A saliva é um dos mais
extraordinários fluídos segregados pelo corpo humano. Devido á
sua complexidade, versatilidade e formação a mesma participa
activamente na resposta ao stress, na activação da digestão (que
começa na cavidade oral), participação na fala e no controlo da
quantidade de água no organismo. A secura da cavidade oral pode
indiciar problemas de saúde e é um dos efeitos secundários mais
comuns provocados pela medicação. Também é fundamental na
prevenção da cárie dentária e no ajuste do pH da cavidade oral,
para além de ter um papel importante no controlo das infecções,
e intoxicações. A qualidade da Saliva depende de hábitos e
rotinas mantidas pelo ser humano, e é afectada pelo uso
excessivo do álcool e do tabaco. A saliva é formada nas
glândulas salivares, major e minor, e é constituída
maioritariamente por enzimas (nas quais distingue-se a amílase),
minerais e aminoácidos (como por exemplo, a mucina, uma
glicoproteína que dá viscosidade á saliva).
Por dia, são formados cerca de um
a dois litros de saliva, esta quantidade é uma quantidade média
e está dependente de vários factores, tais como alguns problemas
de saúde que podem aumentar ou diminuir a quantidade de saliva a
ser segregada. Ao ser segregada e lançada para o meio (neste
caso a cavidade oral), ela humedece os tecidos moles e duros
existentes na boca (dentes, gengivas, línguas e mucosas). As
células que produzem saliva chamam-se glândulas salivares e a
sua secreção é controlada pelo centro salivar no cérebro. Por
isso, quando sentimos o cheiro de um alimento, as glândulas
salivares imediatamente promovem a produção de saliva.
Podemos referir cerca de dez
funções básicas da saliva: Protecção, Limpeza e acção solvente,
manutenção do ambiente húmido, Preparação do bolo alimentar e
início da digestão, Capacidade tampão, gustação, acção
antimicrobiana, reparação de tecidos e manutenção da integridade
dos dentes.
Protecção: A saliva tem um
papel lubrificante, em vista do seu conteúdo e formação,
protegerá a mucosa, formando assim uma barreira natural contra
agentes nocivos, tais como agentes microbianos e traumas. Além
disso, também protege a cavidade oral de alterações de pH o que
contribui para manter um ambiente saudável, por proteger os
dentes dos ataques microbianos causado pelos açúcares.
Limpeza e acção solvente: A
saliva dissolve substâncias que estimulam corpúsculos
gustativos, e isto vai manter a secreção salivar.
Manutenção do ambiente húmido:
Este é o ambiente ideal para as vias digestivas superiores em
geral, tais como a mucosa bucal e a faríngea, e a saliva é o
componente que permite mantê-lo.
Preparação do Bolo Alimentar:
O processo de ensalivação é essencial para a formação do bolo
alimentar. É através da saliva que a comida é transformada em
bolo alimentar visto que a mesma, junto com a acção dos
pré-molares e molares, que o alimento é moído, e triturado
conferindo a dureza necessária para que os restantes sucos
gástricos transformem o bolo no quimo e no Quilo posteriormente.
Problemas de saúde e maus hábitos (como excesso de álcool e
tabagismo), diminuem o processo de ensalivação e podem
contribuir para uma formação deficiente do bolo alimentar.
Portanto, hábitos de saúde, como exercício físico com base
regular, abstinência do tabaco e moderado uso do álcool são
essenciais também para a saliva e saúde geral.
Início da digestão: É sabido que a
saliva tem uma enzima importante, a amílase, isso permite que a
digestão comece a ser feita na boca. Por isso, é especialmente
importante que alimentos ricos em amido, como o pão e batatas,
por exemplo sejam bem mastigados para que a digestão seja
produtiva e os nutrientes possam ser rentabilizados ao máximo.
Capacidade tampão: A saliva
tem a capacidade de proteger a mucosa oral de duas maneiras: por
um lado, regula o pH para que as bactérias da cavidade oral
mantenham-se a um nível controlado, diminuindo a presença de
algumas bactérias potencialmente patogénicas, visto que negam as
condições ideais às bactérias. Por outro lado, eles regulam o pH
que as bactérias produzem após a refeição. Independentemente das
refeições que tomamos nos próximos 40 minutos, as bactérias irão
produzir um ácido que atacará os dentes, o que provoca uma
desmineralização dos dentes. A saliva, vai repor o pH á situação
inicial e repor a mineralização dos dentes. Sendo assim, a
capacidade tampão da saliva é a capacidade que a mesma tem de
manter um pH constante (perto de 7). Por isso, a xerostomia
(diminuição da quantidade de saliva segregada), pode também
aumentar a susceptibilidade a doenças periodontais e cáries
dentárias.
Gustação: A saliva é
fundamental para saborear os alimentos. Ela fornece a
sensibilidade gustativa. Assim atua de duas maneiras, por um
lado reconhece alimentos potencialmente perigosos, por outro
lado, permite que o indivíduo sinta satisfação ao ingerir
alimentos. Faz isso por dissolver alimentos, o que permite que
as papilas gustativas presentes na língua identifiquem sabores e
os transmitam ao cérebro.
Acção antimicrobiana: Além
da manutenção do pH explicada acima, a saliva ainda tem a
capacidade de eliminar algumas bactérias. Em vista da sua
composição, existem algumas proteínas com propriedades
antibacterianas. Além disso, enzimas presentes na saliva
destroem as paredes celulares de microorganismos o que facilita
a sua desintegração. Além disso, existem anti-corpos presentes
na saliva.
Reparação de tecidos:
Parece que o tempo de hemorragia em pacientes com xerostomia é
superior ao tempo de hemorragia em pacientes sem xerostomia.
Alguns estudos experimentais sugerem que a Saliva pode ter um
papel importante na reparação tecidual.
Manutenção da integridade dos
dentes: A presença de grandes quantidades de iões de cálcio
e fosfatos garante trocas iónicas na superfície dos dentes. Isso
permite que o hidroxiopatite do esmalte se mantenha constante, e
possam existir constantes trocas iónicas contribuindo para a
homeostasia. Isso aumenta a dureza da superfície do dente e
diminui a permeabilidade do dente, o que aumenta a capacidade do
esmalte de resistir á cárie dentária. Além disso, existe a
possibilidade de sempre existir a remineralização, mesmo quando
um processo carioso já se iniciou, em especial se estiverem
presentes iões de flúor, o que formará fluoropatite.