Ciências Médicas

Medicina

Linguagem

Autor: Silvana Costa

Licenciatura em Terapia da Fala

Data de criação: 03/04/2015

Resumo: Apresentação do conceito de Linguagem... A linguagem é o uso de um sistema comunicativo específico que compreende regras específicas e (...)

Palavras chave:  medicina

Importante: os textos desta secção são meramente descritivos e não constituem nem substituem aconselhamento médico.

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Conceito de Linguagem

A linguagem é o uso de um sistema comunicativo específico que compreende regras específicas e que rege as diferentes Línguas e fala dos povos, sendo que a base de desenvolvimento linguístico de cada um deles é semelhante.

Portanto a linguagem dá vida ao pensamento, mas o pensamento e a linguagem têm origens distintas. Inicialmente o pensamento é não-verbal e a linguagem não intelectual, sendo a palavra por si só um ato verbal do pensamento, ou seja, constitui uma ampliação implícita do objeto a que se refere. Assim, o significado dessa palavra constitui um ato de pensamento, no entanto não se pode negar que o significado também faz parte da linguagem por ser indissociável da palavra, visto que a palavra sem significado é meramente um som exterior ao contexto linguístico. Deste modo, conclui-se que «(…) o significado pode ser visto simultaneamente como um fenómeno de natureza verbal e como um fenómeno cognitivo.» (Vygotsky).

Na ausência de conceitos não é possível a compreensão, ou melhor, sem qualquer meio de representação, o pensamento por si só não será possível. Na realidade, um bebé numa etapa intra-uterina, apenas perceciona sensações que armazena na memória, para depois, quando nascer, colocar no vasto compêndio de significados que irá adquirir. O seu pensamento é apenas preenchido pelas experiências intra-uterinas, ainda que muitas vezes os estímulos venham do exterior (ex: sons, luz, etc).

Todos nascemos com a capacidade para adquirir linguagem, teremos portanto, um conhecimento pré-programado sobre o tipo de estruturas que são possíveis em muitas Línguas do mundo (Teoria Inatista). Fundamentalmente, o desenvolvimento da linguagem é rápido e notório nos primeiros anos de vida de uma criança com um desenvolvimento normal. Neste processo, a criança desenvolve um esforço individual mas é também ativamente estimulada pelos cuidadores e contexto em geral, estando apta a aprender qualquer Língua. A linguagem é processada em vários locais diferentes do cérebro humano, especialmente na área de Broca, na área de Wernick e nas áreas associativas do córtex.

 Os recém-nascidos desenvolvem as funções de fala e linguagem através de processos tão naturais como mastigar e engolir (deglutição). A experimentação das suas estruturas através de variados movimentos, resultará em produção de sons (vocalizações) que, porventura tenderão a parecer-se com sílabas. O conhecimento que os bebés têm sobre as entidades e as relações entre elas no mundo, cresce com a interação dele com o seu meio social. Uma vez que a linguagem é uma ferramenta social, os cuidadores terão um papel fundamental na aquisição de linguagem verbal. As rotinas dos cuidadores tornam a criança capaz de prever eventos, e da mesma forma, o discurso destes nessas situações também se torna mais previsível e compreensível (contextualização).

Em termos pragmáticos, adolescentes e adultos possuem competências linguistas que lhes permite selecionar, entre inúmeras estratégias comunicativas, aquelas que encaixam melhor nas situações em que se encontrarem. Mas com os falantes menos desenvolvidos, esta competência é menos eficiente.

A linguagem num adulto é caracterizada pelo usado de variados registos de fala. O facto de terem uma profissão que requer determinadas competências linguísticas e terminologias próprias (jargon ou gíria), apenas compreendida por quem conhece e trabalha no sector, demonstra o poder da comunicação. A pertença a diferentes grupos, raça, etnia ou orientação sexual, determina o estilo de linguagem utilizado.

A linguagem compreende informações extra-linguisticas dos interlocutores e contexto, como a disposição no espaço (proxémia), centrar da atenção num mesmo foco (atenção conjunta), contacto ocular, postura, expressão facial e contacto corporal. Estas são importantes para a perceção de como o individuo se enquadra no contexto e qual a sua relação com os intervenientes. Tal como o feedback verbal que é essencial para uma conversação, visto que permite perceber se o outro está a acompanhar, e se não, realizar as devidas modificações para adaptar o discurso.

A capacidade de utilizar linguagem é uma das principais características que distinguem o ser humano dos outros animais, é também por isso um dos maiores desafios de uma criança, pois a linguagem é essencialmente uma atividade social e não apenas cognitiva. Esta advém da nossa necessidade de comunicar, perceber e interagir com o mundo exterior.

Cientificamente, a linguagem subdivide-se em cinco/seis grandes grupos, que regem os diferentes domínios da mesma, são estes o conteúdo, a forma e a função:

Semântica - interpretação das expressões linguísticas, ou seja, do seu significado. Numa fase inicial, a criança tem de associar um sinal acústico a um objeto, portanto, a interação direta com o meio é essencial e é possível considerar que este processo se dá de modo construtivo, mais propriamente numa relação de interação-cognição-linguagem. A apreensão de um novo significado faz-se por mapeamento pragmático- associação dinâmica entre ícone, índice e símbolo. Exemplificando, ao pensar numa bola, o ícone seria a imagem da própria bola, o índice seria o seu movimento ao saltar e o símbolo a palavra bola. Esta capacidade de associar um símbolo abstrato a um objeto designa-se abstração e permite a formação de um léxico interno que é a base das construções linguísticas.

 Fonologia - conhecimento dos sons e das sílabas e dos sons que constituem as palavras. Esta consciência implica a competência de manipular os sons, para criar novas palavras e é um bom avaliador da capacidade de soletrar do indivíduo. Competências como a aliteração, ritmo, segmentação, identificação e ‘blendig’ (criar palavras através de sons isolados) fazem parte da consciência fonológica de cada individuo. Na aprendizagem da leitura e escrita as letras, embora sejam desenhos gráficos da Língua, são desenhos que representam (e ativam) sons e que, por isso, têm de ser processadas através de códigos fonológicos que, por sua vez, utilizam um circuito especializado para este tipo de informações – o circuito fonológico.

Morfo-sintaxe – a morfologia estuda a forma da palavra, a sua origem e tendo em atenção sufixos, prefixos, raiz, derivação, radicais, concordância em género, número e verbal, entre outros. A sintaxe tem em atenção a integração das palavras na frase e a relação entre elas, tipos de frases, conetores e organização temporo-espacial dos vários elementos. A associação das duas áreas advém da sua estreita relação, na medida em que o significado de uma frase é influenciado pelas palavras que o compõem, embora sejam duas áreas distintas da linguagem.

Classe de Palavras – classificação das palavras quanto ao seu grupo, entre substantivos, adjetivos, advérbios, verbos, conjunções, interjeições, preposições, artigos, numerais e pronomes. Existem autores que inserem esta área na Morfologia, não a subdividindo. 

Pragmáticadomínio da linguagem utilizada nos seus diferentes contextos, considerando a influência desta no ato comunicativo e interlocutores. Tem em atenção a componente extralinguística e estuda o funcionamento da comunicação em termos linguísticos, como o uso de diferentes tipos de linguagem pelo mesmo individuo em diferentes contextos. A adaptação pragmática está relacionada com o grau de maturação do sistema linguístico, pois recorre a uma análise das escolhas lexicais e inferências de significados comunicativos. Possibilita a interação social e a comunicação sem falhas relacionais.

 

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