Conceito de Analisador Intelectual
O
pensamento
surge quando o indivíduo tem um motivo apropriado que torna a tarefa
urgente e a sua solução essencial e não dispõe de uma solução já pronta
(inata ou habitual). Esta pode ser considerada a primeira etapa do
pensamento, na ausência da qual nenhum processo intelectual ocorre. O
contributo dos lobos frontais nesta etapa é fundamental, uma vez que sem
este componente os indivíduos podem ser incapazes de reconhecer que
estão perante um problema. Assim, nestes pacientes falta a condição
básica do pensamento, ou seja, a existência do próprio problema, de
maneira que não pode existir intenção de o solucionar.
Num segundo momento, é necessário que
ocorra a inibição de respostas impulsivas, a investigação das condições
do problema, a análise dos seus componentes, o reconhecimento dos
aspectos mais essenciais e das suas correlações recíprocas. Novamente
aqui é fundamental o contributo dos lobos frontais e o seu papel
de regulação e controlo da actividade mental. Na presença de fraco
contributo dos lobos frontais, o indíviduo não fará uma investigação
preliminar das condições do problema e como tal não realiza uma análise
prévia dos seus componentes, sendo incapaz de distinguir os aspectos
essenciais e acessórios na informação recebida.
A
terceira
etapa do processo de pensamento está relacionada com a selecção de uma
das inúmeras alternativas possiveis e a criação de um plano (esquema)
geral para a execução da tarefa, decidindo quais as alternativas com
maior probabilidade de sucesso e rejeitando todas as alternativas
inadequadas.
Posteriormente, o quarto momento
deste processo consiste na escolha dos métodos apropriados e das
operações que serão adequadas para implementar o esquema geral da
solução.
A
quinta
etapa do processo de pensamento será a solução real do problema ou a
descoberta da resposta ao problema incorporado na tarefa.
Finalmente surge o sexto momento onde
se comparam os resultados obtidos com as condições originais da tarefa.
Caso a solução encontrada esteja de acordo com as condições da tarefa, o
processo está concluído. Caso isso não ocorra, o processo de pensamento
decorre até ser encontrada a solução correcta para o problema
apresentado.
O
sistema
funcional do analisador executivo-intelectual irá depender do tipo de
tarefa a desempenhar, sendo que determinadas zonas dão um contributo
específico em determinadas tarefas (por exemplo, a análise visual de
estímulos) e outras zonas dão um contributo geral e essencial
independentemente do tipo de tarefa a desempenhar (como é o caso dos
lobos frontais, responsáveis pelo planeamento de todas as acções).
A área
temporal esquerda contribui para a memória audio-verbal e para os
componentes verbais da resolução de tarefas. Os sujeitos com
perturbações nesta área apresentam comprometidas as operações que exigem
a participação
da fala. No entanto, estas dificuldades também podem surgir em tarefas
não-verbais que exijam a retenção de material na memória audio-verbal
(Khomskaya, 2003).
O
cruzamento
das zonas parieto-occipitais contribui com os componentes de
análise e síntese espacial (cima-baixo; esquerda-direita; frente-trás) e
participam na compreensão de estruturas lógico-gramaticais complexas.
Indivíduos com perturbações neste cruzamento, apresentam dificuldades na
execução de tarefas aritméticas (devido à acalculia primária) e revelam
também dificuldade na compreensão de estruturas lógico-gramaticais
complexas, especialmente as que reflectem relações espaciais (por
exemplo, “onde é que está Portugal em relação a Espanha?”) (Khomskaya,
2003).
Os sectores
pré-motores contribuem com a inibição do programa prévio e a
organização da actividade intelectual no tempo. Os sujeitos com
perturbações nestas áreas apresentam dificuldades na organização
temporal de todos os
processos mentais (abrandamento no
processo de compreensão de histórias, por exemplo). Os erros mais
típicos são as respostas estereotipadas sempre que se torna necessário
passar para uma outra operação (por exemplo, desenhar uma cruz depois de
desenhar um círculo) (Khomskaya, 2003).
Como referido
anteriormente, os lobos frontais contribuem para a selectividade,
o planeamento e verificação dos actos mentais. Nestes sujeitos, a
actividade intelectual encontra-se comprometida como um todo e em
qualquer modalidade (verbal, visual, auditiva, etc). Quando os lobos
frontais não contribuem para os processos intelectuais, os sujeitos
perdem a estrutura da actividade intelectual tal como apresentade
inicialmente, tornando quase impossivel a realização de qualquer tipo de
tarefa. No entanto, a sintomatologia destes casos depende da gravidade
do comprometimento e pode ir desde casos graves, com desintegração total
da actividade intelectual, até casos ligeiros e quase
assintomáticos
(Khomskaya, 2003).
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