Ciências Sociais e Humanas

Psicologia

Tolerância à Frustração

Autor: Catarina Vargues Conceição

Mestre em Psicologia

Data de criação: 21/05/2015

Resumo: Apresentação do conceito de Tolerância à Frustração...

A tolerância à frustração pode ser entendida como a capacidade do indivíduo em lidar com situações em que experiencia frustração, isto é (...)

Palavras chave:  psicologia

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Conceito de Tolerância à Frustração

A tolerância à frustração pode ser entendida como a capacidade do indivíduo em lidar com situações em que experiencia frustração, isto é, a impossibilidade ou dificuldade de persecução, concretização dos seus objectivos ou necessidades. Várias são os factores que podem contribuir para a frustração de objectivos ou expectativas, como sejam factores externos ao indivíduo (e.g. factores económicos, sociais) ou internos (e.g. factores psicológicos, como a auto-eficácia percebida), face aos quais o indivíduo responde ou mais ou menos adaptativamente. A baixa tolerância à frustração pode ser percebida através de manifestações de irritabilidade fácil, comportamentos e comunicação não assertiva, desmotivação e desistência de tarefas ou objectivos, podendo deste modo promover o distress psicológico e disfuncionalidade no modo como o indivíduo se percebe a si e ao mundo. Neste sentido, a baixa tolerância à frustração apresenta-se comummente associada a baixa auto-estima e auto-eficácia, designadamente quando as experiências de frustração não são geridas de forma adaptada, contribuindo para a desregulação emocional e por conseguinte para um baixo limiar de tolerância à frustração tendencialmente estável e generalizado. Deste modo, afigura-se importante a promoção da tolerância à frustração em idades precoces do desenvolvimento, através de estilos parentais ou educativos democráticos, que considerem o estabelecimento consistente de regras e limites a par da expressão afectiva, que permitam à criança aprender, num ambiente contentor e de segurança, a experienciar e lidar com a frustração, enquanto experiência natural ao longo da vida do ser humano. Gerir a frustração implica assim a competência de auto-regulação, através da consciencialização das emoções despoletadas pela experiência de frustração (e.g. zanga, tristeza), promovendo deste modo a possibilidade de agir tendo em linha de conta um pensamento consequencial (isto é, pensando antes de agir nas consequências do comportamento). Complementarmente, é pertinente a avaliação dos desencadeantes da frustração, já que esta pode decorrer de padrões ou expectativas desajustadas (e.g. perfeccionismo), bem como de interpretações distorcidas (e.g. atender selectivamente a uma parte da situação; concluir abusivamente), podendo deste modo ser regulada através da reestruturação de pensamentos disfuncionais subjacentes. Contudo, em muitas situações permanece a necessidade de lidar com a frustração na impossibilidade de mudança dos factores desencadeantes (e.g. factores externos ao indivíduo), podendo ser desenvolvida a capacidade de tolerância, através de estratégias de aceitação e mindfulness, de resolução de problemas, orientada para a procura de soluções alternativas, ou ainda através da reatribuição de significados, isto é, do modo como o indivíduo interpreta a situação geradora de frustração.

 

Referência bibliográfica

Friedberg, R.D.,& McClure, J.M. (2002). The Clinical Practice of Cognitive Therapy with Children and Adolescents. New York: The Guilford Press.

 

 

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