Conceito de Bioma
Bioma é uma palavra de
origem grega que significa grupo de vida, trata-se por tanto de um
conjunto de seres vivos, que possuem caraterísticas específicas para
habitarem um determinado local com caraterísticas especificas de clima,
solo e geografia. Estes são constituídos por diversos ecossistemas, isto
é, comunidades bióticas que se encontram em equilíbrio com o
meio
em que se encontram. A estes locais estão associados uma fauna e uma
flora específica que se encontrar adaptada aos fatores abióticos
presentes naquela área geográfica e é reconhecível a nível regional.
O termo foi usado pela
primeira vez por Frederic Edward Clements, para descrever o espaço
geográfico com caraterísticas específicas definidas pela altitude, pelo
clima, pelo relevo e pelo solo entre outros fatores. No entanto, a
definição tem vindo
a ser alterada e adaptada consoante o autor que a usa, pois é uma
definição que abrange diversas áreas.
Muitos cientistas têm
vindo a debruçar-se sobre este assunto, existindo por isso diversas
classificações diferentes com base em características diferentes. Por
exemplo Whittaker criou uma divisão de biomas simplificada, com base na
precipitação
e na temperatura existentes no local. Já Heinrich Walter analisou a
sazonalidade da temperatura e precipitação, determinando assim 9 biomas
diferentes com características climáticas e de vegetação específicas.
Muitos outros investigadores criaram as suas próprias divisões sendo a
mais recente por parte do WWF (World Wide Found for Nature) que
determinou 14 biomas diferentes.
A biodiversidade a
nível global aumenta a partir dos polos, que são regiões com muito
poucas espécies, para o equador onde podemos encontrar uma enorme
quantidade de espécies, muitas delas ainda por descobrir e identificar.
Este aumento
de diversidade deve-se à existência de um clima e humidade que variam da
mesma forma, isto é, nos polos temos climas muito frios e pouca humidade
o que não favorece a existência de vida, já no equador os climas quentes
e húmidos proporcionam condições que favorecem a existência de vida.
Um bioma é
definido não só
pelas suas características climáticas mas também pela vegetação
predominante na região. Alguns exemplos dos biomas que podem ser
encontrados na biosfera são:
1. Deserto
Região árida, com
elevadas temperaturas durante o dia e baixas temperaturas à noite. A
precipitação é bastante baixa pois trata-se
de
uma área de altas pressões o que cria uma grande variação de
temperatura, baixa humidade e baixa taxa
de
precipitação anual. Estas caraterísticas são típicas dos desertos
quentes. No entanto, nos desertos frios as temperaturas são extremamente
frias. A vegetação é praticamente inexistente, por um lado temos
espécies com raízes muito curtas que se desenvolvem muito rapidamente
aproveitando os períodos de chuva. Por outro lado temos espécies com
raízes profundas que apresentam um desenvolvimento muito lento, as
suculentas. As suculentas absorvem o máximo de água possível durante os
períodos de chuva para conseguirem sobreviver durante o resto do tempo,
além de controlarem a perda de água através de adaptações, como as
folhas em forma de picos e o fecho dos seus estomas. A fauna é muito
escassa e tendencionalmente nómada pois necessitam de se deslocar para
obter água. Algumas espécies podem obter a água do seu alimento como é o
caso de alguns roedores. A maioria da fauna do deserto é notívaga devido
às condições climáticas
presentes neste ambiente, permanecendo enterrada ou em tocas durante o
dia. O deserto do Sahara é um exemplo deste bioma.
2. Tundra
Este bioma é
caraterístico do Círculo Polar Ártico, possui apenas duas estações;
invernos longos e frios com noites muito longas ou verões curtos com
temperaturas amenas que rondam os 10⁰C.
A precipitação é muito escassa e concentrada no verão o que dificulta a
existência de vida. O subsolo encontra-se constantemente congelado o que
torna o solo pouco profundo, este fica congelado grande parte do ano, no
verão apenas a parte superior fica descongelada e encontra-se encharcada
devido à precipitação. A vegetação consiste em musgos, gramíneas e
líquenes que crescem
muito próximos uns dos outros. A maioria da fauna presente surge durante
o verão e parte no início do inverno, as espécies que permanecem possuem
caraterísticas que lhes permitem camuflar ou hibernar durante os meses
mais frios.
