Conceito de Modelo dos Cinco Factores
Ao
longo
da história da Psicologia e do estudo da personalidade têm sido diversas
as teorias e modelos que procuram explicar o funcionamento humano. O
Modelo dos cinco factores (FFM, Five Factor Model), em parte
decorrente do Modelo dos cinco grandes (Big Five Model)
afigura-se um modelo factorial de estrutura hierárquica que pretende
explicar o funcionamento da personalidade do indivíduo com base em cinco
factores ou domínios fundamentais, sendo estes: o neuroticismo,
enquanto grau em que o indivíduo apresenta dificuldades na regulação
emocional, na resposta a factores de stress, no controlo da
impulsividade e na tendência a apresentar pensamentos ditos irracionais;
a extroversão, enquanto grau em que o indivíduo se relaciona
socialmente e o modo como o faz, isto é, de forma activa, receptiva a
estímulos, assertiva e optimista; a abertura à experiência, tida
como a criatividade face ao mundo externo e interno, a imaginação, a
sensibilidade estética, a procura de novas e diferentes experiências,
associada a valores não convencionais; a amabilidade,
referindo-se ao comportamento do indivíduo no cuidado com os outros, a
simpatia, a disponibilidade e o altruísmo, associado à crença de que os
outros também são amáveis; e a conscienciosidade, enquanto grau
em que o indivíduo apresenta auto-controlo, capacidade de planear e
concretizar tarefas às quais se propõe, associado à pontualidade,
exigência e rigor. Cada um destes domínios pode ser conceptualizado em
termos de grau em que se encontra presente, ou seja, o indivíduo pode
apresentar um grau ou mais ou menos elevado de cada um dos cinco
factores. Desta forma, indivíduos com baixos níveis em cada um dos
factores mencionados tendem a apresentar modos de funcionamentos ditos
opostos aos descritos anteriormente, por exemplo, um indivíduo com baixo
grau de neuroticismo tende a apresentar maior facilidade na adaptação a
situações de stress e menor impulsividade; e um indivíduo com
menores níveis de abertura à experiência tende a preferir ambientes
familiares, isto é, seus conhecidos, sendo pouco receptivo a novas
experiências ou interesses. Os cinco factores ou domínios apresentam-se
ainda divididos em trinta facetas (segundo nível da hierarquia) que
consistem em traços específicos que compõem o domínio a que pertencem (O
domínio Neuroticismo constituído pelas facetas Ansiedade,
Hostilidade, Depressão, Auto-Consciência, Impulsividade e
Vulnerabilidade; O domínio Extroversão constituído por
Acolhimento caloroso, Gregariedade, Assertividade, Actividade, Procura
de excitação e Emoções positivas; Abertura à experiência
composto pelas facetas Fantasia, Estética, Sentimentos, Acções,
Ideias e Valores; Amabilidade composto por Confiança,
Rectidão, Altruísmo, Complacência, Modéstia e Sensibilidade;
Conscienciosidade constituído por Competência, Ordem, Obediência
ao dever, Esforço de realização, Auto-disciplina e Deliberação),
possibilitando uma análise mais detalhada do funcionamento da
personalidade. De um modo geral, este modelo possibilita um quadro
compreensivo do funcionamento do indivíduo no que respeita ao seu estilo
de pensar, sentir e agir, não só consigo mesmo, mas também com os
outros, afigurando-se assim um modelo importante em diferentes áreas da
Psicologia. Na área clínica, este modelo apresenta diferentes
utilidades, como seja a possibilidade de compreensão do funcionamento
geral da pessoa que procura um serviço clínico, com base em cinco
factores organizadores da personalidade (através do inventário de
personalidade NEO-PI-R de Costa e McCrae, 1992, fundamentado
teoricamente pelas teorias mencionadas), atendendo aos estilos ou
tendências que o caracterizam, incluindo aqueles que possam contribuir
para o seu mal-estar psicológico, sendo importante promover a sua
consciência neste sentido.
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