Conceito de Ansiedade Generalizada
A
ansiedade
generalizada é uma perturbação de ansiedade caracterizada pela presença
constante e persistente de preocupação em diferentes contextos em
simultâneo (e.g. conjugal, familiar, laboral), associada à intolerância
à incerteza. A dificuldade em lidar com a incerteza é então acompanhada
pela preocupação permanente, intensa e desajustada às situações,
percebida como meio de antecipar possíveis situações problemáticas.
Contrariamente aquela que é a expectativa do indivíduo, a preocupação
afigura-se promotora de mal-estar psicológico, promovendo elaborações e
interpretações distorcidas, catastróficas, caracterizadas por apreensão
ansiosa. De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de
Perturbações Mentais (DSM, Diagnostical and Statistical Manual of
Mental Disorders), a perturbação de ansiedade generalizada
caracteriza-se pela presença de ansiedade e preocupação, repercutindo-se
em mal-estar significativo num período de pelo menos seis meses,
associado à dificuldade em controlar a presença destas preocupações.
Relativamente às manifestações ou sintomas físicos e psicológicos,
verifica-se a presença de tensão muscular, fadiga, perturbações do sono
(agitação durante o sono ou insónia), irritabilidade e dificuldades de
concentração. Deste modo, no âmbito da perturbação de ansiedade
generalizada revelam-se pertinentes abordagens psicoterapêuticas que
proporcionem a experiência de atenção ao momento presente, como seja
através da aceitação e tolerância sem julgamento, característica da
prática de mindfulness. Complementarmente, é igualmente
importante a reestruturação dos pensamentos e crenças que
consubstanciam as preocupações (crenças positivas acerca da
preocupação) e meta-preocupações (Wells, 2006; crenças
negativas acerca da preocupação, isto é, preocupação pelos efeitos
nefastos das preocupações ou pelo seu carácter incontrolável),
promovendo perspectivas mais ajustadas às situações experienciadas pelo
indivíduo. A promoção do pensamento alternativo, a descatastrofização, e
a reflexão sobre as vantagens e desvantagens da preocupação (sobre
hipotéticos eventos futuros) contribuem assim para a regulação da
intensidade emocional, também maximizada pela promoção da competência de
resolução de problemas, através da elaboração de soluções. A pertinência
do desenvolvimento desta competência decorre da diferenciação entre
preocupação acerca de problemas actuais e a preocupação acerca de
problemas hipotéticos (apreensão ansiosa), sendo importante
optimizar a capacidade de resolução dos primeiros, contribuindo para a
promoção de eficácia percebida. De facto, verifica-se que as crenças
positivas e negativas acerca das preocupações, ao contribuírem para a
exacerbação da ansiedade, podem dificultar a resolução efectiva de um
problema actual, ou ainda promover o seu evitamento, intensificando a
ansiedade e a crença de que a preocupação (face a eventos hipotéticos) é
positiva, mantendo assim um ciclo disfuncional. De um modo geral, a
abordagem psicoterapêutica visa o desenvolvimento ou optimização dos
recursos psicológicos do indivíduo, não só a nível cognitivo e
emocional, mas também comportamental.
Referência bibliográfica
Wells, A. (2006).
Cognitive
therapy case formulation in anxiety disorders. In N. Tarrier (Ed.)
Case formulation in cognitive behaviour therapy: The treatment of
challenging and complex cases. London: Routledge.
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