Conceito de Fascíola Hepática
A
Fascíola
hepática
é
um
parasita do filo Platelmintes, da classe Trematoda, sub-classe Digenea e
família
Fasciolidae, responsável
pela fasciolose1.
O
adulto
possuí
um corpo não
segmentado, foliáceo,
achatado dorso-ventralmente1, de 20-30 mm 2,
revestido por uma cutícula
espinhosa e desprovido de cavidade geral, estando os
órgãos
incluídos
num parênquima.
Os aparelhos circulatório
e respiratório
estão
ausentes, o tubo digestivo
é
incompleto (sem
ânus)
e na zona ventral encontram-se duas ventosas para fixação
ao hospedeiro1,3. São
parasitas obrigatórios,tendo
um hospedeiro definitivo, onde ocorre a reprodução
sexuada, e um hospedeiro intermediário
(heteroxenos.) Possuem
órgãos
reprodutivos femininos e masculinos (hermafroditas), podendo ocorrer
tanto fertilização
cruzada como autofecundação.
As formas mais jovens, imaturas, são
apenas histófagas,
enquanto os adultos são
também
hematógafos1.
Os
adultos
parasitam os canais biliares de maior diâmetro
e a vesícula
biliar dos hospedeiros definitivos4; as formas jovens migram
pelo parênquima
hepático1.
Podem ser encontrados em mamíferos
herbívoros,
principalmente bovinos e ovinos, e também
no Homem4.
É
importante salientar que a infeção
na espécie
humana não
ocorre devido
à
ingestão
de fígados
de animais infetados, mas sim devido ao consumo de
água
e vegetais (como alface, agrião
e espinafre) contaminados com metacercárias
(forma larvar)5.
Após
completar
o seu desenvolvimento nos canais biliares, os parasitas adultos libertam
ovos que são
transportados pela bílis
para o lúmen
do intestino delgado e, posteriormente, para o exterior com as fezes. Os
ovos desenvolvem-se em meio aquático,
eclodindo e libertando1 larvas cilíadas1,2,4:
os miracídios.
Possuem pouco tempo de vida, pois não
se alimentam e gastam rapidamente as reservas energéticas,
e
é
imperativo que encontrem um hospedeiro nas 24 horas seguintes1,4.
Os miracídios
procuram ativamente o hospedeiro secundário,
dispersando do local de libertação
e selecionando o habitat correspondente
à
espécie
que infetam, respondendo para tal a diversos estímulos
ambientais, como a luz e
temperatura,
e a estímulos
químicos
(quimiotaxia2. Quando a procura tem sucesso, aderem ao
hospedeiro secundário1
- Lymnaea truncatula, um molusco aquático4
- por sucção,
penetrando o tegumento com a ajuda de uma enzima citolítica.
Já
no interior do hospedeiro secundário,
transformam-se em esporocisto, uma estrutura sacular com diversas células
germinativas, a partir das quais se formará
um segundo tipo de larva: a rédia.
Após
romperem a parede do esporocisto alimentam-se dos tecidos do hospedeiro
e migram até
ao hepato-pâncreas.
Por sua vez, cada rédia
também
possui diversas células
germinativas, originando estas as cercárias,
um terceiro tipo de larva provida de mobilidade devido
à
presença
de uma cauda1. Este processo no interior do hospedeiro secundário
está
completo em 5-7 semanas4. As cercárias
serão
libertadas na
água,
acabando a maioria dos hospedeiros secundários
por morrer devido
à
extensão
dos danos no hepato-pâncreas1.
As cercárias
enquistam
na vegetação,
formando as metacercárias,
ingeridas pelo hospedeiro definitivo1,4. A parede quística
externa
é
destruída
pela mastigação1
e a interna
é
digerida no intestino delgado, dando origem
à
forma imatura do parasita adulto que penetra na parede intestinal e
migra até
ao fígado,
invadindo o parênquima
hepático.
Semanas depois, penetram nos canais biliares, atingindo a fase adulta e
libertando ovos. Cada ciclo completo dura, em condições
ideais, cerca de 3-4 meses4.
A
Fasciola hepatica
encontra-se
distribuída
por todo o mundo, com a exceção
da Antártida6,
requerendo, no entanto, um habitat com condições
específicas4,
como humidade elevada (solo saturado), solos ligeiramente
ácidos
e temperaturas adequadas (mais de 10ºC;
a temperatura
ótima
é
de 12-22ºC1,4,
para o desenvolvimento dos miracídios,
reprodução
do hospedeiro secundário
e desenvolvimento das larvas no interior dos mesmos6. Ainda
assim, tanto os ovos como as metacercárias
conseguem sobreviver durante o inverno. Em contraste, quando as
temperaturas são
altas e a humidade baixa, as metacercárias
apresentam reduzida sobrevivência1.
Referências:
1.
Urquhart
G, Armour J, Duncan J, Dunn A, Jennings F. Veterinary Parasitology. 2nd
ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Professional; 1996.
2.
Mehlhorn
H. Encyclopedic reference of parasitology. Berlin [u.a.]: Springer;
2001.
3.Cdc.gov.
CDC - Fasciola - Biology [Internet]. 2013 [cited 7 March 2015].
Available from: http://www.cdc.gov/parasites/fasciola/biology.html
4.
Bowman
D. HELMINTHS. In: Bowman D, ed. by. Georgis' Parasitology for
Veterinarians. 10th ed. Philadelphia: Saunders; 2013. p. 122-127.
5 .Gulsen
MT, Savas MC, Koruk M, Kadayifci A, Demirci F.. Fascioliasis: a report
of five cases presenting with common bile duct obstruction. Neth J
Med 2006; 64(1): 17-19.
6.
Cdc.gov.
CDC - Fasciola - Epidemiology & Risk Factors [Internet]. 2013 [cited 7
March 2015]. Available from: http://www.cdc.gov/parasites/fasciola/epi.html
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