3. Taiga
Floresta de coníferas
(floresta boreal) encontra-se abaixo do Círculo Polar Ártico, até cerca
dos 60º
de latitude. A área apresenta duas estações definidas sendo que o
inverno é maior do que o verão. O inverno é muito frio congelando o solo
que acaba por descongelar durante o verão, com exceção de determinadas
zonas. A vegetação predominante são as árvores de coníferas como os
Pinus (pinheiros), os Abies (abetos) entre outras espécies que possuem
adaptações contra a falta de água e o frio, como as folhas em forma de
agulha. Nestas áreas é comum encontrar florestas
de uma única
espécie, não sendo caraterístico o crescimento de outras espécies
arbustivas ou herbáceas, em estratos inferiores, devido à decomposição
das folhas destas árvores. A fauna deste bioma carateriza-se por uma
grande variedade de herbívoros e carnívoros, podendo ser ainda
encontradas diversas espécies de aves. Um exemplo deste bioma é a
Floresta Negra na Alemanha.
4. Savana
Localizada em
zonas muito
quentes do globo, possui precipitação irregular, uma vez que podem
ocorrer períodos de grande seca com incêndios e períodos curtos de
precipitação intensa. Os incêndios são de grande importância pois
permitem a renovação da vegetação. A vegetação presente é herbácea com
alguns arbustos e árvores de pequeno porte espaçados. Pode existir uma
predominância de uma única espécie de herbáceas formando grandes
planícies, de forma espaçada é também possível encontrar algumas
espécies arbóreas e arbustivas. A fauna predominante são herbívoros de
grande porte e carnívoros, os insetos são também bastante abundantes
assim como os répteis. A fauna é caraterizada por períodos de migração,
nos quais buscam alimentos, particularmente na estação seca.
5. Estepe
Localizado na zona
temperada do planeta, apresenta clima extremo com verões muito quentes e
invernos muito frios, a
precipitação é
pouco comum. A cobertura do solo carateriza-se pela existência de
herbáceas de pequeno porte assim como pequenos bosques, se as herbáceas
forem altas denomina-se por pradarias. A fauna carateriza-se por
mamíferos de pequeno porte que se organizam em colonias, assim como os
seus predadores. Estas áreas
são muito
modificadas pelo ser humano, pois ocorrem criação de gado nestes locais.
6. Floresta tropicais
Desenvolve-se em zonas
com baixa latitude, perto do equador, entre os trópicos. Este bioma
abriga uma enorme variedade de espécies tanto em termos de fauna como de
flora. A grande produtividade deve-se a uma elevada taxa de radiação
solar assim como
uma grande percentagem de precipitação anual, não existindo estações
definidas. A vegetação é estratificada verticalmente tendo árvores que
podem atingir os 46 metros. As árvores possuem folhas largas e sempre
verdes para captar a radiação do sol, devido à densidade do estrato
superior. Os estratos inferiores são menos densos, uma vez que são
constituídos por espécies arbustivas e herbáceas. A luta pela obtenção
da luz solar fez com que as espécies vegetais desenvolvessem estratégias
mais incomuns para conseguirem obter luz solar, como crescerem de forma
epífita nas árvores ou treparem pelas árvores até obterem luz. Por se
tratar de um solo com grande riqueza em detritos, estes são ricos em
microrganismos que decompõem os restos vegetais e animais que ai se
encontram. Um exemplo deste bioma é a Floresta Amazónica.
7. Floresta temperada
Bioma caraterístico de
zonas entre os polos e os trópicos é possível identificar as quatro
estações, com temperaturas médias amenas e precipitação distribuída de
forma uniforme. Dominadas por árvores de folha caducifólia, isto é,
árvores
que perdem a folha e ficam dormentes durante os meses mais frios. Solos
com bastante matéria orgânica e uma cobertura de herbáceas rasteiras
(ervas). A fauna existente migra durante os meses mais frios ou possui
adaptações que lhes permite sobreviver a temperaturas baixas, como por
exemplo hibernar ou armazenar alimentos.
8. Biomas aquáticos
Estes biomas
dividem-se em ambientes de água doce e ambientes de água salgada. Tal
como os biomas terrestres, estes biomas são ricos em biodiversidade,
constituindo a maior parte dos biomas existentes no planeta. A
temperatura, a luz solar e
a salinidade
são fatores de extrema importância para a existência de vida nas massas
de água. Ambientes mais frios são menos biodiversos do que ambientes
mais quentes, já ambientes mais luminosos
possuem
uma maior biodiversidade tanto em termos de fauna como de flora. Um
exemplo destes biomas é a Grande
barreira de
Coral na Austrália, muito apreciada pelos turistas que praticam
mergulho.
Apesar das divisões
existentes, o bioma não é algo estático podendo muitas vezes coexistirem
caraterísticas de dois biomas num mesmo espaço, uma vez que os seres
vivos não respeitam fronteiras, o que torna a sua classificação bastante
difícil.
Muitos destes biomas
encontram-se
protegidos por leis, sejam estas locais ou internacionais, uma vez que
são de grande importância para o equilíbrio do planeta, não só porque
abrigam milhões de seres vivos mas também porque são responsáveis por
manter os ciclos biogeoquímicos que regulam a vida na Terra e sem os
quais não seria possível viver.
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