Conceito de Terapia da Coerência (DOBT)
A teoria
da coerência (depth oriented brief therapy) é uma terapia que se
sustenta num equilíbrio entre as terapias “rápidas” e “profundas”, ou
seja, prima simultaneamente pela ênfase na eficácia (cada sessão deve
ter um fecho temático) e pela profundidade, relação, aspetos emocionais
e inconscientes da vida do cliente.
O que distingue a terapia da coerência de outras terapias breves é o
envolvimento ativo com toda a fenomenologia –
emocional,
cognitiva, somática (cinestésica e somestésica), e comportamental,
consciente e não consciente – de uma forma focada e eficiente como é
necessário para o trabalho breve e, ao mesmo tempo, na forma respeitosa
e autêntica requerida para uma relação colaborativa cliente-terapeuta
rica e com significado.
Nesta terapia nunca existe uma tentativa direta de parar os sintomas.
Esta é uma abordagem com enquadramento
construtivista
e não patalogizador. As pessoas são construtoras da sua própria
realidade, sendo que tudo aquilo que elas fazem se constitui como
atividade do conhecimento, ou seja, sem saberem, constroem de forma
ativa a realidade em contato com o meio. Aquilo que se conhece
afigura-se como a realidade e só se conhece aquilo que se experimenta
(realidade experiencial). Quando a pessoa apresenta sintomas e
sofrimento psicológicos não significa que esteja a incorrer numa leitura
“errada” da realidade; o terapeuta tem, assim, de ter o cuidado de não
assumir que o cliente está errado porque significaria estar a assumir
que sabe da vida do cliente mais do que ele próprio.
Um dos
conceitos basilares nesta teoria é o de Posição; esta seria uma
versão de realidade e a estratégia para lidar com essa realidade. A
Posição é um conjunto de emoções, cognições e experiências somáticas,
conscientes e/ou inconscientes que integram uma construção de
significado para uma dada situação, criando uma realidade experiencial;
são ativadas quando a perceção de uma situação atual e a representação
armazenada (memória) correspondem, e predispõem a pessoa a responder de
modo a proteger-se, procurando assegurar o seu bem-estar ou escapar à
dor.
Na posição podemos distinguir entre posição anti-sintoma e posição
pró-sintoma. A Posição anti-sintoma é sobretudo consciente e o
sintoma é visto como negativo e irracional, sem valor e a pessoa vê-se
vítima do sintoma, querendo pará-lo a todo o custo mas sem sucesso. Por
sua vez, a Posição pro-sintoma – Esta é predominantemente
inconsciente e o sintoma
tem
utilidade (não necessariamente uma função). A pessoa é autora do
sintoma, sendo o sintoma coerente, porque é esta quem o faz, embora de
uma forma não consciente. Neste sentido, o sintoma tem um significado
importante.
No que
concerne as estratégias terapêuticas existem dois momentos cruciais na
terapia. O primeiro diz respeito ao Questionamento Radical – visa aceder
aos significados escondidos nos sintomas (perceber a posição
pro-sintoma) e o segundo momento, a Mudança Experiencial - objetiva
facilitar a mudança, havendo uma valorização da experiência em
detrimento do insight. Nesta, o terapeuta envolve-se com a
pessoa, tentando produzir mudança experiencial mas é a pessoa que muda,
e não o terapeuta que muda a pessoa.
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