Conceito de Linguagem
A
linguagem
é o uso de um sistema comunicativo específico que compreende regras
específicas e que rege as diferentes Línguas e fala dos povos, sendo que
a base de desenvolvimento linguístico de cada um deles é semelhante.
Portanto
a linguagem dá vida ao pensamento, mas o pensamento e a linguagem têm
origens distintas. Inicialmente o pensamento é não-verbal e a linguagem
não intelectual, sendo a palavra por si só um ato verbal do pensamento,
ou seja, constitui uma ampliação implícita do objeto a que se refere.
Assim, o significado dessa palavra constitui um ato de pensamento,
no entanto não se pode negar que o significado também faz parte
da linguagem por ser indissociável da palavra, visto que a palavra sem
significado é meramente um som exterior ao contexto linguístico. Deste
modo, conclui-se que «(…) o significado pode ser visto simultaneamente
como um fenómeno de natureza verbal e como um fenómeno cognitivo.»
(Vygotsky).
Na
ausência
de conceitos não é possível a compreensão, ou melhor, sem qualquer meio
de representação, o pensamento por si só não será possível. Na
realidade, um bebé numa etapa intra-uterina, apenas perceciona sensações
que armazena na memória, para depois, quando nascer, colocar no vasto
compêndio de significados que irá adquirir. O seu pensamento é apenas
preenchido pelas experiências intra-uterinas, ainda que muitas vezes os
estímulos venham do exterior (ex: sons, luz, etc).
Todos
nascemos com a capacidade para adquirir linguagem, teremos portanto, um
conhecimento pré-programado sobre o tipo de estruturas que são possíveis
em muitas Línguas do mundo (Teoria Inatista). Fundamentalmente, o
desenvolvimento da linguagem é rápido e notório nos primeiros anos de
vida de uma criança com um desenvolvimento normal. Neste processo, a
criança desenvolve um esforço individual mas é também ativamente
estimulada pelos cuidadores e contexto em geral, estando apta a aprender
qualquer Língua. A
linguagem é processada em vários locais diferentes do
cérebro humano,
especialmente na área
de Broca,
na área
de Wernick e nas áreas associativas do córtex.
Os
recém-nascidos
desenvolvem as funções de fala e linguagem através de processos tão
naturais como mastigar e engolir (deglutição). A experimentação das suas
estruturas através de variados movimentos, resultará em produção de sons
(vocalizações) que, porventura tenderão a parecer-se com sílabas. O
conhecimento que os bebés têm sobre as entidades e as relações entre
elas no mundo, cresce com a interação dele com o seu meio social. Uma
vez que a linguagem é uma ferramenta social, os cuidadores terão um
papel fundamental na aquisição de linguagem verbal. As rotinas dos
cuidadores tornam a criança capaz de prever eventos, e da mesma forma, o
discurso destes nessas situações também se torna mais previsível e
compreensível (contextualização).
Em
termos
pragmáticos, adolescentes e adultos possuem competências linguistas que
lhes permite selecionar, entre inúmeras estratégias comunicativas,
aquelas que encaixam melhor nas situações em que se encontrarem. Mas com
os falantes menos desenvolvidos, esta competência é menos eficiente.
A
linguagem num adulto é caracterizada pelo usado de variados registos de
fala. O facto de terem uma profissão que
requer
determinadas competências linguísticas e terminologias próprias (jargon
ou gíria), apenas compreendida por quem conhece e trabalha no sector,
demonstra o poder da comunicação. A pertença a diferentes grupos, raça,
etnia ou orientação sexual, determina o estilo de linguagem utilizado.
A
linguagem compreende informações extra-linguisticas dos interlocutores e
contexto, como a disposição no espaço (proxémia), centrar da atenção num
mesmo foco (atenção conjunta), contacto ocular, postura, expressão
facial e contacto corporal. Estas são importantes para a perceção de
como o individuo se enquadra no contexto e qual a sua relação com os
intervenientes. Tal como o feedback verbal que é essencial para uma
conversação, visto que permite
perceber
se o outro está a acompanhar, e se não, realizar as devidas modificações
para adaptar o discurso.
A
capacidade
de utilizar linguagem é uma das principais características que
distinguem o ser humano dos outros animais, é também por isso um dos
maiores desafios de uma criança, pois a linguagem é essencialmente uma
atividade social e não apenas cognitiva. Esta advém da nossa necessidade
de comunicar, perceber e interagir com o mundo exterior.
Cientificamente,
a linguagem subdivide-se em cinco/seis grandes grupos, que regem os
diferentes domínios da mesma, são estes o conteúdo, a forma e a função:
Semântica
- interpretação das expressões linguísticas, ou
seja, do seu significado. Numa fase inicial, a criança tem de associar
um sinal acústico a um objeto, portanto, a interação direta com o meio é
essencial e é possível considerar que este processo se dá de modo
construtivo, mais propriamente numa relação de
interação-cognição-linguagem. A apreensão de um novo significado faz-se
por mapeamento pragmático- associação dinâmica entre ícone, índice e
símbolo. Exemplificando, ao pensar numa bola, o ícone seria a imagem da
própria bola, o índice seria o seu movimento ao saltar e o símbolo a
palavra bola. Esta capacidade de associar um símbolo abstrato a um
objeto designa-se abstração e permite a formação de um léxico interno
que é a base das construções linguísticas.
Fonologia
- conhecimento dos sons e das sílabas e dos
sons que constituem as palavras. Esta consciência implica a competência
de manipular os sons, para criar novas palavras e é um bom avaliador da
capacidade de soletrar do indivíduo. Competências como a aliteração,
ritmo, segmentação, identificação e ‘blendig’ (criar palavras através de
sons isolados) fazem parte da consciência fonológica de cada individuo.
Na aprendizagem da leitura e escrita as letras, embora sejam desenhos
gráficos da Língua, são desenhos que representam (e ativam) sons e que,
por isso, têm de ser processadas através de códigos
fonológicos que, por sua vez, utilizam um circuito especializado para
este tipo de informações – o circuito fonológico.
Morfo-sintaxe
– a morfologia estuda a forma da palavra, a sua
origem e tendo em atenção sufixos, prefixos, raiz, derivação, radicais,
concordância em género, número e verbal, entre outros. A sintaxe tem em
atenção a integração das palavras na frase e a relação entre elas, tipos
de frases, conetores e organização temporo-espacial dos vários
elementos. A associação das duas áreas advém da sua estreita relação, na
medida em que o significado de uma frase é influenciado pelas palavras
que o compõem, embora sejam duas áreas distintas da linguagem.
Classe
de Palavras – classificação das palavras quanto
ao seu grupo, entre substantivos, adjetivos,
advérbios, verbos, conjunções, interjeições, preposições, artigos,
numerais e pronomes. Existem autores que inserem esta área na
Morfologia, não a subdividindo.
Pragmática
– domínio da linguagem utilizada nos seus
diferentes contextos, considerando a influência desta no ato
comunicativo e interlocutores. Tem em atenção a componente
extralinguística e estuda o funcionamento da comunicação em termos
linguísticos, como o uso de diferentes tipos de linguagem pelo mesmo
individuo em diferentes contextos. A adaptação pragmática está
relacionada com o grau de maturação do sistema linguístico, pois recorre
a uma análise das escolhas lexicais e inferências de significados
comunicativos. Possibilita a interação social e a comunicação sem falhas
relacionais.
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