Apresentação da Perturbação
Obsessivo-Compulsiva
A perturbação obsessivo-compulsiva é
caracterizada como uma das principais causas de incapacitação. É uma
perturbação que traz vários prejuízos para os pacientes, sendo que
Miranda e Bordin, bem como Argimon e colegas, destacam entre esses
prejuízos a perda na capacidade de desempenho escolar, laboral, de
desempenho na sociedade e em
casa, observando-se que
quanto maior for a severidade da doença maior será a perda destas
funções. Atualmente é a quarta perturbação psiquiátrica mais frequente,
englobando 1% a 3% da população.
A perturbação
obsessivo-compulsiva
é uma perturbação de ansiedade, que se caracteriza por obsessões e
compulsões. De acordo com o manual de diagnóstico das perturbações
mentais, as obsessões são geralmente caracterizadas por pensamentos,
impulsos ou imagens repetitivas e persistentes, que causam ansiedade e
mau estar, não sendo apenas preocupações excessivas acerca de problemas
reais da vida do indivíduo. Como estas obsessões causam mau estar, o
indivíduo tenta suprimi-las através de outros pensamentos ou ações
(compulsões). As compulsões são caracterizadas por comportamentos
repetitivos ou atos mentais que o indivíduo sente necessidade de
realizar por resposta a uma obsessão. Esses comportamentos têm como
objetivo reduzir o mau estar ou prevenir acontecimentos temidos, não
sendo realistas e claramente excessivos. Segundo Gonzalez, as obsessões
mais frequentes são preocupações com a sujidade ou secreções corporais,
receio que algo negativo possa ocorrer, quer para o próprio indivíduo
quer para os entes queridos, e preocupações com a organização, querendo
o indivíduo tudo organizado de forma simétrica. As compulsões mais
comuns englobam lavagem recorrente das mãos, verificação de portas de
forma a confirmar se estão realmente fechadas, contagem, ordenação e
arrumação.
De
acordo com Cordioli, esta perturbação pode ter início em qualquer fase
da vida, mas normalmente desenvolve-se
na infância ou adolescência, sendo raro iniciar-se depois dos 40 anos.
Geralmente, um início precoce está associado a uma pior sintomatologia,
que por sua vez se associa a uma pior evolução na perturbação. Este
início precoce também é associado a uma maior comorbilidade com outras
perturbações. Em aproximadamente 10% dos casos os sintomas são
incapacitantes.
Conforme Miranda e Bordin referem, existe
um grande intervalo entre o início dos sintomas e a procura de
tratamento, pois estes pacientes apenas procuram ajuda quando o quadro
clínico é agravado, sendo que raramente apresentam taxas de remissão
completa, uma vez que com a evolução tende a tornar-se uma doença
crónica. Estes autores acrescentam que esta perturbação pode ser
desencadeada por fatores como situações de grande exigência, quer a
nível escolar
como profissional, rotura de relações afetivas, morte de entes queridos,
período após a gravidez, mudança do local de residência ou de trabalho,
entre outros. Embora geralmente os sintomas desta perturbação nunca
desapareçam por completo, um bom prognóstico é esperado quando a
perturbação se inicia numa idade mais avançada, quando os sintomas
obsessivos apresentados ainda não são muito acentuados, quando a
resposta à intervenção terapêutica é boa e o indivíduo apresenta um bom
ajustamento social, quando a comorbilidade associada é menor, e quando
se verifica a ausência de doenças psiquiátricas na família.
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