese - nos cloroplastos.

A parede celular, cuja biogénese ocorre no complexo de Golgi, é uma estrutura particular de matriz extracelular formada por várias camadas, sendo normalmente mais rígida, espessa e organizada do que a matriz extracelular das células animais. Além das funções de delimitação e proteção partilhadas com as membranas celulares das células animais, estas possuem ainda especial importância na determinação da forma da célula, influenciam o seu desenvolvimento, conferem estabilidade, contrabalançam a pressão osmótica e protegem contra agentes patogénicos – como vírus, bactérias e fungos. A parede celular é constituída por um número reduzido de macromoléculas de natureza distinta – fibras de celulose, polissacarídeos e proteínas, e possui quatro camadas: a mais externa – Lamela Média e três mais internas – Parede Primária, Parede Secundária e Parede Terciária. Atendendo à sua composição, a Lamela Média é constituída por pectinas e lípidos, a Parede Primária por microfibrilas de celulose incluídas numa matriz proteica e por polissacarídeos não celulósicos e a Parede Secundária por incrustações e deposições sucessivas de fibrilas de celulose e outros compostos.

Num contexto de tecido vegetal, as paredes celulares apresentam uma forte interação entre si, formando uma estrutura fortemente coesa. No entanto, apesar desta rigidez, é permitida uma perceção e transferência de sinais químicos ou outros, entre as diferentes células, tecidos ou meio exterior, através de estruturas designadas de Plasmodesmos.

Os Plasmodesmos são canais citoplasmáticos muito finos, sendo caracterizados por pequenas interrupções da parede pectocelulósica, e são formados durante a divisão celular. Além da sua importância no transporte intracelular e apesar das suas dimensões serem relativamente grandes (20 a 40nm), promovem uma certa seletividade no transporte, sendo que moléculas com peso superior a 800nm são retidas. É de realçar ainda que os plasmodesmos são utilizados por certos vírus como principal via de infeção de novas células.    

Uma parte significativa das células vegetais adultas é ocupada pelo vacúolo – entre 5 a 95%. Este aparece como um espaço delimitado por uma membrana com a capacidade de manter o pH a níveis ácidos desejados. Nas plantas é ainda considerado num organelo multifuncional, com um importante papel no preenchimento celular, controlo osmótico e no armazenamento e degradação de componentes celulares ou produtos tóxicos.

As células vegetais possuem ainda uns organelos denominados de plastos, caracterizados por possuírem dimensão superior as mitocôndrias, invólucro constituído por uma camada dupla e genoma próprio. Um dos plastos mais importantes para as plantas são os cloroplastos, uma vez que estão diretamente envolvidos no processo de fotossíntese. Estes são de forma discal lenticular de cor verde com 3-10mm de diâmetro e 1-2mm de espessura, e os seus pigmentos constituintes mais importantes são as clorofilas a e b e os carotenoides. A fotossíntese, processo anabólico intracelular característico das células clorofilinas, ocorre predominantemente nas células do mesófilo foliar, sendo o amido e a sacarose os principais produtos resultantes, como resultado da fixação de dióxido de carbono atmosférico.

Os peroxissomas, são organelos celulares presentes nas folhas ou órgãos clorofilinos e estão envolvidos no mecanismo de fotorrespiração. Este mecanismo está intimamente ligado com a fotossíntese, que consiste na formação de dióxido de carbono com consumo de oxigénio, na presença de luz. Além desta função, os peroxissomas participam na formação e turnover de moléculas de sinalização - óxido nítrico e peróxido de hidrogénio, na defesa contra o stress oxidativo, na biossíntese do ácido indol e do ácido jasmónico, bem como no desenvolvimento das plantas.

 

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