Conceito de Luto
O luto é um processo
intra-psíquico que decorre da perda física, em especial de alguém de
afeição, de um modo geral. Também poderá estar relacionada com a perda
de um animal de estimação, um lugar, um objeto concreto em particular. O
luto apresenta-se como uma necessidade do aparelho psíquico para ligar
representações ou impressões traumatizantes, resultantes de uma
circunstância ou até mesmo de uma perda efetiva, real, de uma pessoa. O
luto é uma atividade de elaboração psicológica que pode ser bem-sucedida
ou não. No caso de insucesso poderá questionar-se a presença de uma
melancolia.
Sigmund Freud
(1836-1959), médico psicanalista, foi o primeiro autor a caraterizar o
luto como um processo e a diferenciar luto normativo de luto
patológico-melancolia, notório em especial no seu artigo de 1917 “Luto
e Melancolia”. No luto normativo, o individuo tem consciência de que
perdeu. Trata-se de uma perda real e trata-se também de um processo
doloroso, lento e natural.
Apresenta como
características uma tristeza profunda e pode levar um individuo a
guardar-se no seu mundo, afastando-se dos outros. É um processo de
grande atividade psicológica, de perda mas também de criação daquilo que
se perdeu, dentro dos limites daquilo que é possível. O pensamento,
daquele que em luto, poderá estar na perda e não no trabalho, na relação
amorosa, nos afazeres do quotidiano. É considerada uma situação normal.
Medo e Culpa, são as definições associadas ao luto, por Sigmund Freud,
aliadas à inibição, pela retração narcísica como meio de proteção contra
o esvaziamento efetuado pelo objeto interno perdido.
O luto patológico,
difere, em especial, no momento de afastamento, do luto normativo. No
luto normativo o afastamento é para melhor pensar e reelaborar, na
melancolia o afastamento da realidade e dos outros é para dedicação
exclusiva à perda e à lamúria, sem possibilidade de construção.
A melancolia é um luto
contínuo com danos importantes para o ego. Há uma perda grande de
energia sem possibilidade de resolução. Para minimizar os custos para a
vida, em geral, o ego tenta negociar com o Id – as exigências pulsionais
– e o Super-Ego – as exigências morais, com vista a recuperar o objeto
que se perdeu concretamente, perante uma realidade de que não é
possível. É uma tarefa árdua e contínua levando a perturbações na
auto-estima e até quase à perda do próprio, pois trata-se de uma
insistência – interna – em recuperar aquilo que não existe mais, numa
recusa até da realidade. Esta situação leva a uma destruição de si
mesmo, e esta pode ser traduzível pelo ódio e recriminações de si e dos
outros ou até perdas materiais consideráveis. A melancolia tem um
caracter inconsciente importante e a dúvida pertinente do que realmente
se perdeu, se o objeto se o individuo em si mesmo.
O Luto também pode ser
compreendido através de Elisabete Kubler – Ross ,(1926 – 2014) médica
que trabalhou o tema da morte. Esta autora descreve o luto em 5 etapas:
1. Negação: Momentos a
seguir à perda real/ Recusa e negação da perda/ Pensamento mais comum :
“é um pesadelo, quando acordar está tudo bem”
2. Zanga: Zanga e
promessas/ Tentativa de negociação com o mundo e com Deus para repor
quem ou o que se perdeu/ Perda de confiança e procura de recursos
externos
3. Raiva: Sentimento
de culpa sobre si e sobre os outros/ A vitima tem culpa pelo abandono/
Ressentimento
4. Desespero:
Sofrimento moroso de perda real/ Inundação pela dor/ Procura de
silêncio/ Perda de esperança
5. Aceitação:
Tentativa de compreensão da perda/ Termos, condições e circunstâncias da
perda/ Cooperação com a perda e o sofrimento/ Procura de alternativas
O Luto é um processo
psicológico universal e é palco de estudos por parte de psicólogos,
médicos, antropólogos, sociólogos, biólogos e tantos outros
profissionais que se dedicam à investigação e tratamento do ser vivo –
humano ou animal -.
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