Conceito de Hipertensão Arterial
A Hipertensão Arterial designa uma
elevação excessiva da pressão arterial, acima dos valores de referência
para a população em geral, sendo considerada como uma das doenças mais
comuns do mundo moderno.
A tensão arterial, ou pressão arterial,
pode ser definida como a pressão que o sangue exerce nas paredes das
artérias onde circula. A tensão arterial sistólica (TAS), ou máxima,
refere-se ao valor alcançado durante a contracção do coração (sístole),
enquanto a tensão arterial diastólica (TAD), ou mínima, é o valor
alcançado com a distensão e relaxamento do coração. Quando se avalia a
tensão arterial deve ter-se em consideração estes dois parâmetros.
A tensão arterial pode ser medida
utilizando o método auscultatório (que utiliza esfigmomanómetro e
estetoscópio) ou, de uma forma mais simples, um tensiómetro automático.
A técnica de medição começa com a insuflação (manual ou automática) de
uma braçadeira colocada no braço ao nível do coração, com uma pressão
acima da TAS esperada. Quando a medição é feita com recurso ao
esfigmomanómetro, utiliza-se um estetoscópio colocado sobre a artéria
braquial para ouvir os sons de Korotkov enquanto o ar da braçadeira é
esvaziado. O primeiro som que é ouvido corresponde à TAS. Os sons
mantêm-se até que a pressão iguala a TAD, desaparecendo nesse momento.
Os tensiómetros automáticos realizam todo este processo automaticamente,
existindo dispositivos que fazem a medição no braço e outros que fazem a
medição no pulso. A medição da tensão arterial deve ser realizada em
repouso, após 3 a 5 minutos de descanso, com o indivíduo sentado e sem
falar.
Actualmente
considera-se que os valores normais de tensão arterial, para um adulto
saudável, são para a TAS (máxima) entre 100 e 139 mm HG e para a TAD
(mínima) entre 60 e 89 mm Hg. Estes valores de referência terão de ser
revistos nos casos em que o indivíduo possua outros factores de risco
cardiovascular, como por exemplo obesidade, diabetes,
hipercolesterolémia, tabagismo… Quando um indivíduo apresenta em
medições repetidas, efectuadas em ambiente clínico, valores acima
destes, considera-se que tem Hipertensão.
Para valores de TAS entre 130 e 139 mm HG
e TAD entre 85 e 89 mm HG, considera-se que há uma situação de Tensão
Arterial Normal Elevada. Sendo casos que normalmente podem evoluir para
Hipertensão devem ser vigiados e fazer-se alguma intervenção clínica.
Como auxílio ao diagnóstico da hipertensão
ou para avaliação das intervenções terapêuticas, podem ser realizadas
medições fora do consultório. Isto permite obter um maior número de
dados e valores mais reais já que a medição é feita no contexto do
dia-a-dia do doente, permitindo ultrapassar os casos de normotensão
mascarada e os casos da chamada “Hipertensão da Bata Branca”, ou seja,
indivíduos que só apresentam valores alterados de Tensão Arterial na
presença de um profissional de saúde. Actualmente existem inúmeros
dispositivos automáticos e muito simples que permitem que o doente faça
a medição a si próprio. Pode ainda ser necessário realizar medições ao
longo do dia-a-dia do doente e neste caso o indivíduo utiliza um
dispositivo durante 24h que vai fazendo medições regulares, permitindo
conhecer o perfil de valores reais durante a vida quotidiana.
A prevalência de Hipertensão é bastante
elevada na Europa, sendo considerada um dos factores associado ao risco
cardiovascular, ou seja, risco de surgirem eventos cardíacos ou
vasculares com uma grande morbilidade e mortalidade associadas. Em
Portugal, um estudo de 2013 inserido no Programa Nacional para as
Doenças Cérebro-Cardiovasculares mostrou que a hipertensão apresenta uma
prevalência de 26,9%, sendo que destes apenas 35,6% têm a doença
controlada. A grande maioria dos doentes são idosos (72%), no entanto o
estudo mostra também que a doença surge com frequência em faixas etárias
cada vez mais baixas.
Valores elevados de tensão arterial podem
dar alguns sintomas como dores de cabeça, tonturas, cansaço ou
mau-estar. No entanto, na maioria dos casos não surge qualquer sintoma
ou são associados a outra causa, fazendo com que a doença não seja
diagnosticada precocemente. Apenas a medição regular da tensão arterial
permite a detecção do problema.
A partir do momento em que há valores de
tensão arterial acima do normal, o indivíduo deve ser aconselhado fazer
alterações no estilo de vida, nomeadamente:
· Redução do consumo de sal. O consumo de
sal em Portugal é em média 3 a 4 vezes superior ao recomendado. Por
isso, deve ser reduzida gradualmente a adição de sal à alimentação,
podendo ser substituído, por exemplo por ervas aromáticas. Além disso
deve ter-se em atenção os alimentos processados que normalmente também
contêm quantidades excessivas de sal adicionado.
· Caso exista excesso de peso, redução do
peso corporal. Em muitas situações, apenas a redução do peso é
suficiente para baixar a tensão mais próximos do normal.
· Redução do consumo de álcool
·
Combate ao sedentarismo e ao stress
·
Controlo dos níveis de colesterol e
glicémia
·
Cessação tabágica
Em situações mais graves, associado a
estas alterações, pode ser prescrita terapêutica farmacológica.
Normalmente, é uma terapêutica crónica que não cura a doença, mas que
permite manter os valores em níveis considerados normais. Isto significa
que, se o doente parar de tomar o medicamento a tendência é que os
valores voltem a subir. Existem vários grupos farmacoterapêuticos que
reduzem a tensão arterial, devendo ser escolhido pelo médico qual o mais
adequado, consoante a causa da hipertensão, os valores de tensão
arterial registados, outras doenças associadas e factores individuais de
cada doente.
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