Conceito de Necessidades Psicológicas
O
conceito de necessidades psicológicas remonta aos primórdios do estudo
da motivação humana e da psicologia em geral. São diversas as teorias
que versam sobre as necessidades psicológicas, desde os estudos sobre
personalidade de Maslow (1943) na hierarquização das necessidades
fundamentais, até à Teoria da autodeterminação (Deci & Ryan, 2000), que
postula que as necessidades psicológicas constituem o conteúdo
motivacional da acção do ser humano. Também o Modelo de
Complementaridade
Paradigmática (MCP; e.g. Vasco, 2013) se tem desenvolvido, em parte, em
torno das necessidades psicológicas, definindo um conjunto de sete pares
de necessidades psicológicas, cuja regulação da satisfação se afigura
promotora do bem-estar psicológico (Vasco, 2013). De um modo geral, as
necessidades psicológicas afiguram-se essenciais ao bem-estar
psicológico, na medida em que a sua satisfação se encontre regulada,
assumindo-se assim que a sua inadequada regulação se afigura promotora
de mal-estar psicológico (Vasco, 2013). Assim, a consciência da
regulação das necessidades psicológicas constitui-se fundamental na
adaptação da pessoa, promovendo no indivíduo a mobilização de recursos e
acções reparadoras que restabeleçam a adequada regulação das suas
necessidades e por conseguinte o seu bem-estar. O conceito de
necessidades psicológicas revela-se por este motivo essencial em
psicoterapia já que permite não só a redução do mal-estar, mas também a
promoção do bem-estar de forma íntegra e coesa. São diversas as
necessidades psicológicas mencionadas ao longo da história e das
diferentes teorias em psicologia, podendo enumerar-se um conjunto de
necessidades comummente consideradas, a saber: as necessidades de
experienciar prazer e dor, isto é, a capacidade de tolerar a dor
emocional e atribuir-lhe um significado (MCP; Vasco, 2013); a
necessidade de estabelecer relações de proximidade e intimidade com os
outros (e.g. Deci & Ryan, 2002; Vasco, 2013), bem como a capacidade de
no contexto destas relações adquirir autonomia (Deci & Ryan, 2000),
auto-determinação e capacidade de diferenciação (Vasco, 2013), fruindo
não só um tempo de qualidade com os outros, mas também consigo mesmo; a
necessidade de competência (Deci & Ryan, 2000) e produtividade (e.g.
Vasco, 2013), realizando projectos e produtos, bem como a necessidade de
experienciar lazer e relaxamento (Vasco, 2013); a necessidade de
abertura à experiência e de explorar o novo, a par da necessidade de
tranquilidade (Vasco, 2013), de presença no momento presente e
capacidade de fluir esse estar; a necessidade de ser coerente consigo
mesmo, no modo como pensa, sente e age, considerando a necessidade de
tolerar e actuar no sentido de resolver incoerências (Vasco, 2013); a
necessidade de estima ou valorização pessoal (e.g. Deci & Ryan, 2000;
Maslow, 1943; Vasco, 2013), a par da necessidade de auto-crítica (Vasco,
2013), enquanto crítica construtiva de reconhecimento e aprendizagem com
erros ou insatisfações próprias; a necessidade de colaborar ou cooperar
com outros, bem como a necessidade de assumir o controlo, exercendo
influência sobre o meio ou os outros (Vasco, 2013).
Referência
bibliográfica
Deci, E. L., & Ryan, R. (2000). The “what”
and the “why” of the goal pursuits: Human need and the
self-determination of behavior. Psychological Inquiry, 11(4),
227- 268. doi:
10.1207/S15327965PLI1104_01
Maslow, A.H. (1943). A theory of
human
motivation.
Psychological Review, 50,370-396.
doi:10.1037/h0054346
Vasco, A.B. (2013). Sinto e
Penso,
logo Existo!: Abordagem Integrativa das Emoções. PsiLogos, 11(1),
37-44.
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