Conceito de Terapia Focada nas Emoções
A Terapia Focada
nas Emoções baseia-se na relevância da emoção e das experiências
emocionais
enquanto sinalizadoras das necessidades psicológicas do indivíduo e do
seu bem-estar ou mal-estar psicológico. Entre os teóricos das emoções,
destacam-se Greenberg e colegas (2004) na conceptualização dos processos
emocionais essenciais à mudança psicoterapêutica, como a experiência e
activação emocional, a regulação e o reprocessamento, postulando que é
activação das emoções que permite a sua reestruturação. Esta, por sua
vez, possibilita uma mais adequada regulação emocional,
proporcionando experiências emocionais mais adaptadas. De um modo geral,
a activação de esquemas emocionais (estruturas organizadoras das
experiências emocionais ocorridas ao longo do desenvolvimento), produz
respostas emocionais automatizadas pelo processo de aprendizagem e
congruentes com o conteúdo do esquema. A sua automaticidade assume em
parte uma função adaptativa quando ajustada à experiência ou situação
(e.g. experienciar medo face a uma situação de abuso), podendo no
entanto revelar-se disfuncional e não adaptativa quando generalizada e
desproporcionada a outras situações (e.g. experienciar medo face à
intimidade no âmbito de uma relação saudável), sendo importante a sua
reestruturação. A resposta da Terapia Focada nas Emoções consiste
assim na consciencialização, activação e reprocessamento das
experiências emocionais disfuncionais ou não adaptativas através do
desafio ao esquema emocional, promovendo respostas emocionais
adaptativas (e.g. permitir o acesso à emoção adaptativa de medo face ao
perigo e ameaça; permitir o acesso a emoções agradáveis, como a alegria,
em situações de segurança e conforto). Neste âmbito, os conceitos de
emoção primária e secundária constituem conceitos-chave, sendo o
evitamento ou bloqueio do processamento emocional adaptativo (emoção
primária com valor de adaptação, como o medo face à ameaça ou perigo)
concebido enquanto promotor de perturbações psicológicas, verificando-se
comummente a experiência de emoções ditas aprendidas (secundárias ou
primárias não adaptativas), enquanto defesas disfuncionais em resposta
às emoções primárias. De facto, as experiências emocionais adaptativas
interrompidas ou evitadas manifestam-se frequentemente em
assuntos inacabados (e.g. não resolução do trabalho de luto após a
morte de uma pessoa significativa; não resolução da perda decorrente do
término de uma relação), sendo pertinente a sua resolução emocional,
através da experiência ao invés do evitamento emocional, permitindo ao
indivíduo reorganizar-se emocionalmente. As experiências emocionais
podem ainda revelar-se incongruentes, despoletando emoções percebidas
como contraditórias e contribuindo para conflitos internos, os
quais também se afiguram objecto do reprocessamento emocional,
promovendo a consciência do conflito, a comunicação de ambas as partes
do mesmo e deste modo a expressão daquelas que são as emoções e
necessidades subjacentes, pretendendo-se deste modo facilitar a sua
resolução/negociação através do processamento emocional. O
(re)processamento emocional promove então mudanças na experiência
emocional do indivíduo, possibilitando o acesso às suas necessidades
psicológicas e, por conseguinte, à promoção do seu bem-estar
psicológico.
Referência bibliográfica
Elliot, R.,
Watson,
J., Goldman, R., & Greenberg, L. (2004). Learning Emotion-Focused
Therapy. The process-experiential approach to change. Washington DC:
American Psychological Association.
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