Conceito de Veneno
Veneno,
em bioquímica, é qualquer substância, natural ou sintética, sólida,
liquida ou gasosa, que pode causar lesões nos tecidos vivos e ter um
efeito prejudicial ou fatal no organismo, em condições adequadas, se
esta for ingerida, inalada, absorvida ou injetada através da pele. O
termo "substância" é quase sempre sinônimo de "química" e inclui
medicamentos, vitaminas, pesticidas, poluentes, entre outros. Mesmo a
radiação é uma substância tóxica, embora não seja geralmente considerada
como sendo um "produto químico", a maioria das radiações são produzidas
a partir de radioisótopos, os quais são produtos químicos. O termo
"condições adequadas" refere-se à dosagem da substância que é suficiente
para provocar estes efeitos adversos.
Apesar
dos venenos serem objeto do conhecimento comum desde a antiguidade, o
seu estudo sistemático é muitas vezes considerado como tendo começado
durante o século 16, quando o médico e alquimista suíço-alemão Paracelso
revelou pela primeira vez a natureza química dos venenos. Foi também
Paracelso, que introduziu o conceito de dose, e estudou as ações dos
venenos através da experimentação. O conceito de dose é importante, pois
de acordo com este conceito, mesmo uma substância tão inócua como a água
é venenosa se for ingerida em demasia. Se uma droga atua como um
medicamento ou como um veneno, isso só depende da dose.
A
intoxicação
envolve quatro elementos: o veneno, o organismo envenenado, o prejuízo
para as células, e os sinais e sintomas ou morte. Estes quatro elementos
representam a causa, o assunto, o efeito e a consequência do
envenenamento. Para se iniciar a intoxicação, o organismo tem de estar
exposto ao agente tóxico. Quando um nível do agente tóxico é acumulado
nas células do tecido-alvo ou órgão, a lesão dai resultante para as
células perturba a sua estrutura ou função normal. Se a toxicidade for
suficientemente grave, pode levar à morte.
Os
venenos
podem ser classificados consoante a sua natureza química, forma física,
origem atividade química, local de destino, ou utilização
Se
forem
baseados na origem podem ser de origem vegetal, microbiana, animal ou
sintética. Como exemplo de venenos de origem vegetal temos o alcaloide
hiosciamina beladona, que é encontrado na beladona (Atropa belladonna).
Em relação à origem microbiana temos a toxina botulínica, que é
produzida pela bactéria Clostridium botulinum e que é capaz de
induzir fraqueza e paralisia. De origem animal temos os venenos
geralmente transferidos através das mordidelas e picadas de animais como
por exemplo cobras venenosas, escorpiões, aranhas e formigas. As toxinas
sintéticas são responsáveis pela maioria dos envenenamentos. A palavra
"sintético" refere-se a produtos químicos fabricados por agentes
químicos, tais como drogas e pesticidas, bem como produtos químicos
purificados a partir de fontes naturais, tais como metais de minérios e
solventes de petróleo. Exemplos destas toxinas incluem pesticidas
sintéticos, produtos de limpeza, cosméticos, produtos farmacêuticos.
Relativamente à classificação baseada na
sua forma física, os venenos podem ser, um sólido químico, líquido, um
gás, vapor ou aerossol, forma física esta que influencia a exposição e a
capacidade de absorção do veneno ou tóxico. Uma vez que os sólidos não
são geralmente bem absorvidos no sangue, estes devem ser dissolvidos num
líquido aquoso. Um veneno na forma líquida pode ser absorvido por
ingestão, inalação ou através da pele. Toxinas em estado gasoso à
temperatura ambiente (por exemplo, monóxido de carbono) são absorvidos
principalmente por inalação, tal como os vapores, que são a fase gasosa
de substâncias que são líquidos à temperatura ambiente e à pressão
atmosférica (por exemplo, benzeno). Exemplos destes venenos temos os
aerossóis que são partículas sólidas ou líquidas pequenas o suficiente
para ficarem suspensas no ar durante alguns minutos. Muitos venenos
líquidos podem existir como aerossóis líquidos, embora líquidos
altamente voláteis, tais como benzeno, raramente
existem
como aerossóis. Um veneno líquido moderadamente volátil pode existir
tanto como um aerossol como na forma de vapor.
Quanto á categorização pela sua natureza
química eles podem ser classificados de acordo se o produto químico é
metálico ou não metálico, orgânico ou inorgânico, e ácido contra
alcalino. Os venenos metálicos são muitas vezes eliminados lentamente do
corpo e acumulam-se numa maior extensão do que os venenos não metálicos
e, portanto, são mais suscetíveis de provocar toxicidade durante uma
exposição crónica. Os produtos químicos orgânicos são mais solúveis em
lípidos e, portanto, geralmente, podem passar através das membranas
celulares ricas em lípidos mais facilmente do que os químicos
inorgânicos. Como resultado, os produtos químicos orgânicos geralmente
são absorvidos mais amplamente do que produtos químicos inorgânicos.
Relativamente á acidez, tanto os tóxicos ácidos como alcalinos são
corrosivos para os olhos, pele e trato intestinal, no entanto os
alcalinos geralmente penetram nos tecidos mais profundamente que os
ácidos e tendem a causar lesões mais graves. Os venenos podem ainda ser
agrupados de acordo com a sua capacidade de imitar a estrutura de
determinadas moléculas importantes na célula. Eles substituem moléculas
das células em reações químicas, interrompendo funções celulares
fundamentais, por
exemplo,
o metotrexato, interrompe a síntese do ADN e do ácido ribonucleico
(ARN).
Ao
contrário
das classificações acima descritas, normalmente não há valor preditivo
na classificação pelos locais de destino ou pela sua utilização. No
entanto estas classificações são feitas para identificar
sistematicamente os inúmeros venenos conhecidos. Os locais-alvo incluem
o sistema nervoso, sistema cardiovascular, sistema reprodutivo, sistema
imunológico, e os pulmões, fígado e rins. Os venenos são classificados
pelas suas utilizações como pesticidas, produtos para o lar, produtos
farmacêuticos, solventes orgânicos, drogas de abuso, ou produtos
químicos industriais.
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