Conceito de Atitudes
Definições de atitude
Mediante
diversos autores, e em diversas épocas, as atitudes possuíram diferentes
definições:
Segundo
Thomas e Znaniecki (1915) uma atitude é um processo de consciência
individual que determina actividades reais e possíveis do indivíduo no
mundo social;
Para
Allport (1935) uma atitude é um estado de preparação mental ou neural,
organizado através da experiência, e exercendo uma influência dinâmica
sobre as respostas individuais;
Rosenberg e
Hovland (1960) dizem que as atitudes são predisposições para responder a
determinada classe de estímulos com determinada classe de respostas;
Abelson
(1976) diz que a atitude face a um objecto consiste no conjunto de
scripts relativos a esse objecto;
Jos Jaspars
(1986) diz que as atitudes são predisposições comportamentais
adquiridas, que não podem ser medidas directamente, mas têm que ser
inferidas do comportamento;
Segundo
Ajzen (1988) a atitude é uma predisposição para responder de forma
favorável ou desfavorável a um objecto, pessoa, instituição ou
acontecimento.
Eagly e
Chaiken (1993) dizem que a atitude é um construto hipotético que se
refere à “tendência psicológica que se expressa numa avaliação favorável
ou desfavorável de uma atitude específica”.
Componentes das atitudes
Os
psicólogos sociais concebem as atitudes como compreendendo uma
componente cognitiva, afectiva e comportamental.
·
Componente Cognitiva:
Consiste em pensamentos, crenças, ideias, opiniões e conclusões sobre
dado tópico ou objecto. Percepções sobre um grupo (estereótipos).
·
Componente Afectiva:
Envolve emoções, sentimentos sobre o objecto da atitude (preconceitos).
·
Componente Comportamental:
Consiste numa predisposição para agir de certa maneira em relação ao
objecto da atitude (discriminação).
Funções
das atitudes
Ao longo
dos anos, os teóricos identificaram e discutiram várias das funções às
quais as atitudes podem servir.
Daniel Katz
falou em quatro tipos de funções:
·
Função instrumental / de ajustamento:
Tendemos a adoptar atitudes positivas ou favoráveis, em relação às
coisas que nos recompensam, e negativas ou desfavoráveis em relação
àquelas que nos punem.
·
Função de conhecimento:
As atitudes que nos ajudam a extrair um sentido do mundo, que trazem
ordem às informações que devemos assimilar, servem a este tipo de
função.
·
Função expressiva de valores:
As atitudes que expressam os nossos valores e reflectem os nossos
autoconceitos servem a esta função.
·
Função defensiva do Ego:
As atitudes que nos protegem da ansiedade ou de ameaças à nossa
auto-estima servem a esta função.
Medição
das atitudes
As técnicas
de medição das atitudes podem ser divididas em três grupos que
correspondem a formas de expressão, cognitiva, afectiva e comportamental
das atitudes.
Esta
medição é feita através de: respostas cognitivas, respostas afectivas e
respostas comportamentais.
Quanto à
medição das atitudes através de respostas cognitivas é feita
através de escalas de atitudes como por exemplo a de Thurstone
(centra-se na procura de objectividade, na selecção das frases face às
quais os sujeitos têm que assinalar com as que concordam), a de Likert e
por fim a de tipo Guttman.
Através das
respostas afectivas, para além das palavras é no nosso corpo que
se manifestam muitas vezes os nossos sentimentos, a sociopsicofisiologia
desenvolveu quatro tipos de técnicas de avaliação das atitudes através
de sinais corporais que são: respostas naturais manifestas, respostas
naturais escondidas, respostas condicionadas e falsas respostas
psicofisiológicas. Que não têm produzido técnicas e resultados tão
importantes como se previa, estas respostas podem também ser abordadas
através de técnicas em que os indivíduos descrevem as suas emoções face
a um determinado objecto.
Quanto às
respostas comportamentais referem-se à avaliação dos
comportamentos. Nestas técnicas são descritas como as que melhor
traduzem a realidade, no entanto não deixam de sofrer influências visto
que apresentam enviesamentos diferentes dos das técnicas de
auto-descrição.
Atitudes
e Comportamentos
Algumas
vezes ouvimos dizer que se conhecemos as atitudes de uma pessoa, somos
capazes de predizer o seu comportamento em uma dada situação.
Na verdade,
isto acontece com frequência, embora nem sempre seja este o caso.
Fishbein e
Ajzen (1975) afirmaram que as atitudes são factores importantes para
predizer o comportamento, mas distinguem entre:
-
Atitudes
gerais face a um objecto;
-
Atitudes
específicas face a um comportamento relacionado com o objecto de
atitude.
Estes
mesmos autores, consideravam que todo o comportamento é uma escolha
entre várias alternativas, pelo que a melhor maneira de predizer
comportamentos seria pela intenção comportamental, ou seja, pelas
crenças, motivações e avaliações da pessoa em causa.
Mudança
de atitudes
Relativamente à mudança de atitudes é importante abordar-se três linhas
de pesquisa que conceptualizam o peso das emoções neste processo.
A primeira
linha de pesquisa interessa-se pelo condicionamento clássico e pelo
investimento afectivo. Está muito presente nas campanhas de publicidade
e baseia-se no facto de determinados estímulos suscitarem em nós emoções
positivas, é o exemplo de uma música associada a um determinado produto.
A segunda
linha de pesquisa interessa-se pelo efeito de exposição simples, que se
baseia no princípio de mudar atitudes através da apresentação frequente
do estímulo. O impacto da repetição dos estímulos é tanto maior quanto
menos é consciente.
A terceira
linha de pesquisa interessa-se pelo estudo do humor no tratamento da
informação, sendo que o humor pode ser abordado nas situações em que faz
parte integrante da mensagem e nas que constitui um elemento exterior à
comunicação.
Bibliografia:
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D.H. & Hockenbury, S.E. (2003).
Descobrindo a Psicologia
(2.º Ed.). Brasil: Manole.
Huffman,
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Leyens,
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