Ciências Sociais e Humanas

Psicologia

Psicologia da Dor

Autor: Raquel Santos

(Mestre em Psicologia Clínica)

 

Data de criação: 31/05/2015

Resumo: Apresentação do conceito de Psicologia da Dor...

Na consulta de psicologia da dor, são dois os tipos de dor com os quais os profissionais de saúde lidam: a dor aguda e a dor crónica (...)

Palavras chave:  psicologia

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Conceito de Psicologia da Dor

Na consulta de psicologia da dor, são dois os tipos de dor com os quais os profissionais de saúde lidam: a dor aguda e a dor crónica. A dor aguda é caracterizada por dores temporárias, que desaparecem naturalmente, ou após tratamento médico adequado. Já a dor crónica trata-se de um tipo de dor que se distingue pela regularidade e persistência dos seus episódios, geralmente com duração superior a seis meses e, ao contrário da dor aguda, não atua como função de alarme do organismo. Este tipo de dor está igualmente associado a quadros de depressão e ansiedade, os quais agravam a sua intensidade (Hanson e Gerber, 1990; cit. por Gomes, 2008).

O impacto destes dois tipos de dor no quotidiano do indivíduo é de igual modo divergente, estando dependente da forma como a pessoa conceptualiza a sua situação de doença, e como se revê no papel de doente. Existem pessoas que conseguem gerir a sua condição de uma forma mais otimista, minimizando os efeitos negativos da doença. Essas pessoas continuam com as suas atividades diárias, mesmo que sejam necessárias algumas adaptações, e aceitam a existência da dor, adaptando-se a ela e adotando estratégias de confronto adequadas. Outras pessoas, e principalmente em situações de dor crónica, desenvolvem um conjunto de características comportamentais e psicológicas que demonstram uma situação de dor que ultrapassa o considerado normal, observando-se desistência, desesperança e desespero, devido a insucessos consecutivos no controlo da dor; debilidade física decorrente da inatividade e da perda de interesse nas atividades do dia-a-dia; desenvolvimento de quadros depressivos e ansiógenos, associados a sintomas disfuncionais como o evitamento ou redução significativa da atividade física habitual, incluindo atividades de prazer e mestria; alterações do sono e da alimentação; conflitos com familiares e amigos; utilização inadequada da doença para obtenção de regalias como a atenção dos outros, ou outros ganhos pessoais; entre outros aspetos (Hanson e Gerber, 1990; cit. por Gomes, 2008).

Assim, considera-se que “a dor é um fenómeno complexo, subjetivo e único para cada pessoa e, por isso, para perceber esta experiência é necessário entender a perceção idiossincrática do fenómeno da dor, das estratégias de confronto pessoais e dos efeitos da dor sobre a qualidade de vida própria e de outros significativos” (Gomes, 2008, p.11). Deste modo, e sendo a dor um fenómeno biopsicossocial, considera-se relevante que exista uma análise funcional do problema que compreenda as diversas dimensões que se conhece estarem envolvidas na experiência de dor, sendo elas as dimensões cognitivas, emocionais, comportamentais, e ambientais físicas e sociais (Gomes, 2008).

Além da consideração destas dimensões, e da história clínica do paciente, a caracterização da dor é um aspeto igualmente importante na avaliação do indivíduo. As sensações físicas que definem a experiência de dor enquadram cinco dimensões principais (Gomes, 2008):

Localização: a parte do corpo onde é sentida a dor

Intensidade: grau de intensidade de dor sentida

Qualidade: a natureza da sensação (queimadura, guinada, entre outros)

Classificação: incómoda, forte, violenta, horrível

Tempo: quantidade de tempo que a dor é sentida

Outra forma de avaliação da dor, a mais comumente utilizada, envolve a escala de dor, a qual pode ser numérica (0 a 10, sendo 0 ausência de dor, e 10 dor intensa), verbal (sem dor, dor moderada, dor forte, dor insuportável), categorial ou analógica visual (o paciente assinala a intensidade de dor numa linha previamente desenhada de 10 centímetros) (Gomes, 2008).

É de ter em consideração que, embora haja uma tentativa de quantificar e qualificar a dor, qualquer sensação de dor constitui uma experiência privada e, desta forma, não é possível mensurá-la de forma objetiva (Gomes, 2008).

De forma a intervir nos quadros de dor, a abordagem cognitivo-comportamental tem sido a mais utilizada, defendendo a importância das cognições e das respostas de confronto e ajustamento à dor aguda e crónica. No contexto da dor, esta abordagem procura modificar respostas cognitivas e comportamentais relacionadas ao quadro álgico, assumindo que essas mudanças conduzirão a um melhor funcionamento físico e psicológico do indivíduo (Jensen, Turner e Romano, 2001; cit. por Gomes, 2008).

 

Referências bibliográficas:

Gomes, A. (2008). Abordagem psicológica no controlo da dor. Lisboa: Permanyer.

 

 

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